Hão
dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. Isto se deve entender com
relação ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, a
que se não poderia atribuir forma determinada. Mas, qualquer que seja o grau em
que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou
perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na
hierarquia espiritual. De sorte que, para nós, a ideia de forma é inseparável
da de Espírito e não concebemos uma sem a outra. O perispírito faz, portanto,
parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem. Porém, o
perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não
constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o
que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação.
Ele
tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que revestia o
Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o perispírito,
separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa maneira, por este e
lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja assim. Com pequenas
diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações
orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se
nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os
Espíritos. Essa igualmente a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só
têm o perispírito; a com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou
Espíritos puros. Devemos concluir de tudo isto que a forma humana é a forma
tipo de todos os seres humanos, seja qual foro grau de evolução em que se
achem. Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a
rigidez da matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir,
flexível e expansível, donde resulta que a forma que toma, conquanto decalcada
na do corpo, não é absoluta, amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar
a aparência que entenda, ao passo que o invólucro sólido lhe oferece invencível
resistência.
Livre
desse obstáculo que o comprimia, o perispírito se dilata ou contrai, se
transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a
vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório
fluídico, é que o Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo
necessário, tomar a aparência exata que tinha quando vivo, até mesmo com os
acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem.
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