Marcel Benedi
Como é o sofrimento de um animal quando desencarna vitimado
de um câncer ou um envenenamento?
R: Quando o animal sofre alguma agressão física
ou enfermidade grave, que resulta na perda da vitalidade do corpo e na sua
consequente morte, as lembranças do sofrimento dos momentos derradeiros podem
influir no tempo necessário para a preparação prévia do Espírito animal
reencarnante. No entanto, o sofrimento e a dor são somente percebidos pelo
corpo físico e não pelo Espírito, que não sente dor. Esta é uma interpretação
de nosso sistema nervoso, que pode ser maior para uns e menor para outros e
serve de aprendizado ao Espírito que está estagiando no mundo físico. De
qualquer modo, os animais, como Espíritos encarnados, ficam sujeitos às dores
porque, assim como nós, aprendem muito com as situações de sofrimento, pois
vivemos em um mundo primitivo e a dor ainda é comum. Eles têm mais contato com
ela do que com as alegrias neste planeta. Enfermidades como os cânceres ocorrem
mais frequentemente provocados por nós mesmos. A alimentação inadequada, por
exemplo, é uma das causas. Os envenenamentos acidentais são uma prova para
eles, que aprenderão com isso. Os envenenamentos provocados são também
aprendizados, mas estas dívidas que acumularemos precisarão ser quitadas com
eles posteriormente. O sofrimento dos animais é mais físico do que moral, pois
a sua noção moral ainda é embrionária. Somente aqueles que já possuem
rudimentos de moral (animais superiores como elefantes, golfinhos, alguns
macacos e outros) sofrem assim. Os sofrimentos físicos cessam com a morte do
corpo e as lembranças da dor são quase todas apagadas ou amenizadas. Assim que
desencarnam as dores não são mais percebidas.
Eu queria saber por que sofrem tanto os animais?
R: “O corpo é o instrumento da dor e, se não é
a sua causa primeira, pelo menos é a causa imediata. A alma tem a percepção desta
dor: essa percepção é o efeito” (Livro dos Espíritos).
Os animais são Espíritos encarnados e estão
sujeitos a muitas provas, mesmo que não tenham consciência disso ou nem saibam
o porquê de tanto sofrimento, que somente é percebido pelo corpo por ação do
sistema nervoso, portanto a dor, apesar de não parecer, é ilusória, porque,
caso os meios de sensações do corpo sejam desativados ela deixa de existir. Se
cirurgicamente retirarmos do cérebro o centro da fome, ela deixa de existir; se
retirarmos parte do hipocampo, deixaremos de sentir medo; se aplicarmos
anestésicos não há mais dor; se rompermos os nervos que são sensíveis aos
estímulos da dor ela deixa de existir também. Como percebemos, dor e sofrimento
são interpretações dadas pelo corpo. O Espírito não sente dor.
Se existem órgãos sensoriais no corpo é para
que percebamos as sensações do mundo físico. Se há órgãos sensoriais para dor é
porque a dor tem alguma importância para o Espírito também e a importância
reside no aprendizado de como evitá-la e de fazer evitar a dor aos outros.
Exercitaremos a partir do conhecimento da existência da dor e do sofrimento a
solidariedade e a compaixão. O resultado do aprendizado pode não ser imediato,
mas surtirá o seu efeito cedo ou tarde. No entanto, a dor que importa para
evolução é aquela que vem da Natureza, “porque vem de Deus” (Livro dos
Espíritos), por isso “é necessário distinguir o que é obra de Deus e o que é
obra do Homem”. A dor imposta por um ser humano sobre um animal será cobrada e
deverá ser ressarcida quanto antes por aquele que se tornou um devedor em
relação àquele a quem fez sofrer.
Não consigo entender o porquê do sofrimento dos animais se
eles não têm a consciência de seus atos, como nós, os humanos.
R: No Livro dos Espíritos encontramos:
“Como pode um espírito que em sua origem é simples e ignorante e sem
existência, sem conhecimento de causa ser responsável por essa escolha? - Deus
supre a inexperiência traçando-lhe o caminho que deve seguir, como o fazes para
uma criança desde o berço. Ele o deixa, pouco a pouco, senhor para escolher, à
medida que seu livre-arbítrio se desenvolva”.
O sofrimento faz parte dos meios de fazer
evoluir o Espírito primitivo, que com isso desenvolverá sua consciência. À
medida que os Espíritos, na condição animal por exemplo, expandem sua
consciência pela dor, expandem também sua condição de desenvolver sentimentos
relacionados ao amor ao próximo, tornando-os aptos a entrar em outra faixa
evolutiva da Humanidade.
Na verdade, as condições que determinam o sofrimento
diminuem à medida que desenvolvemos a consciência e não ao contrário. Na
condição humana ainda persiste o sofrimento porque não atingimos o nível ideal
de consciência e, quando atingirmos este nível, a dor desaparecerá de nosso
meio e somente existirá o que for relativo à ausência da dor e do sofrimento.
Sofremos e também os animais porque ainda estamos nos exercitando para
desenvolver esta consciência e, posteriormente, a teremos desenvolvido e
deixaremos de sofrer.
"O sofrimento, nos animais, é um trabalho
de evolução para o princípio de vida que existe neles; adquirem por este modo
os primeiros rudimentos de consciência." (Léon Denis)
Qual a consequência para as pessoas que maltratam os animais
na Espiritualidade?
R: Vivemos neste mundo ainda primitivo e por
isso estamos em um estágio arrasado. Faz parte do nosso aprendizado o convívio
pacífico com nossos companheiros de viagem evolutiva. Entre estes companheiros
estão os animais. Muitas pessoas, por estarem ainda em aprendizado sobre o
convívio com estes companheiros não-humanos, os vêem como seres inferiores e
por isso mesmo crêem, equivocadamente, ter direitos sobre eles. Alguns não
sabem ou não acreditam que sentem dor e sofrem. Outros sabem disso, mas se divertem
infringindo-lhes dor. De acordo com a Lei de Igualdade, os animais são tão
importantes para Deus quanto nós. Não podemos nos colocar acima deles, a ponto
de tê-los como objetos de nosso desfrute. Certamente, aquele que abusa dos
animais, maltratando-os e fazendo-os sofrer, terá de acertar suas contas antes
de continuar a evoluir. A Justiça da Terra pode não ser eficaz contra os
agressores dos animais, mas a Divina não falha. Se formos agressores teremos a
oportunidade de encontrar situações para nos redimir do mal que lhes fizemos e
somente então prosseguiremos com nossa carreira evolutiva. Não por castigo,
pois Deus não castiga ninguém, mas por Misericórdia Divina, que sempre dá
oportunidade ao faltoso de expiar seu erro e aprender com ele.
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6 comentários:
Tenho um remorso imenso porque precisei sacrificar um cãozinho que já estava em nossa casa há quase dez anos.
Ele foi diagnosticado com insuficiência renal crônica e apesar de todo tratamento e dedicação ele foi piorando a cada dia, essa agonia durou mais de seis meses. Até que chegou ao ponto de estar dando bicho de dentro para fora.
Entendemos que seria melhor o sacrifício a ver nosso amiguinho se deteriorando. Ainda hoje não me perdoei apesar de saber que foi para acabar o seu sofrimento.
Como a doutrina entende essa atitude?
O que acontece com a pessoa que mata um cachorro que está em estagio terminal com câncer ?
Lindo... ainda não entendi porque existem humanos que maltratam os animais! Eles só estão aqui para nós alegrar a existência.
Dr Marcel Benedetti obrigada pelo amor e carinho aos nossos irmãozinhos de jornada.
Infelizmente existem, nesse mundo de provas e expiações, pessoas que se comprazem em maltratar os animais. De diversas formas. É comum, quando se trata de maus tratos, pensarmos nos animais de estimação. Convido os irmãos a refletirem acerca de todos os animais do planeta que vivem um verdadeiro holocausto nas mãos dos homens, servindo de vestuário, diversão, cobaias, estimação e alimentação. Não prego que todos sejam vegetarianos porquanto isso é uma decisão pessoal, entretanto vale pensar em uma forma mais sustentável para que os animais possam nos auxiliar nesse planeta. Quem estiver interessado em saber as verdades por de trás da indústria que escraviza esses seres assista ao documentário no YouTube chamado "Terráqueos". Esse vídeo mudou minha forma de ver os animais. Fiquem em paz.
Veio exatamente no momento certo.Minha mãe cuida de gatos e eles foram contaminados com esporotricose,uma doença muito contagiosa entre os próprios gatos e pode passar para o dono. O tratamento é caro,demorado e minha mãe, apesar de não ter condições,vinha tentando há um ano. Ontem ela se viu tendo que sacrificar o primeiro gato.Como o Espiritismo avalia a Eutanásia nos animais,ainda mais qdo há epidemia,como no caso dessa doença? Ainda tem outros gatos na mesma situação e ela está sofrendo muito, pelo sofrimento deles e por ser responsável por essa iniciativa de sacrificá los.
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