Por: Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Supondo
que os Espíritos superiores que conduzem o destino do planeta Terra
resolvessem, em um período de 150 anos, renovar os Espíritos aqui encarnados,
façamos um exercício mental, um aprendizado pela imaginação e pensemos como
seria esse cenário...
Assim,
a cada Espírito encarnado, a Terra receberia um Espírito altamente evoluído, de
forma que no espaço de um século e meio teríamos sobre a superfície terrestre
somente Espíritos iluminados, de escol, criando um processo de regeneração
induzida.
A
nova Terra teria habitantes preocupados com as questões sociais, onde uma
criança faminta mobilizaria mais a opinião pública que uma partida de futebol.
O saber e a fraternidade seriam exaltados e o respeito, ah, esse seria um valor
sentido nas ruas.
O
meio ambiente seria preservado de forma consciente, por cada um, e o consumo
não seria um fim e sim um meio da vida digna e justa, com os direitos
fundamentais a orientar o caminho de cada irmão.
O
preconceito, a competitividade, a violência cederiam lugar a outras formas de
resolução de conflitos, baseados na cooperação e no diálogo. Cada um cresceria
em valores e potencial, pensando no coletivo, nos desvalidos, e na criação de
coisas que melhorassem a vida humana.
A
escola cederia lugar à prisão, o livro preencheria o tempo ocioso e o sorriso
campearia as relações, de maneira profunda, de forma que cada um seria tratado
como um irmão em humanidade. As guerras se extinguiriam, as armas seriam
aposentadas e a dor, natural da vida humana, seria vista como um instrumento de
reflexão, de aprimoramento moral.
Passada
a transição de 150 anos, na qual os Espíritos mais amadurecidos substituiriam
os aqui encarnados, os desafios da vida humana nesse mesmo planetinha azul
seriam superados pelo esforço contínuo e integrado de todos, tornando a
existência mais afável e mais fraterna. Assim, essa geração nova comprovaria
que é possível um mundo melhor.
Utopia?
Certamente... Mas uma utopia que nos ensina que grande parte dos problemas do
ser humano encarnado advém da sua conduta moral, de sua falta de amor e da sua
imperfeição, tendo a regeneração esperada sentido apenas quando falamos de uma
reforma íntima, que construa em cada coração o mundo novo, dado que essa luta é
nossa.
A
cada dia, como Espíritos encarnados no orbe terrestre, somos convidados a fazer
diferente. Pelas nossas escolhas, a cada encarnação, a cada dia, a cada minuto,
trazemos em nossas mãos e em nossas ideias as possibilidades de um mundo
melhor. Podemos, a cada dia, tornar a Terra regenerada, como o sal da Terra e a
luz do mundo.
Em
150 anos, em uma ação radical, com a substituição da escalação atual,
poderíamos virar totalmente o jogo. Mas não é isso que esperam de nós Jesus e
os outros Espíritos superiores que velam pela nossa comunidade. Eles esperam de
nós, sujeitos dessa existência, a mudança que permita a transformação de
sombras em luz, pelo expurgo do mal que resiste em habitar em nós.
Ao
reclamarmos de Deus, do destino, da natureza, do azar..., lembremos da nossa
posição do planeta. Olhemos para fora, para a janela, e vejamos tudo de bom que
a nossa civilização construiu, bem como todas as mazelas que nós arrastamos.
Superamos distâncias pela internet e ampliamos a expectativa de vida em muitos
países, mas amargamos ainda a fome, a ignorância, a miséria, o preconceito, a
guerra, a nos envergonhar na categoria humana.
Não,
apesar de nosso exercício mental, Deus e os Espíritos superiores não vão nos
substituir na Terra, colocando aqui um time de notáveis. O embate é nosso, a
ser travado na escola da encarnação. Se quisermos o bem, devemos trabalhar por
isso, enxergar que, enquanto o mal campear, não seremos plenamente felizes
nesse mundo e que isso não implica, no entanto, em nos sentarmos, acomodados,
esperando o bem que virá.
A
hora é agora, e o momento de agir é sempre e cada minuto é uma oportunidade
ganha ou perdida de vencermos as nossas lutas interiores e as batalhas
coletivas. Fugir disso é aguardar dormindo o juízo final, um paradigma que
Kardec nos deu elementos para superá-lo.
Fora
da caridade não há salvação... Reconhece-se o espírita pelo seu esforço... Meus
discípulos serão reconhecidos por muito se amarem... A nova era não virá. Será
construída por nós, e isso, amigos, é mais que uma dádiva.
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