Escrito por Victor Rebelo
O Espiritismo pode, realmente, ser considerado como Ciência? Para os
espíritas, a resposta é sim. Mas vamos analisar um pouco a questão.
A ciência moderna, que surgiu no século XVII – durante o período do
Iluminismo –, deduz a verdade a partir de fatos verificados pela experimentação
metódica.
Allan Kardec procurou, ao elaborar as bases da doutrina espírita,
cumprir as exigências dessa ciência moderna. Para isso, ele partiu de um ponto
de vista cético com relação às manifestações de efeitos físicos. Somente após
muita observação é que Kardec passou a aceitar os fatos como sendo de origem
espírita, ou seja, de que as manifestações tinham como causa os espíritos
desencarnados. Outro fato relevante é que não foram os pesquisadores que
pensaram na hipótese de serem os espíritos os autores das manifestações de
efeitos físicos que estavam ocorrendo na Europa e América. Foi o próprio
fenômeno que se revelou.
Isso tudo nos leva a crer que as investigações dos primeiros
pesquisadores, em torno das manifestações espíritas, obedeceram às exigências
da metodologia científica. Para os espíritas, isso é inquestionável. Por outro
lado, conheço pessoas ligadas à Ciência que são espiritualistas, clarividentes,
aceitam a manifestação dos espíritos, mas não reconhecem o Espiritismo como uma
ciência. Bom... isso merece uma discussão aprofundada. Quem sabe nas próximas
edições da Revista Cristã de Espiritismo...
Mas por que a Ciência não aceita as pesquisas que Kardec, Willian
Crookes e outros pesquisadores realizaram no século XIX? Arrisco uma resposta:
Será que é porque tudo o que temos, daquela época, são apenas registros em
livros, sendo insuficientes para qualquer comprovação científica? Não conheço
pesquisadores analisando manifestações de efeitos físicos metodologicamente,
hoje em dia, pois elas não acontecem mais... pelo menos como ocorriam. A fase
inicial, com manifestações físicas, terminou já na época de Kardec. Foi apenas
o início do processo, para chamar a atenção das pessoas. Bom, para a Ciência,
essa justificativa não vale. E por mais que as evidências de comunicação com os
espíritos sejam indubitáveis para nós, para a Ciência ainda não são suficientes.
Então, tentando responder a pergunta inicial, sinceramente, tenho
dúvidas se podemos considerar o Espiritismo como Ciência. Talvez, o máximo que
podemos fazer é utilizar métodos rigorosamente científicos para tentar analisar
e comprovar os fenômenos espíritas. Acho que até mesmo falarmos em uma
filosofia espírita é algo questionável. Criar uma doutrina ou visão de mundo
não é a mesma coisa que fazer Filosofia. Para isso são necessários postura e
método específicos.
Atualmente, raros pesquisadores usam a Ciência para investigar fenômenos
cuja origem possa ser espiritual. Um deles é o Dr. Julio Peres. Quando ouvi a
entrevista que ele concedeu à rádio CBN-Globo, de São Paulo, não perdi tempo.
Solicitei uma entrevista para que ele pudesse falar aos leitores um pouco sobre
seu mais recente estudo, pioneiro, que envolveu algumas dezenas de médiuns
experientes e aparelhos de última geração.
Dr. Peres demonstrou que durante o processo mediúnico da psicografia,
áreas responsáveis pela criatividade e planejamento foram muito pouco ativadas,
em relação ao alto grau de complexidade dos textos psicografados. Vale a pena
ler a entrevista para saber mais detalhes!
Espero que o trabalho do Dr. Julio Peres possa inspirar outros
pesquisadores a desenvolverem pesquisas realmente científicas, em torno dos
fenômenos espíritas, e, quem sabe, um dia chegarmos a algum tipo de comprovação
que seja aceita pela Ciência e a sociedade em geral, independente da Religião.
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