Grupo de Estudo Allan Kardec
A
epilepsia é uma das enfermidades mais antigas da humanidade. Na antiga
Babilônia, eram feitas restrições ao casamento de pessoas epilépticas, com o
argumento de que eram possuídas pelo demônio. Já na Idade Média, a epilepsia
era considerada uma doença mental e contagiosa, visão que persiste nos tempos
atuais nas pessoas desinformadas.
Na
Bíblia, encontramos a passagem do “menino epiléptico”, narrada por
Mateus (17: 14 a 19), na qual Jesus, “tendo ameaçado o demônio, fez com que ele
saísse da criança, que foi curada no mesmo instante”. No livro A Gênese, Allan
Kardec explica que a “imensa superioridade do Cristo lhe dava tal autoridade
sobre os espíritos imperfeitos, chamados então de demônios, que lhe bastava
ordenar que se retirassem para que não pudessem resistir a essa injunção”.
Para
nós, espíritos em aprendizado, fazer uma desobsessão é mais complexo.
Precisamos ter uma ajuda espiritual e muito carinho com nossos semelhantes,
pois o verdugo de hoje foi vítima ontem. Para sabermos se o problema é um
processo obsessivo ou carma, devemos analisar os tipos de reencarnação:
expiação, provação e missão. A expiação é o resgate, por meio da dor, de erros
cometidos em outras existências. Pela provação, temos provas voluntariamente
solicitadas pelo espírito, as quais, se bem suportadas, resultarão em seu
progresso espiritual. A missão é a realização de qualquer tarefa, de pequena ou
grande relevância. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e
provas.
A
medicina descreve uma crise epiléptica como uma desordem cerebral, causada por
descarga elétrica anormal, excessiva e transitória das células nervosas,
decorrente de correntes elétricas que são fruto da movimentação iônica através
da membrana celular. Existem diversos tipos de crises, como parciais, parciais
e completas, generalizadas e tônico-clônicas.
Causas
da epilepsia
As
causas da epilepsia podem ser desde uma lesão na cabeça como um parto à
fórceps. O uso abusivo de álcool e drogas, além de outras doenças neurológicas,
também podem gerar a doença. Na maioria dos casos, entretanto, desconhece-se as
causas que lhe dão origem. Muitas vezes, o paciente tem as convulsões e os
exames realizados dão resultados normais. Divaldo Pereira Franco, no livro
Grilhões Partidos, afirma que “mesmo nesses casos, temos que levar em conta os
fatores cármicos incidentes para imporem ao devedor o precioso reajuste com as
leis divinas, utilizando-se do recurso da enfermidade-resgate, expiação
purgadora de elevado benefício para todos nós”.
Vale
ressaltar que a medicina terrestre evoluiu, não só porque conta com a cirurgia,
que é usada quando o resultado da medicação não foi satisfatório e o médico
avalia as possibilidades de sucesso cirúrgico, mas por que os médicos têm se
preocupado em adaptar o paciente à vida social e familiar, além da reabilitação
aos estudos. Muitas vezes, envolvem vários profissionais de diversas áreas,
como psicólogos, terapeutas etc., elucidando o paciente e sua família sobre a
importância do uso dos remédios e o apoio dos pais nesta caminhada. Estes,
inclusive, com receio das crises epilépticas, acabam dando uma superproteção ao
filho, temendo que ele se machuque. Essa proteção é normal, mas deixa o
epiléptico dependente dos genitores, tornando-o uma criança isolada e fechada.
Algumas
pessoas, sem o devido estudo, alegam que a epilepsia é uma mediunidade que deve
se desenvolver. Porém, conforme afirma Divaldo Pereira Franco em Grilhões Partidos,
vale ressaltar que “não desconhecemos que toda enfermidade procede do espírito
endividado, sendo a terapêutica espiritista de relevante valia. Porém, convém
considerar que, antes de qualquer esforço externo, há que se predispor o
paciente à renovação íntima intransferível, ao esclarecimento, à educação
espiritual, a fim de que se conscientize das responsabilidades que lhe dizem
respeito, dando início ao tratamento que melhor lhe convém, partindo de dentro
para fora. Posteriormente e só então, far-se-á lícito que participe dos labores
significativos do ministério mediúnico, na qualidade de observador, cooperador
e instrumento, se for o caso”.
Existem processos perniciosos de obsessão que fazem lembrar um ataque
epiléptico devido à igualdade da manifestação. Também com uma gravidade séria,
ainda conforme as palavras de Divaldo, “ocorrência mais comum se dá quando o
epiléptico sofre a carga obsessiva simultaneamente, graças aos gravames do
passado, em que sua antiga vítima se investe da posição de cobrador,
complicando-lhe a enfermidade, então com caráter misto”.
Independentemente
do fato do epiléptico estar sob um processo obsessivo ou não, é importante a
freqüência ao centro espírita para a reforma íntima e para receber aplicação de
passes, que é uma transfusão de energias físio-psíquicas. Porém, mesmo com o
tratamento espiritual, o epiléptico deve manter controle com a medicina
terrestre, com a aplicação de anticonvulsivos, pois cada caso é um caso.
Reforma íntima
Pode-se
fazer um tratamento de desobsessão e o inimigo do passado ser doutrinado, mas a
dívida persistirá enquanto não for regularizada, como explica Divaldo no livro.“Considerando-se
que o devedor se dispõe à renovação, com real propósito de reajustamento
íntimo, modificando as paisagens mentais a esforço de leitura salutar, oração e
reflexão com trabalho edificante em favor do próximo e de si mesmo,
mudam-se-lhe os quadros provacionais e providências relevantes são tomadas
pelos mensageiros encarregados de sua reencarnação, alterando-lhe a ficha
cármica. Como vê, o homem é o que lhe compraz, o que cultiva”, descreve.
Gostaria
de terminar dizendo para as pessoas que têm epilepsia e seus familiares que
jamais desanimem, em momento algum, sobretudo nos momentos mais difíceis, onde
a doença parece incontrolável. Os pais são o alicerce para o filho epiléptico e
este só poderá obter a cura total ou parcial com o apoio dos familiares e muita
fé em Deus.
Ao
terminar de ler esta matéria, não se preocupe em ficar remoendo na mente sobre
os atos que poderia ter feito no pretérito que lhe fizessem voltar com essa
enfermidade. Cuide de sua reforma íntima e espiritual, para que,
posteriormente, venha a trabalhar em prol dos mais necessitados. Dessa forma,
além de se ajudar a evoluir espiritualmente, ajudará também muitas pessoas que
virão ao seu socorro.
ALGUNS CASOS DE EPÍLEPSIA
Caso 1: Livro Grilhões Partidos, de
Manoel P de Miranda:
Caso
Ester: moça, de 15 anos, previamente “normal”. Quadro súbito de contratura
generalizada, palidez cutânea, sudorese abundante. Segue-se atitude agressiva
do pai, a quem sempre tratou com carinho, seguida de palavras duras, gritos e
agitação. Após a medicação injetável, ocorre sonolência intercalada por
convulsões.
Diagnóstico espiritual: “Disritmia cerebral secundária a ligação obsessiva, com
manifestação do obsessor através de psicofonia atormentada, após a convulsão. O
Eletroencefalograma [ECG] era normal antes e após a convulsão. Se não forem
evitados os ataques de subjugação, aparecerá lesão cerebral, que já existe no
perispírito”.
Ester era espírito com grave débito no passado, com lesão perispiritual na
região cerebral. Utilizou sua inteligência para causar prejuízo grave à vida de
vários semelhantes.
Observar que após a convulsão seguia-se a fala do obsessor (fala lógica e
inteligente), dirigida contra o pai de Ester.
O diagnóstico médico seria crise convulsiva generalizada tônico-clônica seguida
de estado crepuscular como a ocorrência de confusão mental, inquietação motora,
automatismos, distúrbios da fala, do conhecimento e da ação, após a crise
convulsiva.
Esse caso mostra a ocorrência da convulsão são e ressalta a importância da
terapia desobsessiva na prevenção de lesão do corpo físico.
Bezerra de Menezes indica o tratamento: “A terapia há de ser múltipla,
acadêmica e espírita”, mostrando a importância de usar medicação apesar de ser
processo de origem espiritual.
Caso 2: Livro: Nos Domínios da Mediunidade, cap 9.
Caso Pedro: Paciente com doença mental.
Visão espiritual: Observa-se o obsessor ligando-se a Pedro, seguindo-se
convulsão generalizada tônico-clônica, com relaxamento de esfíncteres. O mentor
Aulus afirma ser possessão completa ou epilepsia essencial e analisa que, no
setor físico, Pedro está inconsciente, não terá lembrança do ocorrido, mas está
atento em espírito, arquivando a ocorrência e enriquecendo-se. Passado
espiritual semelhante aos demais pacientes analisados, com obsessão na
espiritualidade antes da atual reencarnação.
Após a prece e o passe dos demais encarnados, ocorre o desligamento do
desencarnado, termina a convulsão e Pedro entra em sono profundo.
O mentor Aulus o classifica como médium, mas desaconselha a procura de
desenvolvimento mediúnico, até que Pedro desenvolva recursos pessoais no
próprio reajuste, com o estudo e reforma íntima, e explica: “Com a terapia
desobsessiva exitosa, será possível terminar com os ataques de “possessão”, mas
Pedro sofrerá os reflexos do desequilíbrio em que se envolveu, a se expressarem
nos fenômenos mais leves da epilepsia secundária que emergirão por algum tempo,
ante recordações mais fortes da luta atual até o reajuste integral do
perispírito (reflexo condicionado)”.
Esse caso mostra que, apesar de tratar-se de obsessão, não ocorreu a
manifestação do obsessor (estado crepuscular) após a convulsão, provavelmente
devido ao passe aplicado durante a convulsão, que produziu o desligamento do
espírito desencarnado. Fato semelhante ocorreu no caso retirado do Evangelho,
onde no texto de Marcos (9: 14-30) observa-se que o jovem apresenta a convulsão
e após a interferência de Jesus ele fica “como morto”. Outro ensinamento desse
caso é quanto ao prognóstico de cura após o tratamento desobsessivo, analisado
pelo mentor Aulus, surgindo a epilepsia secundária a reflexo condicionado.
CONCLUSÃO
Os quadros de epilepsia podem ser provocados por obsessão, mas existem casos
sem ação de desencarnados e casos mistos.
Independentemente do caso, com ou sem envolvimento obsessivo, há necessidade de
uso de medicação da medicina acadêmica.
Segundo Bezerra de Menezes, a presença do estado crepuscular é diagnóstico de
ação obsessiva.
A terapia desobsessiva é altamente eficaz, devendo ser usada como preconiza a
obra kardequiana.
O estudo dos casos clínicos sugere que a maioria dos quadros de epilepsia
representa processo obsessivo atual ou passado, e que todo paciente epiléptico
deve ser abordado com processo terapêutico nesse sentido. As exceções seriam os
casos de lesão cerebral no passado ou na vida atual, como nos casos de suicídio.
O quadro secundário a processo obsessivo, se não socorrido em tempo hábil, pode
levar à lesão física.
Existe uma seqüência evolutiva do processo de cura: obsessão com lesão física
-> obsessão sem lesão física -> epilepsia por reflexo condicionado ->
estado convalesceste (com crises dependendo do comportamento do paciente) ->
cura.
“Estai de sobreaviso, vigiai e orai, porquanto, não sabeis quando será o
tempo.” Jesus - Mc. 13 - 33.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo
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3 comentários:
Ler novamente
O maio de todos os remédios.
A transformação moral do espírito e absorção dos valores de equilíbrio Crístico.
Agradeço profundamente o artigo. Passei a ter convulsões durante o sono aos 35 anos. No meu caso tambem nao aparece nada nos exames. Estou há 9 em tratamento médico e há uns 5 na Doutrina Espírita. Há 2 anos não tenho crise. Fico muito feliz pelo estudo divulgado, pois tenho muito interesse no assunto. Que venham outros! Toda a indicação de literatura sobre Epilepsia é muito bem vinda!
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