Irmão X, através da psicografia de
Francisco Cândido Xavier, narra um fato ao qual deu o título de Os Três
Crivos. Conta-nos ele que certo homem aproximou-se de Sócrates, dizendo ter
algo grave a lhe contar. O prudente sábio perguntou ao interlocutor se já havia
passado o assunto pelos três crivos. “Quais crivos?”, perguntou espantado o
homem. “Primeiro”, disse o filósofo, “o crivo da verdade: tem certeza
da veracidade do quer comunicar?” O interlocutor disse que não, pois só ouvira
dizer. Sócrates continuou perguntando se ele já havia passado o assunto pelo crivo
da bondade e o homem negou argumentando que de bom nada havia. Diante
disso, o sábio recorreu ao terceiro crivo, o da utilidade e,
prontamente, o interlocutor disse que de útil, também, nada havia. “Bem,
rematou o filósofo num sorriso, se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem
bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que
nada valem casos sem edificação para nós”...
Nessa pequena história, parece-nos
muito claro o ensinamento de Jesus: “Quem tem ouvidos de ouvir, ouça”. Todos,
indistintamente, aguardamos ouvir os chamamentos de Jesus. Esperamos que vozes
celestiais nos cheguem aos ouvidos convocando-nos para, em nome do
Mestre, realizarmos grandes obras. É justo esperar, mas será que não
precisaríamos antes melhorar nossa audição para ouvir os chamamentos?
Emmanuel, na lição 72 do livro Palavras
de Vida Eterna, nos lembra que analisar, refletir e ponderar são
modalidades do ato de ouvir, pois que necessitamos estar atentos e dispostos a
identificar o sentimento das vozes, bem como as sugestões e situações que as
rodeiam. Mas, por que precisamos ter esse cuidado? Porque somente após
aprendermos a ouvir com atenção, analisar o que se ouviu, a refletir sobre as
palavras ditas, os sentimentos que as moveram e a ponderar sobre a sua
utilidade - para o nosso crescimento e o dos outros - é que poderemos falar de
modo edificante na estrada evolutiva que ora trilhamos.
O Orientador Espiritual nos lembra
que quem ouve, aprende, e quem fala, doutrina. O primeiro,
retém, e o segundo, espalha, e somente aquele que guarda, na experiência
que renova, pode espalhar com êxito. Todos nós, em experiência planetária,
nascemos com uma função definida, pouco importando que seja simples
ou complexa. Para Deus, qualquer que seja sua importância, estará sempre ligada
à nossa necessidade individual de aprimoramento. Nós, por não entendermos os
desígnios divinos, é que não aceitamos essa condição. Julgamo-nos merecedores
de tarefas mais importantes, de maior destaque, sem nos atermos ao fato de que,
muitas vezes, sequer conseguimos realizar as pequenas tarefas diárias que nos
são confiadas, ou pelas quais nos responsabilizamos. Apenas falando pode ser
que abandonemos o trabalho no meio. Entretanto, se começarmos realmente a ouvir
sempre e mais, com certeza, atingiremos, e de forma serena, os fins aos
quais nos destinamos.
Quando falamos em ouvir os
chamamentos de Jesus é necessário nos lembrarmos do seguinte: no Cristianismo,
o chamamento do Mestre tem um significado bem específico, ou seja, o apelo do
Cristo ao ministério religioso. Todavia, à luz do Espiritismo, ele é muito mais
amplo, pois que, em cada situação da nossa existência, estejamos encarnados ou
desencarnados, podemos registrá-los. Senão, vejamos: no seio familiar ele
surge através dos problemas difíceis que necessitamos solucionar, após ouvir,
com serenidade e isenção de ânimos, as partes envolvidas; diante do
companheiro desconhecido que nos solicita cooperação; à frente do
adversário que pede tolerância e entendimento, nos conclamando ao perdão
com o esquecimento do ato ofensivo; junto ao enfermo a nos solicitar
a assistência amorosa, seja no trato das feridas físicas ou espirituais;
e na atitude de bondade e compreensão que nos roga a criança, exigindo
de nós cuidados maiores diante da fragilidade dessa planta que necessita das
mãos fortes do adulto para não fenecer.
Somos todos discípulos de
Jesus, precisando ouvi-Lo, dando testemunhos da nossa fidelidade aos
ensinamentos que deixou, procurando segui-Lo onde estejamos e como estejamos,
na certeza de que, somente através do exercício constante no bem, estaremos
atendendo ao chamamento do Divino Amigo, porque teremos então ouvidos de ouvir.
Referências:
Emmanuel (Espírito). Palavras de Vida Eterna – [psicografado
por] Francisco Cândido Xavier – 20ª ed., Edição CEC – UBERABA/MG - lições 72,87
e 95.
Fonte Viva – [psicografado por] F.C.Xavier – 16ª ed., FEB – RIO DE
JANEIRO/RJ - lições 32 e 153.
Caminho, Verdade e Vida – [psicografado por] F.C.Xavier – 17ª ed.,
FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - lição 77.
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Um comentário:
Lindo, lindo....muito lindo. Precisamos muito dessas leituras para aprender-mos e melhorar nossa conduta moral, ética e espiritual e fazermos um planeta de AMOR.
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