Pelo Espírito Ângelo Inácio
Livro: Aruanda
A existência
dos elementais, segundo os antigos anciãos e sábios do passado, explicava a
dinâmica do universo. Como seres reais, eram responsabilizados pelas mudanças
climáticas e correntes marítimas, pela precipitação da chuva ou pelo fato de
haver fogo, entre muitos outros fenômenos da natureza. Apesar de ser uma
explicação mitológica, própria da maneira pela qual se estruturava o
conhecimento na época, eles não estavam enganados. Tanto assim que, apesar de a
investigação científica não haver diagnosticado a existência concreta desses
seres através de seus métodos, as explicações dadas a tais fenômenos não
excluem a ação dos elementais. Pelo contrário.
Os sábios da Antiguidade acreditavam que o mundo
era formado por quatro elementos básicos: terra, água, ar e fogo. Não obstante,
com o transcorrer do tempo, a ciência viesse a contribuir com maiores
informações a respeito da constituição da matéria, não tornou o conhecimento
antigo obsoleto. A medicina milenar da China, por exemplo, que já começa a ser
endossada pelas pesquisas científicas atuais, igualmente identifica os quatro
elementos. Sob o ponto de vista da magia, os quatro elementos ainda permanecem,
sem entrar em conflito com as explicações científicas modernas. Os magistas e
ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista
desses elementos, considerando-os como forças da natureza ou tipos de energia.
Então os elementais não possuem consciência de si
mesmos? São apenas energia? Não. Os seres elementais, irmãos nossos na criação
divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos dizer que sua
consciência está em elaboração. Apesar disso, eles se agrupam em famílias,
assim como os elementos de uma tabela periódica.
Os elementais são entidades espirituais
relacionadas com os elementos da natureza. Lá, em meio aos elementos,
desempenham tarefas muito importantes. Na verdade, não seria exagero dizer
inclusive que são essenciais à totalidade da vida no mundo. Através dos
elementais e de sua ação direta nos elementos é que chegam às mãos do homem as
ervas, flores e frutos, bem como o oxigênio, a água e tudo o mais que a ciência
denomina como sendo forças ou produtos naturais. Na natureza, esses seres se
agrupam segundo suas afinidades.
Seriam então esses agrupamentos aquilo que se
chama de família? Isso mesmo! Essas famílias elementais, como as denominamos,
estão profundamente ligadas a este ou aquele elemento: fogo, terra, água e ar,
conforme a especialidade, a natureza e a procedência de cada uma delas.
Os elementais já estiveram encarnados na Terra ou
em outros mundos? Encarnações humanas, ainda não. Eles procedem de uma larga
experiência evolutiva nos chamados reinos inferiores e, como princípios
inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, que somente Deus
conhece. Hoje, eles desempenham um papel muito importante junto à natureza como
um todo, inclusive auxiliando os encarnados nas reuniões mediúnicas e os
desencarnados sob cuja ordem servem.
Como podem auxiliar em reuniões mediúnicas? Como
expliquei, podem-se classificar as famílias dos elementais de acordo com os
respectivos elementos. Junto ao ar, por exemplo, temos a atuação dos silfos ou
das sílfides, que se apresentam em estatura pequena, dotados de intensa
percepção psíquica. Eles diferem de outros espíritos da natureza por não se
apresentarem sempre com a mesma forma definida, permanente. São constituídos de
uma substância etérea, absorvida dos elementos da atmosfera terrestre. Muitas
vezes apresentam-se como sendo feitos de luz e lembram pirilampos ou raios.
Também conseguem se manifestar, em conjunto, com um aspecto que remete aos
efeitos da aurora boreal ou do arco-íris.
Disso se depreende, então, que os silfos são os
mais evoluídos entre todas as famílias de elementais? Eu diria apenas que os
silfos são, entre todos os elementais, os que mais se assemelham às concepções
que os homens geralmente fazem a respeito de anjos ou fadas. Correspondem às
forças criadoras do ar, que são uma fonte de energia vital poderosa.
Então eles vivem unicamente na atmosfera? Nem
todos. Muitos elementais da família dos silfos possuem uma inteligência
avançada e, devido ao grau de sua consciência, oferecem sua contribuição para
criar as correntes atmosféricas, tão preciosas para a vida na Terra.
Especializaram-se na purificação do ar terrestre e coordenam agrupamentos
inteiros de outros elementais. Quanto à sua contribuição nos trabalhos práticos
da mediunidade, pode-se ressaltar que os silfos auxiliam na criação e
manutenção de formas-pensamento, bem como na estruturação de imagens mentais.
Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares diretos, quando há a necessidade
de reeducação de espíritos endurecidos.
E os outros elementais? Duas classes de elementais
que merecem atenção são as ondinas e as ninfas, ambas relacionadas ao elemento
água. Geralmente são entidades que desenvolvem um sentimento de amor muito
intenso. Vivem no mar, nos lagos e lagoas, nos rios e cachoeiras e, na umbanda,
são associadas ao orixá Oxum. As ondinas estão ligadas mais especificamente aos
riachos, às fontes e nascentes, bem como ao orvalho, que se manifesta próximo a
esses locais. Não podemos deixar de mencionar também sua relação com a chuva,
pois trabalham de maneira mais intensa com a água doce. As ninfas, elementais
que se parecem com as ondinas, apresentam-se com a forma espiritual envolvida
numa aura azul e irradiam intensa luminosidade.
Sendo assim, qual é a diferença entre as ondinas e
as ninfas, já que ambas são elementais das águas? A diferença básica entre elas
é suavidade e a doçura das ninfas, que voam sobre as águas, deslizando
harmoniosamente, como se estivessem desempenhando uma coreografia aquática.
Para completar, temos ainda as sereias, personagens mitológicos que ilustraram
por séculos as histórias dos marinheiros. Na realidade, sereias e tritões são
elementais ligados diretamente às profundezas das águas salgadas. Possuem
conotação feminina e masculina, respectivamente. Nas atividades mediúnicas, são
utilizados para a limpeza de ambientes, da aura das pessoas e de regiões
astrais poluídas por espíritos do mal.
Você pensou que tudo isso não passasse de lenda.
Mas devo lhe afirmar que, em sua grande maioria, as lendas e histórias
consideradas como folclore apenas encobrem uma realidade do mundo astral, com
maior ou menor grau de fidelidade. É que os homens ainda não estão preparados
para conhecer ou confrontar determinadas questões.
E as fadas? Bem, podemos dizer que as fadas sejam
seres de transição entre os elementos terra e ar. Note-se que, embora tenham
como função cuidar das flores e dos frutos, ligados à terra, elas se apresentam
com asas. Pequenas e ágeis, irradiam luz branca e, em virtude de sua extrema
delicadeza, realizam tarefas minuciosas junto à natureza. Seu trabalho também
compreende a interferência direta na cor e nos matizes de tudo quanto existe no
planeta Terra. Como tarefa espiritual, adoram auxiliar na limpeza de ambientes
de instituições religiosas, templos e casas espíritas. Especializaram-se em
emitir determinada substância capaz de manter por tempo indeterminado as formas
mentais de ordem superior. Do mesmo modo, auxiliam os espíritos superiores na
elaboração de ambientes extra-físicos com aparências belas e paradisíacas. E,
ainda, quando espíritos perversos são resgatados de seus antros e bases
sombrias, são as fadas, sob a supervisão de seres mais elevados, que auxiliam
na reconstrução desses ambientes. Transmutam a matéria astral impregnada de
fluidos tóxicos e daninhos em castelos de luz e esplendor.
Temos ainda as salamandras, que são elementais
associados ao fogo. Vivem ligados àquilo que os ocultistas denominaram éter e
que os espíritas conhecem como fluido cósmico universal. Sem a ação das salamandras
o fogo material definitivamente não existiria. Como o fogo foi, entre os quatro
elementos, o primeiro manipulado livremente pelo homem, e é parte de sua
história desde o início da escalada evolutiva, as salamandras acompanham o
progresso humano há eras. Devido a essa relação mais íntima e antiga com o
reino hominal, esses elementais adquiriram o poder de desencadear ou
transformar emoções, isto é, podem absorvê-las ou inspirá-las. São hábeis ao
desenvolver emoções muito semelhantes às humanas e, em virtude de sua ligação
estreita com o elemento fogo, possuem a capacidade de bloquear vibrações
negativas, possibilitando que o homem usufrua de um clima psíquico mais tranquilo.
Nas tarefas
mediúnicas e em contato com o comando mental de médiuns experientes, as
salamandras são potentes transmutadores e condensadores de energia. Auxiliam
sobremaneira na queima de objetos e criações mentais originadas ou associadas à
magia negra. Os espíritos superiores as utilizam tanto para a limpeza quanto
para a destruição de bases e laboratórios das trevas. Habitados por
inteligências do mal, são locais-chave em processos obsessivos complexos, onde,
entre diversas coisas, são forjados aparelhos parasitas e outros artefatos.
Objetos que, do mesmo modo, são destruídos graças à atuação das salamandras.
E os duendes e gnomos? Também existem ou são obras
da imaginação popular? Sem dúvida que existem! Os duendes e gnomos são
elementais ligados às florestas e, muitos deles, a lugares desertos. Possuem
forma anã, que lembra o aspecto humano. Gostam de transitar pelas matas e
bosques, dando sinais de sua presença através de cobras e aves, como o melro, a
graúna e também o chamado pai-do-mato. Excelentes colaboradores nas reuniões de
tratamento espiritual, são eles que trazem os elementos extraídos das plantas,
o chamado bioplasma. Auxiliam assim os espíritos superiores com elementos
curativos, de fundamental importância em reuniões de ectoplasmia e de fluidificação
das águas.
Temos ainda os elementais que se relacionam à
terra, os quais chamamos de avissais. Geralmente estão associados a rochas,
cavernas subterrâneas e, vez ou outra, vêm à superfície. Atuam como
transformadores, convertendo elementos materiais em energia. Também são
preciosos coadjuvantes no trabalho dos bons espíritos, notadamente quando há a
necessidade de criar roupas e indumentárias para espíritos materializados. Como
estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a
re-constituição da aparência perispiritual de entidades materializadas,
inclusive quando perderam a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos
dilacerados.
Não podia imaginar que esses seres tivessem uma
ação tão ampla e intensa.
Os elementais são seres que ainda não passaram
pela fase de humanidade. Oriundos dos reinos inferiores da natureza e mais
especificamente do reino animal, ainda não ingressaram na espécie humana. Por
essa razão trazem um conteúdo instintivo e primário muito intenso. Para eles, o
homem é um deus. É habitual, e até natural, que obedeçam ao ser humano e, nesse
processo, ligam-se â ele intensamente. Portanto, meu filho, todo médium é
responsável pelo bom ou mau uso que faz dessas potências e seres da natureza.
Ondinas, sereias, gnomos e fadas são apenas
denominações de um vocabulário humano, que tão-somente disfarçam a verdadeira
face da natureza extrafísica, bem mais ampla que as percepções ordinárias dos
simples mortais. Em meio à vida física, às experiências cotidianas do ser
humano, enxameiam seres vivos, atuantes e conscientes. O universo todo está
repleto de vida, e todos os seres colaboram para o equilíbrio do mundo. A
surpresa com a revelação dessa realidade apenas exprime nossa profunda
ignorância quanto aos "mistérios" da criação.
As questões relativas aos seres elementais
levantam, ainda, novo questionamento. Os elementais — sejam gnomos, duendes,
salamandras ou quaisquer outros — são seres que advêm de um longo processo
evolutivo e que estagiaram no reino animal em sua fase imediatamente anterior
de desenvolvimento. Portanto, devem ter uma espécie de consciência
fragmentária. Onde e em que momento está o elo de ligação desses seres com a
humanidade? Quer dizer, em que etapa da cadeia cósmica de evolução esses seres
se humanizarão e passarão a ser espíritos, dotados de razão? Até hoje os
cientistas da Terra procuram o chamado "elo perdido". Estão atrás de
provas concretas, materiais da união entre o animal e o ser humano e buscam
localizar o exato momento em que isso teria ocorrido. Em vão. Os espíritos da
natureza, seres que concluíram seu processo evolutivo nos reinos inferiores à
espécie humana, vivem na fase de transição que denominamos elemental.
Entretanto, o processo de humanização, ou, mais precisamente, o instante
sideral em que adquirem a luz da razão e passam a ser espíritos humanos, apenas
o Cristo conhece. Jesus, como representante máximo do Pai no âmbito do planeta
Terra, é o único que possui a ciência e o poder de conceder a esses seres a luz
da razão. E isso não se passa na Terra, mas em mundos especiais, preparados
para esse tipo de transição. Quando soar a hora certa no calendário da
eternidade, esses seres serão conduzidos aos mundos de transição, adormecidos
e, sob a interferência direta do Cristo, acordarão em sua presença, possuidores
da chama eterna da razão. A partir de então, encaminhados aos mundos
primitivos, vivenciarão suas primeiras encarnações junto às humanidades desses
orbes. Esse é o motivo que ocasiona o fracasso da busca dos cientistas:
procuram, na Terra, o elo de ligação, o elo perdido entre o mundo animal e o
humano. Não o encontrarão jamais. As evidências não estão no planeta Terra, mas
pertencem exclusivamente ao plano cósmico, administrado pelo Cristo.
O plano da criação é verdadeiramente grandioso, e
a compreensão desses aspectos desperta em nós uma reverencia profunda ao autor
da vida.
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3 comentários:
Mt bom. Sigamos lendo, aprendendo, compreendendo. Marcel Benedeti aborda o assunto em seu livro Todos os animais merecem o Céu.
Que texto interessante!
IMPRESSIONANTE
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