Olá Adriano,
desde já agradecemos pela atenção e presteza em nos responder a algumas
perguntas a respeito do livro espírita “Madame Kardec”
que foi recentemente lançado e que faz parte da seleção de Fevereiro/17
para os sócios do Clube do Livro Letra Espírita.
Agradeço muitíssimo a confiança em nosso livro Madame
Kardec, ciente de que estamos apresentando, aos
leitores do Clube do Livro Letra Espírita, uma literatura
genuinamente espírita e de qualidade.
A seguir algumas perguntas
formuladas por nossa equipe com base nas curiosidades dos nossos leitores
sobre a obra literária em comento.
1 - Quando você tornou-se
espírita e como descobriu o dom de escrever livros? Por que optou
por escrever obras espíritas?
Me tornei espiritista nos anos 2000, na época
da faculdade. Foi uma situação bastante inusitada, pois “desafiei” os
espíritos a me transmitirem uma comunicação mediúnica na
biblioteca da universidade. Daí, eu apanhei uma caneta e um pedaço de papel e
me concentrei com muito ceticismo para um transe mediúnico – sem
saber ao certo o que estava fazendo. Foi quando a minha mão
direita (involuntariamente) começou a se movimentar e a
escrever um pensamento muito diferente do meu. O acontecimento mecânico
me chocou por horas. Ao sair da universidade,
passei numa papelaria e comprei telas e tintas, e o ato
se repetiu com muito mais intensidade. Em casa, logo
me chamaram de médium e fui orientado a procurar a Federação
Espírita do Estado de São Paulo. Permaneci nessa Instituição por quatro anos,
fazendo os cursos de evangelização e de educação
mediúnica. Minha chegada no Espiritismo foi assim:
um misto de curiosidade com desafio.
Não enxergo, necessariamente, o ato de escrever
livros como um dom. Vejo mais como uma paixão pela
literatura espírita de qualidade, reforçada por uma
entrega desinteressada em prol da Doutrina-Luz. É o que
venho fazendo e é o que vem funcionando, sem
pretensão alguma, em nome da verdade mais
próxima da verdade.
A opção por escrever obras espíritas surgiu em 2002, quando
senti a necessidade de se pesquisar sobre a pintura
mediúnica que vinha exercendo à época, pois eu
tinha muitas dúvidas sobre essa mediunidade. Foi aí que surgiu o nosso
primeiro livro, Pintura Mediúnica – A visão
espírita em ampla pesquisa (Mythos Books), coletânea
espírita que nos facilitou o acesso à participação na
primeira pesquisa científica mundial sobre pintura mediúnica e neuroimagem, que
aconteceu em 2013, na Universidade de Aachen, na Alemanha.

A principal motivação surgiu ao
constatarmos que a biografia de Amélie-Gabrielle Boudet estava
completamente apagada dos anais do Espiritismo mundial, e
que os espíritas haviam se esquecido da importância
que a esposa de Allan Kardec exerceu na Doutrina
Espírita, seja como espírita empreendedora,
seja como a continuadora do legado espírita deixado pelo
seu marido. Por meio de nossas pesquisas, fomos
descobrindo que desapareceram (proposi
talmente) com
a história de Amélie, ou seja, ocultaram a sua biografia
num descaso sem tamanho. Tudo por conta dos
interesses escusos de um grupo de “amigos” de Allan Kardec,
os que se sentiram incomodados com as muitas iniciativas
espíritas de Amélie. Em verdade: quiseram riscá-la
do mapa do Espiritismo, mas não conseguiram...
O que pretendemos transmitir ao leitor, por meio da obra Madame
Kardec é, justamente, a relevante militância da
mulher mais importante do Espiritismo francês do século 19. Madame
Kardec, como empreendedora inteligente,
soube conduzir o legado espírita de maneira exemplar, cuidando da imagem
póstuma de Allan Kardec e preservando as dez
obras fundamentais do Espiritismo, principalmente contra
as deturpações em seus originais, que se tornaram uma sorrateira
ameaça.
Talvez, o principal destaque do trabalho
discreto de Amélie está na defesa de nossa
Doutrina. Ele teve que enfrentar os muitos “reformadores”
sincréticos de plantão, que desejavam imiscuir teorias e sistemas
esdrúxulos na água potável do Espiritismo. Muitas dessas
enxertias
atentavam contra os preceitos espíritas, como
fora o caso dos conceitos roustenistas e teosóficos
(ambos aceitam, por exemplo, a retrogradação dos
espíritos por meio da metempsicose), concepções que
surgiram com a pretensão de “atualizar” a
Doutrina ou mesmo “modernizar” Allan Kardec. Um
aspecto contraditório nisso tudo foi
que os próprios “espíritas” franceses consentiram essas
aproximações difamatórias, o que ocasionou um
fenômeno irreversível de cisão que, infelizmente, vem se
repetindo nos dias de hoje, dentro do sincrético
Movimento Espírita Brasileiro. Enfim, o passado espírita
se repete...
3 - Como foi realizada
a elaboração e o desenvolvimento da obra? Houve orientações da
Espiritualidade? Em caso afirmativo, poderia nos contar como ocorreram?
Madame Kardec é um trabalho de pesquisa
espírita, não se trata de romance ou obra de ficção.
Procuramos compor uma leitura leve e agradável, indo direto aos assuntos,
sem rodeiros. O livro levou cinco anos para ficar pronto, haja vista a
enorme dificuldade que encontramos para localizar,
no Brasil e no exterior, fontes primárias e secundárias
(inéditas) sobre a esposa do mestre. Tudo foi muito difícil, pois os
historiadores espíritas do passado nos fizeram o grande favor de estilhaçar
a biografia de Amélie, tendo nós, na atualidade, que juntar esses
cacos biográficos, a fim de preservarmos a história
que quase se apagou e o trabalho espírita de nossa
biografada.
No decorrer das pesquisas, descobrimos a
existência de Madame Berthe Fropo, mulher forte que fora amiga íntima de
Amélie, e que a ajudou na manutenção da coerência
doutrinária depois da morte de Allan Kardec. Durante a escrita da
nossa obra, pressentimos, por diversas vezes, a
aproximação do Espírito Fropo, nos sugerindo orientações sobre os
caminhos literários que a biografia de Madame
Kardec podia tomar. Inclusive, é da valente
Fropo a belíssima mensagem espiritual que abre a nossa obra,
psicografada pela médium Sandra Carneiro, de Atibaia-SP.
4 – Mensalmente
são lançadas dezenas de obras espíritas, mas poucas alcançam tanta
repercussão como “Madame Kardec” está tendo nas redes sociais. Você esperava
tamanha repercussão?
Acredito que a nossa obra vem ganhando
tal repercussão por conta do ineditismo da pesquisa
biográfica sobre Madame Kardec, como também pelo trabalho
editorial realizado pela Vivaluz Editora Espírita.
Eles produzem livros espíritas como obras de arte, com projetos
gráficos impecáveis, como deveria ser toda obra espírita,
pois os nossos leitores merecem um produto de alta qualidade.
O nosso trabalho alcança popularidade porque
há nele muitas verdades, revelando uma
Madame Kardec em sua plenitude. A obra não engana
os seus leitores com distorções
historiográficas, muito menos maquia os fatos
espíritas do passado, já que é dever de todo historiador não ser
conivente com falsários e exploradores que
se passam (até hoje) por “benfeitores” do
Espiritismo francês. Enfim, o livro deposita
valores espíritas em quem realmente os merece: Madame Kardec,
Berthe Fropo e Gabriel Delanne são exemplos de espíritas merecedores
desses valores, principalmente pela vigilância redobrada
na coerência doutrinária – em respeito ao legado espírita que Allan Kardec nos
deixou.
5 - Madame Kardec é
considerada uma das figuras femininas mais importantes para a história
do Espiritismo que em modo geral sempre teve homens como grandes
expositores. Como você vê a relevância da mulher à frente da Divulgação
Doutrinária?
Vejo como atos de conquista
e persistência femininas. Hoje, nos
encontramos num cenário muito diferente, onde a mulher
espírita tem liberdade e voz ativa, é escritora respeitada,
conferencista competente, dirigente eficiente e até vice-presidente
de instituições espíritas respeitadas, como é o caso atual
da Federação Espírita Brasileira. Sou otimista em acreditar
que, em menos de uma década, uma mulher assumirá a presidência da FEB,
posição secular que até hoje foi absorvida apenas por homens.
Tempos atrás, essa presença feminina em cargos importantes no meio espírita
nacional ou internacional era muito subjetiva e, no Espiritismo
francês do século 19, pouco provável, também por
conta dos preconceitos de gênero.
Fizemos um levantamento para descobrir quantas
mulheres espíritas francesas frequentaram a antiga Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, presidida por Kardec nos idos de 1860. Descobrimos
que não passavam de meia dúzia. Na década de 1880, esse
número subiu para uma dúzia de militantes, diante de centenas
de sócios homens, muitos desses, machistas e com
ideias preconcebidas sobre como deveria se comportar a mulher
na sociedade francesa.
Amélie-Gabrielle Boudet foi rara exceção entre
as mulheres espíritas francesas, sempre
respeitada pelo marido Allan Kardec, que compreendia muitíssimo bem a
sua importância. Isso deixou de acontecer quando Kardec
desencarnou, depois de março de 1869.
Viúva Kardec, acabrunhada, passou a ser extremamente
desrespeitada por aqueles mesmos “amigos” íntimos do mestre,
sendo, inclusive, assediada moralmente pelo seu mandatário, o
senhor Pierre-Gaëtan Leymarie, que foi o braço direito
do mestre. Leymarie, como teósofo e
roustenista convicto, sentiu-se “o sucessor de Kardec”
sem o ser, o que o levou a subestimar as iniciativas espíritas
da idosa viúva, a ponto de ignorá-la completamente
como a responsável pela Revista Espírita,
pela Livraria Espírita e demais ações
que criou e desempenhou, onde seguia como a detentora do
legado kardeciano. Infelizmente, encontramos algumas
citações de fontes confiáveis sobre o assédio moral
praticado por esse sincretista, o que levou a lúcida Amélie
a um rápido adoecimento, como relatamos minuciosamente em nosso
livro. Inclusive, as tristes circunstâncias da morte
de nossa biografada têm muitíssima relação com essa montanha de
descaso e assédio moral.
6 - Como você vê o
Movimento Espírita Brasileiro na atualidade com a expansão
da literatura espírita?
A literatura genuinamente espírita sempre será
o maior patrimônio da nossa cultura espírita. O que vemos hoje,
no Movimento Espírita Brasileiro, é uma enxurrada de
literatices se passando por espírita. São as abusivas
pseudo-literaturas espíritas de baixíssima qualidade, até mesmo como literatura
espiritualista.
Há um compromisso importante que o leitor espírita, ou
simpatizante da literatura espírita, deve assumir
como confrade consciencioso: ler de tudo que pousar em
suas mãos, mas prezando sempre a qualidade
doutrinária em Kardec. Isso equivale a dizer que as
obras que contradizerem os preceitos espíritas
devem ser compreendidas como literaturas não
espíritas, e que essas não deveriam
ser vendidas em livrarias espíritas, não
deveriam ser aceitas em bibliotecas espíritas ou
mesmo em feiras do livro espírita. Neste sentido também,
sempre haverá a necessidade de seleção editorial rigorosa
por parte dos dirigentes e/ou responsáveis por
departamentos vitais nas casas
espíritas. O que vem acontecendo ultimamente
é uma verdadeira inversão de valores: obras não
espíritas se passando por espíritas e sendo aceitas no
Espiritismo sem critério algum. Isso incorre numa
incoerência coletiva: a de estarmos sendo
coniventes com esses rasos literatismos, permitindo
a adoção e a prática de seus conceitos ou
sistemas que impugnam o que já foi estabelecido como
preceito espírita pelos espíritos superiores nas obras fundamentais
da Doutrina Espírita.
Por fim, não façamos do incorruptível Espiritismo
caricatura grosseira, permitindo a
infiltração dos caracteres maléficos dessas
literatices oportunistas.
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