Por: Leda Maria Flaborea
Dependemos uns dos outros no dia a dia
Nossa vinda para esse planeta é o
resultado da imensa misericórdia divina. Tantos mundos para pisar; mas era aqui
mesmo nosso destino nesse início. Início difícil, é verdade. Não conhecíamos o
planeta e ele não nos conhecia. Entretanto, nossa destinação era certa:
progredir em conhecimento e moralidade, em direção ao Pai, para sermos
plenamente felizes.
É fácil e cômodo imaginar que aqui
chegamos prontos e estamos hoje. Todavia, mesmo tomando a nós próprios como
parâmetro, podemos perceber a imensa distância que existe ente mim e o outro,
entre nós e os outros. Ainda que semelhantes - nunca iguais - fisicamente na
constituição orgânica, guardamos na nossa história evolutiva, no caminho que
percorremos para até aqui chegar, uma tão grande diferença que assustaria a
mais brilhante inteligência que pretendesse nos nivelar.
O quando, o como e o porquê de
estarmos sobre esse chão não poderemos saber, por ora, pois pertencem aos
desígnios do Pai Celeste; mais precisamente ao resultado da aplicação de Suas
sábias, justas e amorosas leis.
Cada ser humano é, em essência, um
mundo particular. E esse mundo, na maioria das vezes, ignoramos, seja por
incapacidade de entendê-lo, seja por medo do que encontrar se mergulharmos
nele. Nos dois casos, queiramos ou não, esse encontro acontecerá, mais cedo ou
mais tarde. É da nossa destinação. É a chave que nos abrirá a porta da
liberdade, do autoconhecimento, como na Parábola do Filho Pródigo, tão
necessários ao crescimento evolutivo e à conquista da plena felicidade.
No Templo de Delfos, na Grécia, o
célebre filósofo Sócrates encontrou grafada a seguinte frase cunhada por seu
sapientíssimo confrade Sólon: “conhece-te a ti mesmo”. Este conceito é
tema recorrente das ciências humanas modernas na busca do bem-viver. Que longo
caminho foi percorrido!... E ainda hoje não compreendemos ou não desejamos
compreender o que verdadeiramente isso significa.
Somos análogos na estrutura orgânica,
é verdade, mas muito longe da igualdade moral. Uns caminham mais rápidos,
porque se fizeram mais fortes, determinados e corajosos, apesar das
dificuldades que enfrentaram. Outros, a maioria, permanecem dormindo,
aguardando o dia em que serão despertados e se verão felizes sem esforços e sem
méritos. Ledo engano!...
O planeta que a todos acolhe também
se modifica fisicamente. A humanidade que o habita mal se dá conta disso e
continua depauperando-o. Junto com ele, essa população se renova todos os dias,
trazendo novas gerações que, essencialmente, estarão mais despertas, mais
conscientes da sua destinação, mais preparadas física, intelectual e moralmente
para enfrentarem as novas dificuldades.
Assim como para nós as dificuldades
eram grandes e os recursos poucos, as novas gerações enfrentarão outros
desafios que nós, hoje, não conseguimos sequer perceber que existem. Mas, terá
outro mundo, outras fontes de saber, outra ética. Mais próximos do ama teu
próximo como a ti mesmo, perceberão que toda Natureza – e o homem está incluído
nela – é teu próximo.
Nosso dever, neste momento, é dar o
máximo que pudermos, dentro das nossas limitações, as mínimas condições para
que essa nova gente, que continua chegando, encontre, pelo menos, um planeta
com menos lixo de toda ordem, de todos os quilates.
Não dá para fazer tudo de uma vez.
Mas, jogar seu lixo na lixeira, ceder seu lugar no transporte público a quem
necessite ou tenha direito preservado em lei, dirigir com respeito às normas de
trânsito, guardar a ideia de que não é mais possível misturar o que é público
com o privado, procurando lembrar que dependemos uns dos outros no dia a dia, e
que é nessa troca que vamos nos fortalecendo para enfrentar com mais coragem os
embates da vida, isso, sim, dá para fazer e pouco custa.
O outro, ainda que diferente, é nosso
igual, pois irmanados em humanidade e filhos do mesmo Pai Criador. Estamos
todos juntos nessa jornada de crescimento, aprendendo e ensinando, ajudando e
sendo ajudados, pedindo e agradecendo a Deus, diariamente, a bendita
oportunidade da vida.
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