“São poucos os que se salvam? Retrucou-lhe o Mestre: “Porfiai por entrar
pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz à
perdição e muito são os que entram por ele; e estreita é a porta e apertado é o
caminho que conduz à vida, e poucos são os que entram por ele; e estreita é a
porta e apertado é o caminho que conduz à vida, e poucos são os que acertam com
ele.” (Evangelho)
O caminho da salvação, por
conseguinte, é o caminho do dever. Quem não o cumpre na medida de seus conhecimentos
e de acordo com as injunções de sua consciência, não está trilhando a senda
apertada; está perdido, perambula em vão, sem encontrar o senso da vida.
O dever é, por sua natureza, complexo
e gradativo. A quem muito é dado, muito é exigido. A elevação intelectual e
moral traz grandes vantagens e benefícios, mas acarreta maior soma de deveres.
Daí a luta constante travada entre o espírito e a carne. O Espírito compreende
que é mister vencer a escabrosidade do carreiro estreito e pedregoso que conduz
à vida, mas a carne protende para a estrada larga e cômoda que nenhuma
dificuldade ou restrição oferece.
Enquanto a carne tem ganho de causa,
o espírito permanece escravizado ao mundo, às paixões e aos vícios. À
proporção, porém, que ele vai adquirindo supremacia, são as paixões e os vícios
que se rendem, vencidos pelo espírito que então se apossa da vida eterna.
Tal é a verdadeira salvação, segundo
o ensino transcendente do Evangelho de Jesus Cristo. Por isso mesmo é que não a
conseguimos com facilidade: é preciso porfiar muito através do caminho do dever
que, como se sabe, é estreito e bordado de espinhos. E, por ser assim, poucos
são os que acertam com ele.
Livro: Nas Pegadas
do Mestre
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