Por: Suely Caldas
Schubert
Introdução:
Costumamos frequentar
o Centro Espírita durante anos sem atentarmos para aspectos mais profundos da
sua importância, pois o vemos apenas como o local onde vamos buscar ajuda,
consolo, amparo e esclarecimento, e onde se tem um bom ambiente espiritual,
apropriado para as reuniões espíritas. Não nos damos conta de toda a complexa
estrutura espiritual que mantém uma sede de atividades espíritas, no âmbito dos
encarnados, para que ela possa atuar nos dois planos da vida.
Entretanto, há alguns anos, estamos sendo
conscientizados, principalmente através de mensagens dos Instrutores
Espirituais, do que é, na realidade, o Centro Espírita e a premente necessidade
que temos de adequá-lo e preservá-lo de acordo com as diretrizes da
Codificação, bem como dos cuidados com que a Espiritualidade Maior cerca e
dispensa, ao longo do tempo, aos núcleos espíritas que estão incluídos entre os
que são merecedores dessas providências, pelo trabalho sério, nobre e
edificante que realizam.
O Espírito Manoel Philomeno de
Miranda relata no capítulo 21 do livro Tramas do Destino, como são os
planejamentos espirituais de um Centro Espírita, inclusive relatando os
compromissos assumidos pela equipe espiritual que trabalharia diretamente com
os encarnados, junto àquele que seria o seu patrono, no caso o Espírito
Francisco Xavier, que foi abnegado trabalhador do Cristianismo no século XVI. 1
Iremos enfocar aqui alguns desses planejamentos
do plano extra físico, e como são efetuados na prática pelos Benfeitores
Espirituais, fazendo uma reflexão em torno da participação dos encarnados,
enquanto tarefeiros da seara espírita.
Alicerces espirituais
O Centro Espírita é
muito mais do que a casa física que lhe serve de sede. Transcende às paredes, aos
muros que o circundam e ao teto que o cobre. Em verdade, o Centro Espírita é um
complexo espiritual em que se labora nos dois planos da vida, a física e a
extrafísica, e com as duas humanidades, a dos encarnados e a dos Espíritos desencarnados.
Em razão disso, as providências e
cuidados da Espiritualidade Maior são imensos quanto ao planejamento e a
organização de uma instituição espírita.
Já há muito sabemos que as planificações
espirituais antecedem as dos encarnados, por isso se diz, comumente, quando se
pensa e projeta uma obra espírita, que esta já estava edificada na
Espiritualidade. O que é real e verdadeiro.
Os alicerces espirituais, portanto, são
“levantados” bem antes, servindo de
modelo para a obra que se pretende edificar no plano terreno.
O Centro Espírita não é a casa onde
ele se abriga, mas, sim, o labor que ali se desenvolve, o ambiente que se
cultiva e preserva, a organização intemporal que o orienta e assessora, os
objetivos e finalidades que o norteiam, o ideal e o sentimento com que o
conduzem. Por isso prescinde a obra espírita do luxo e do supérfluo para
atender à simplicidade e ao conforto que a tornem acolhedora.
As suas bases, os seus alicerces espirituais
assim argamassados farão com que a obra se erga firme na Terra e permaneça de
pé vencendo as tormentas e vicissitudes humanas. É “a casa edificada sobre a rocha”, de que nos fala Jesus, capaz de
resistir através dos tempos. Mas que só se materializará se a equipe encarnada colocar
dia a dia os tijolos do amor e o cimento da perseverança; se os labores ali
efetuados levarem o sinete da caridade e do desinteresse pessoal,
transformando-se assim em templo e lar, hospital e escola.
Reafirmamos: para isto não há necessidade
de que a obra seja luxuosa ou grandiosa; ela poderá ser uma casinha simples,
despojada, de acordo com a realidade local, e ter uma atmosfera espiritual
resplandecente, resultante do trabalho que ali se realiza, pois no dizer de
Léon Denis “no mais miserável tugúrio há
frestas para Deus e para o Infinito”.
A direção espiritual
Os planos iniciais
para a fundação de um Centro Espírita ocorrem na Espiritualidade com
antecedência de muitos anos, quando a equipe espiritual assume a
responsabilidade de orientar e assessorar as futuras atividades que ali serão
desenvolvidas. Isto é feito em sintonia com aqueles que irão reencarnar com
tais programações. Para chegar- se a estabelecer esses compromissos são
estudadas as fichas cármicas daqueles que estarão à frente da obra no plano
material, convites são feitos, planos são delineados e projetados para o
futuro.
Não podemos nos esquecer de que
aqueles que se reúnem para um labor dessa ordem não o fazem por casualidade.
Existem planificações da Espiritualidade que antecedem, portanto, à reencarnação
dos que irão laborar no plano físico.
O projeto visa essencialmente a
atender aos encarnados, pois através desse labor são concedidas oportunidades
de crescimento espiritual, ensejos de resgate e redenção; reencontros de almas
afins, de companheiros do passado ou, quem sabe, desafetos no caminho da
tolerância e do perdão que a diretriz clarificadora do Espiritismo e a
atmosfera balsâmica do Centro propiciarão. Para que isto seja alcançado, a Casa
Espírita apresenta um leque de opções variadas de aprendizado e trabalho, onde
se favorece a transformação moral, que deve ser o apanágio do verdadeiro
espírita, através do exercício da caridade legítima a encarnados e
desencarnados, da tolerância e da fraternidade no convívio com os companheiros –
o que, em última análise, é a vivência espírita, que traz nos seus fundamentos
a mensagem legada por Jesus.
Todavia, muitos desses ensejos de
reconciliação, de harmonia, de progresso espiritual; muitas das esperanças e
expectativas dos Benfeitores Espirituais são desdenhadas por nós, os
encarnados, que esquecidos dos compromissos assumidos deixamo-nos envolver pelo
personalismo, pela vaidade, pela disputa de cargos e deferências, pelo ciúme e inveja,
por nos acreditarmos melhor que os outros, que somente nós sabemos e somos
espíritas de verdade, que temos missão especial, quando não enveredamos por
esse novo prisma de considerarmos a Casa Espírita como uma empresa, que deve
ser dirigida friamente e dar constantes lucros, não importando que a Causa seja
postergada e colocada em segundo plano para que tais resultados sejam
alcançados, enfim, todos esses desvios de curso, todas essas idiossincrasias
que abrem campo às dissidências e à sintonia com espíritos interessados em
retardar a marcha do bem quanto à de nós próprios.
Quando, porém, sentimos e vivemos as
diretrizes espíritas, é mais fácil compreender o nosso companheiro difícil e
com ele conviver, aprendendo a estimá-lo realmente. Porque é mais fácil amar aquele
que vem pedir socorro e que nos estende a mão do que o companheiro ao nosso
lado, investido, muita vez, da posição de “fiscal”
de nossas atitudes. Os Amigos Espirituais muito esperam de nós nesse campo da
rearmonização com o nosso passado, porque, talvez, pela primeira vez já sabemos
quanto às implicações do passado e responsabilidades no presente.
Por isto é essencial que nos
esforcemos para viver as diretrizes espíritas, a fim de que honremos o Espiritismo
não somente “com os lábios”, mas
essencialmente com o coração, com o melhor de nós mesmos.
Os recursos magnéticos de defesa
Vejamos como Manoel
Philomeno de Miranda explica quais as providências adotadas com relação à
fundação do Centro Espírita Francisco Xavier: “(...) antes mesmo que se definissem os planos da edificação material
da Casa, foram tomadas medidas no que dizia respeito aos contingentes
magnéticos no local e outras providências especiais.
Ergueu-se, posteriormente, o Núcleo, em cuja construção se observaram os
cuidados de zelar pela aeração, conforto sem excesso, preservando- se a simplicidade
e a total ausência de objetos e enfeites que não os mínimos indispensáveis móveis
e utensílios para o seu funcionamento...
Todavia, nos respectivos departamentos reservados à câmara de passes,
recinto mediúnico e sala de exposições doutrinárias, foram providenciadas aparelhagens
complexas e com finalidades específicas, para cada mister apropriadas, no plano
espiritual.” 2
Esses recursos magnéticos que constituem
as defesas espirituais de um Centro Espírita fiel aos princípios da Codificação
Kardequiana, conforme as circunstâncias o exigem, podem ser intensificados tal como
é relatado no notável livro da querida médium Yvonne Pereira, Memórias de um
Suicida, quando é mencionada a instituição na qual seriam realizadas algumas
sessões mediúnicas especiais para atendimento de um grupo de suicidas.
A sala de exposição doutrinária
Toda Casa Espírita
tem o seu espaço destinado à realização de reuniões públicas, de portas
abertas, onde os expositores abordam estudos e palestras doutrinárias,
especialmente das obras que constituem a Codificação Kardequiana.
Este recinto recebe da
Espiritualidade o cuidado compatível com a importância das tarefas ali desenvolvidas.
Espíritos especializados magnetizam o ambiente e o preservam e renovam
constantemente, propiciando uma psicosfera salutar, consoante informa Manoel Philomeno
de Miranda.
São instaladas defesas magnéticas que
impedem a entrada de entidades desencarnadas hostis e malfeitoras, assim, só
entram aqueles que obtêm permissão.
Tais cuidados são imprescindíveis em
razão da natureza do trabalho que os Centros realizam. Sendo um local para onde
convergem pessoas portadoras de mediunidade em fase inicial ou em desequilíbrio
ou, ainda, obsidiados de todos os matizes, é fácil concluir que se não houvesse
tais cautelas do Plano Espiritual, principalmente, graves problemas poderiam
surgir decorrentes do ambiente espiritual e da presença de sensitivos não
equilibrados.
Imaginemos, por um instante, a
ambiência desta sala, relativamente aos encarnados presentes. A grande maioria
dos que comparecem ao Centro o faz impelida pelos problemas e sofrimentos que
os aguilhoam. Quando chegam estão aflitos, cansados, desesperados e, não raro,
com ideias de suicídio ou outros tipos de pensamentos extremamente negativos.
Recorrem ao Espiritismo na condição de náufragos de tormentas morais que se agarrassem
a uma tábua salvadora. Trazem o pensamento enrodilhado no drama em que vivem e
que é como um clichê estampado na própria aura. Vibrando em harmonia a quase
totalidade dessas criaturas estão imantadas a desafetos do passado ou a
entidades outras, igualmente em desequilíbrio, que por sua vez, as envolvem em
fluidos perniciosos. Várias são portadoras de monodeísmo, isto é, trazem o pensamento
fixo em determinada ideia negativa, como por exemplo, no suicídio, no remorso
de ato cometido etc. Diversas estão magoadas, sofridas, ulceradas interiormente
e com as forças deperecidas. Outras estão perdidas em si mesmas, sem saber qual
o sentido da vida e que rumo tomar. Muitas esperam milagres que as libertem de imediato
de seus problemas e umas poucas chegam por curiosidade ou desejosas de conhecer
melhor o que é o Espiritismo. Mas todas essas pessoas têm um denominador comum:
a esperança.
Esse conjunto de vibrações
desarmônicas e a malta de desencarnados que gravitam ao seu redor – todos
interessados em obstar tudo aquilo que pode significar libertação para suas
vítimas, no caso a palavra esclarecedora da Doutrina – por certo afetariam os
médiuns presentes ainda não equilibrados, não fossem os cuidados e vigilância
dos Benfeitores Espirituais.
Há ainda outro ponto a considerar: é
que sendo um local de tratamento das almas enfermas, que somos quase todos nós,
é imprescindível que os recursos do “laboratório
do mundo invisível” sejam mobilizados e acionados para o atendimento
espiritual.
Os Espíritos especializados fazem, portanto,
a triagem dos desencarnados que irão entrar, sempre visando os que estão em
condições de ser beneficiados, mas outros são momentaneamente afastados de suas
vítimas enquanto estas permanecem no Centro. Em decorrência, grande é o número
de entidades que ficam postadas do lado de fora da Casa, como que aguardando permissão
para entrar ou interessados em achar alguma brecha nas defesas magnéticas com o
intuito de causarem perturbações. Mesmo estes não ficam sem a ajuda do Alto,
pois aparelhagem especial transmite a palavra dos expositores amplificando-lhes
a voz.
No transcurso da exposição doutrinária grande
amparo é prestado ao público. Equipes especializadas atendem aos que
apresentarem condições espirituais-mentais favoráveis, receptivas, medicando- os
e, até mesmo, realizando cirurgias espirituais.
Por outro lado, a aproximação de
entidades benfeitoras junto aos encarnados torna-se mais fácil pela natureza do
ambiente e por estarem estes com o pensamento voltado para os ensinos
clarificadores da Doutrina, o que lhes modifica, temporariamente, os panoramas
mentais, favorecendo o otimismo e a renovação interior. Concomitantemente, os “espíritos arquitetos”, muitas vezes,
utilizam dos recursos dos painéis fluídicos que “dão vida” aos comentários do expositor, favorecendo o entendimento
dos desencarnados presentes. Isto, aliás, acontece em palestras sempre que o ambiente
favoreça.
Toda essa programação, todavia, só se
realizará se o Centro Espírita tiver o seu ambiente preservado de quaisquer
frivolidades e mercantilismo; de intrigas e personalismo; se ali se cultivar a
conversação sadia e edificante; se naquele local se praticar a verdadeira caridade
e o estudo sério, e onde as principais metas sejam esclarecer, aliviar e
consolar as almas que por ali aportarem, colocando-se assim à altura da
proteção dos Espíritos Superiores.
O ambiente espiritual da reunião mediúnica
Os cuidados dos
Espíritos que se dedicam à preservação do ambiente espiritual da sala onde são realizados
os trabalhos mediúnicos são constantes e intensos, pois nada pode ser
negligenciado, sob pena de comprometer-se o êxito da reunião.
O local destinado à sessão mediúnica tem,
por assim dizer, uma fiscalização permanente, pois, principalmente no caso do
recinto consagrado às sessões de desobsessão, muitos Espíritos necessitados e
sofredores ficam aí alojados, em regime de tratamento para seu refazimento e
reequilíbrio.
No dia da reunião o recinto passa por
rigorosa assepsia a fim de livrá-lo e preservá-lo de larvas psíquicas (que são
criadas por mentes viciosas de encarnados ou desencarnados); de ideoplastias
perniciosas (formas-pensamento, clichês mentais);
de vibrações deprimentes, constituindo tudo isso os “invasores microbicidas das regiões inferiores”, conforme esclarece
João Cleofas. 3
Importante ressaltar que tais “invasores microbicidas” contaminam o
homem invigilante que apresente, por sua vez, pensamentos doentios,
descontrolados, que são verdadeiras brechas ao assédio inferior, resultando daí
a parasitose mental, ou vampirismo.
João Cleofas elucida que a sala mediúnica
é o “ambiente cirúrgico para realizações
de longo curso no cerne do perispírito dos encarnados como dos desencarnados”,
como também local onde “se anulam
fixações mentais que produzem danos profundos nas tecelagens sensíveis do
espírito.”
Além disso, há necessidade de se isolar e
defender o recinto das investidas de Espíritos inferiores, o que leva os
Benfeitores Espirituais a cercá-lo por meio de faixas fluídicas visando impedir
a entrada de tais entidades. Assim, só entrarão no ambiente aqueles que tiverem
permissão dos dirigentes espirituais.
A sala mediúnica, conquanto seja
limitada no seu espaço físico, no outro plano apresenta-se adimensional, já que
se amplia de acordo com a necessidade, permitindo abrigar um número muito grande
de desencarnados que são trazidos para tratamento, para esclarecimento, para
aprendizagem etc. Tem ainda mobiliário próprio e aparelhagens instaladas pela equipe
espiritual. Esta equipe conta com elementos especializados nesses trabalhos,
inclusive aqueles denominados por Efigênio Vítor de “arquitetos espirituais” 4, que têm a seu encargo a
tarefa complexa de criar os quadros fluídicos indispensáveis ao tratamento ou
esclarecimento das entidades comunicantes. Esses quadros fluídicos não são criados
ao sabor do acaso, mas obedecem a uma programação e à pesquisa sobre o passado
dos que precisem desse recurso. Tais painéis fluídicos são tão perfeitos que
possuem “vida” momentânea, com
movimentos, cor, como se fossem uma tela cinematográfica na qual as personagens
são pessoas ligadas ao manifestante, ou ele mesmo se vê vivendo cenas
importantes em sua existência de Espírito imortal.
Tudo isso nos dá uma pálida ideia do
grandioso trabalho do mundo espiritual; é “o
laboratório do mundo invisível”, citado por Kardec, que esclarece: “(...) Os objetos que o Espírito forma, têm
existência temporária, subordinada à sua vontade, ou a uma necessidade que ele
experimenta. Pode fazê-los e desfazê-los livremente.” 5
E dizer que com a nossa invigilância podemos
prejudicar num relance toda essa estrutura! Isto acontece quando comparecemos
despreparados para a reunião, trazendo vibrações negativas, desequilibrantes; quando
trazemos o pensamento viciado e contaminamos o recinto cuidadosamente
preparado. Nesta hora, os tarefeiros da Espiritualidade usam recursos de
emergência, isolando o faltoso, para que a maioria não seja prejudicada. Em
caso mais grave, porém, poderá ocorrer um desequilíbrio nos circuitos
vibratórios que defendem a sessão, o que possibilitará a entrada de Espíritos
perturbadores e consequente prejuízo para os trabalhos e os participantes.
Como vemos, integrar uma equipe
mediúnica é um encargo de grande responsabilidade. Importa considerar que
somente as reuniões mediúnicas sérias merecerão dos Benfeitores Espirituais
todo esse cuidadoso preparo mencionado.
Se os encarnados corresponderem, o
grupo mediúnico crescerá em produtividade sob a chancela de Espíritos bondosos.
Em caso oposto, a reunião nada produzirá de positivo, tornando-se presa fácil
paras Espíritos inferiores.
A opção é nossa, dos encarnados. Os
Amigos Espirituais estão sempre dispostos a secundar os nossos melhores
esforços. São eles que traçam as diretrizes dos trabalhos mediúnicos; que na
realidade dirigem as atividades, mas ficam na dependência de nossa cooperação, pois
uma sessão para a prática da mediunidade somente existe com o concurso dos dois
planos da vida. Se estivermos receptivos às orientações e apresentarmos por
nosso lado um esforço de iniciativas identificadas com os seus propósitos, as duas
equipes – a espiritual e a dos encarnados – tornar-se-ão homogêneas e o grupo
vibrando no mesmo diapasão de Amor atenderá com sucesso aos irmãos que ainda
jazem na ignorância e no mal.
A sala de passes
O recinto destinado
aos passes apresenta características próprias, em virtude do trabalho ali
realizado. Sendo local de atendimento ao público é natural que este interfira na
ambiência. Entretanto, como se pode deduzir, a grande maioria das pessoas que
buscam o socorro do passe o fazem imbuídas dos melhores sentimentos, é o que
informa Áulus, instrutor espiritual de André Luiz. Referindo-se à sala de
passes, esclarece estarem ali reunidas “(...)
sublimadas emanações mentais da maioria de quantos se valem do socorro magnético,
tomados de amor e confiança”. Estas vibrações permanecem no ambiente e se
acumulam, a tal ponto que, no dizer de Áulus, criam uma atmosfera especial formada
“(...) pelos pensamentos, preces e
aspirações de quantos nos procuram trazendo o melhor de si mesmos”. Esse
conjunto vibratório surpreendeu André Luiz, quando este observou uma sala de
passes, pelo “ambiente balsâmico e
luminoso” que apresentava. 6
Tal como acontece com a sala mediúnica,
o recinto destinado a essa atividade recebe dos Espíritos especializados a
assepsia e as defesas magnéticas imprescindíveis à manutenção e preservação do
ambiente.
Quanto ao atendimento aos enfermos, o
autor espiritual explica que há um “quadro
de auxiliares, de acordo com a organização estabelecida pelos mentores da
Esfera Superior”, enfatizando que para o bom êxito do labor de passes há que
se observar: experiência, horário, segurança e responsabilidade daquele que
serve.
No momento dos passes é possível a
alguns médiuns videntes divisarem a intensa movimentação dos Benfeitores, que
se utilizam de aparelhagens especiais adequadas aos enfermos presentes.
A organização do Mundo Espiritual é,
pois, exemplar. Não obstante, nós, os encarnados, deixamos muito a desejar com
as nossas falhas costumeiras, que vão desde a invigilância em nosso cotidiano até
a frequência irregular, o que por certo prejudica os trabalhos.
É fundamental, portanto, que haja uma
conscientização, de nossa parte, da grandeza e complexidade dos labores
espirituais, a fim de participarmos de modo mais eficiente e produtivo. Que
isso não seja, porém, um fator que leve ao misticismo (mas sim à
responsabilidade) e que venha a influir ou modificar a nossa conduta no instante
do passe ou no ministério mediúnico. Embora o trabalho que se desenvolve “do outro lado” seja complexo, a nossa
participação deve ser a mais simples possível, permeada, contudo, do mais
acendrado sentimento de amor ao próximo.
Que nos lembremos sempre que para
exercermos tais atividades a nossa preparação é toda, principalmente, interior.
É no nosso mundo íntimo que devemos laborar. É a nossa transformação para melhor
a cada momento.
Assim, não é a cor do vestuário nosso
ou do paciente, a nossa gesticulação ou a sala ser azul ou branca que irão
influir na qualidade da transmissão energética no instante dos passes, mas sim,
a nossa mente impulsionando e direcionando essas energias fluídicas, o nosso
desejo de servir, a nossa capacidade de ser solidário com aquele que ali está e
de amá-lo como a um irmão. Por isso, a simplicidade deve ser a tônica no
momento do passe, já que este é, essencialmente, um ato de amor. E o amor é
simples, desataviado e puro, tal como exemplificou Jesus.
Conclusão
Registramos, para
nossa reflexão, a palavra de Emmanuel que enaltece a magna finalidade da
Doutrina dos Espíritos: “Ao Espiritismo
cristão cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa. Não basta
definir-lhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, é
preciso também revelar- lhe a feição de movimento libertador de consciências e
corações.” 7
É fundamental estarmos cônscios da
imensa responsabilidade que assumimos quando da fundação de uma instituição
espírita; não podemos esquecer que responderemos por tudo o que fizermos
perante Jesus e a Espiritualidade Maior e, sobretudo, diante de nossa
consciência.
Jesus vem e nos convida, novamente. Quais
os frutos que podemos oferecer? Nossos celeiros ainda estão vazios?
Para encerrar, nada melhor do que o
notável texto de Bezerra de Menezes, que reúne todas as diretrizes e, em
simultâneo, também as advertências, imprescindíveis, a fim de que se preserve e
mantenha a ambiência espiritual do Centro Espírita, fazendo jus, assim, aos
cuidados e empenho dos Benfeitores Espirituais que o edificaram no plano extrafísico,
para que ali sejam efetuadas as curas das almas, esclarecendo e confortando os
corações e, sobretudo, libertando consciências: “As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos
cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis, necessários aos variados
quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos
até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e até mesmo a oratória inspirada
pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais, mesmo indispensáveis a
certa série de exposições movidas pelos obreiros da Imortalidade a serviço da
Terceira Revelação. Essas vibrações, esses fluidos especializados, muito sutis
e sensíveis, hão de conservar-se imaculados, portando, intactas, as virtudes que
lhe são naturais e indispensáveis ao desenrolar dos trabalhos, porque, assim
não sendo, se mesclarão de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por
anularem as suas profundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade
esclarecida recomenda, aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembleias
espíritas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconsequência, a maledicência
e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, o ruído e as atitudes menos
graves, visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da inconsequência
humana, cujo magnetismo, para tais assembleias e, portanto, para a agremiação
que tais coisas permite, atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do
invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores, a tal ponto que poderão
adulterá-los ou impossibilitá-los, uma vez que tais ambientes se tornarão
incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e benfazeja.
Um Centro Espírita onde as
vibrações dos seus frequentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de
mentes respeitosas, de corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra
emitida jamais se desloque para futilidades e depreciações; onde em vez do
gargalhar divertido, se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e
louvores indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes;
e ainda onde, em vez de cerimônias ou passatempos mundanos, cogite o adepto da
comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais, um
Centro assim, fiel observador dos dispositivos recomendados de início pelos
organizadores da filosofia espírita, será detentor da confiança da
Espiritualidade esclarecida, a qual o elevará à dependência de organizações
modelares do Espaço, realizando-se então, em seus recintos, sublimes
empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida.
Somente esses, portanto, serão registrados no Além-Túmulo como casas
beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade, abalizados para as melindrosas
experiências espíritas, porque os demais, ou seja, aqueles que se desviam para
normas ou práticas extravagantes ou inapropriadas serão, no Espaço,
considerados meros clubes onde se aglomeram aprendizes do Espiritismo em horas
de lazer.” 8
Referências Bibliográficas:
1 - FRANCO, Divaldo P. Tramas do
Destino, pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2000,
cap. 21, p. 196.
2 - Idem, ibidem, p. 200.
3 - FRANCO, Divaldo P. Depoimentos Vivos.
Diversos Autores Espirituais, João Cleofas.
4 - XAVIER, Francisco C. Instruções
Psicofônicas, pelo Espírito Efigênio Vítor. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1995,
cap. 44.
5 - KARDEC, Allan. O Livro dos
Médiuns. 70. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. VIII, item 129.
6 - XAVIER, Francisco C. Nos Domínios
da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 29. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002,
cap. 17, p. 161-162.
7 _____. Missionários da Luz, pelo
Espírito André Luiz. 36. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, “Ante os tempos
novos”, p. 8.
8 - PEREIRA, Yvonne A. Dramas da
Obsessão, pelo Espírito Bezerra de Menezes. 9. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001,
Conclusão, item III, p. 145, 146 e 147.
Fonte:
Revista Reformador - Fevereiro 2004 (p. 36 a 39) e março de 2004 (p. 28 a 30)
7 comentários:
Texto edificante e muito esclarecedor. Me ajudou bastante, principalmente no tocante a atitude e comportamento dos presentes. Muita paz. Sandra
Texto de grande valor doutrinário, a ser lido no início de uma reunião mediúnica a todos os trabalhadores do Centro Espírita.
É o que vou propor em nossa próxima reunião.
Obrigada!
Carmem
Não conhecia este site é ótimo.
Além de receber livros maravilhosos ainda desfrutamos deste otimo conteúdo
Parabens para a equipe
Martha Kistrining
Diante de informações tão esclarecedoras e desinteressadas, agradeço pedindo a Jesus e aos benfeitores do Mundo Maior a paz, a luz e a força espiritual a todos vcs.
Edilon
Excelente lição
Instrução e disciplina. Amor e caridade bases indispensáveis ao trabalho espírita.
Texto maravilhoso..obrigado.
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