“Ide e pregai a palavra divina. É chegada a
hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação, hábitos, trabalhos,
ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco.” —
Erasto (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 20 – Os trabalhadores da última
hora – Missão dos espíritas)
As palavras do
Espírito protetor Erasto não só ressaltam a importância do espírita consciente
em divulgar o Espiritismo como nos faz refletir sobre um outro ângulo da
necessária divulgação. Leva-nos, as palavras de Erasto, a indagar:
“Será que esse
‘Ide e pregai’ significa pregar as palavras divinas nas Casas Espíritas,
apenas?” “Será que Erasto não estava indicando-nos uma amplitude maior,
imaginando a importância de pregarmos as palavras divinas não somente nas Casas
Espíritas?”
É importante
que conscientizemo-nos que é missão dos espíritas divulgar as palavras
consoladoras não somente para os espíritas, mas para todas as pessoas. Não
teremos dúvida quanto a essa dedução se atentarmos à seguinte frase contida no
texto “Missão dos espíritas”: “Certamente falareis com pessoas que não quererão
ouvir a palavra de Deus (…)”. Se o Espírito Erasto disse que falaríamos a quem
não quer ouvir a palavra de Deus, então não estava referindo-se aos
freqüentadores da Casa Espírita. A boa lógica leva-nos a concluir que nossa
missão vai além do que hoje estamos fazendo. Precisamos começar uma verdadeira
cruzada a favor da divulgação de nossa Doutrina. O culto ao bezerro de ouro
precisa ser combatido com todas as forças.
Cruzada?
Combater o
culto ao bezerro de ouro?
Ao leitor que
se assustou com as palavras “cruzada” e “combater o culto ao bezerro de ouro”,
atenção: essas palavras não são do autor deste texto. Elas estão em O Evangelho
segundo o Espiritismo, nosso guia de vida. Essas palavras são de Erasto, que
disse:
“(…) parti em
cruzada contra a injustiça e a maldade. Ide e aniquilai esse culto ao bezerro
de ouro, que se expande dia após dia. Ide, Deus voz conduz!”
Talvez o leitor
pense: “Será que essas novas atitudes não implicariam em pisarmos em terreno
perigoso?”
Caro leitor,
Jesus e Kardec, não pisaram em terrenos perigosos? Se Jesus e Kardec foram
audaciosos, pisando em terreno “minado”, sendo maltratados, criticados e
ultrajados, por que nós espíritas devemos, tranquilos, continuar sendo levados
ao sabor do vento calmo?
Há um grande
risco no ar!
Somos humanos.
Isso significa dizer, somos falhos.
E, de repente,
ansiosos por seguirmos a sugestão de Erasto, ansiosos por sermos audaciosos,
como foram Jesus e Kardec, podemos errar. Podemos colocar os pés pelas mãos. A
nossa palavra, não obstante revestida da boa vontade, pode criar polêmicas
inúteis. Pode desrespeitar as demais instituições, pode projetar uma imagem
negativa do que é ser espírita, e do que é o Espiritismo. Por tudo isso, é
importante que saibamos que, para fazer parte do grupo que divulgue o
Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita, é preciso que o
espírita-divulgador tenha algumas especiais qualidades, dentre elas:
a. seja um profundo conhecedor da Doutrina
Espírita;
b. seja espírita praticante;
c. não faça proselitismo;
d. respeite e valorize todas as instituições religiosas;
e. não entre em polêmicas inúteis;
f. faça prevalecer, nas eventuais discussões, o direito de escolha religiosa;
g. aja sempre com brandura e bom senso.
b. seja espírita praticante;
c. não faça proselitismo;
d. respeite e valorize todas as instituições religiosas;
e. não entre em polêmicas inúteis;
f. faça prevalecer, nas eventuais discussões, o direito de escolha religiosa;
g. aja sempre com brandura e bom senso.
Sabemos que encontrar pessoas que reúnam todas
as qualidades acima não é impossível, mas, também, não é fácil. A tendência
natural é que acatem essa missão, os espíritas que mais abraçam as palavras do
que os atos. E o ideal seria que estivessem à frente dessa cruzada, aqueles
espíritas que mais valorizam os atos do que as palavras. E geralmente, obviamente
com exceções, falta a esses por demais sensatos e grandiosos espíritas uma
qualidade extremamente necessária no mundo de hoje: falta audácia.
Temos aí um dilema! Os que, por direito
adquirido (por serem espíritas exemplares), podem cumprir essa missão, tendem a
não cumpri-la. Os que ainda não adquiriram o direito de cumprir essa missão
querem cumpri-la.
Uma observação: a afirmação de que os espíritas
exemplares tendem a não cumprir essa missão, talvez leve a interpretações de
que esses não trabalham a favor do Espiritismo. Não é isso. Todos sabemos que
cada vez mais os espíritas estão atuando a favor do Espiritismo, que cada vez
mais surgem compêndios e livros esclarecedores, que cada vez mais a união e a
unificação têm sido metas de muitas Casas Espíritas. Fácil fica entender a
afirmação que “os espíritas exemplares tendem a não cumprir essa missão”, se o
leitor não esquecer que esse texto faz referência a um outro ângulo da
divulgação, que é a missão de levar o Espiritismo para fora da Casa Espírita.
Caro leitor, esse texto que você está lendo deixa de ter sentido caso você já
tenha visto em sua cidade, por intermédio de cartazes, e também nos principais
jornais, bem como no rádio e na televisão, a divulgação de uma palestra
espírita, dirigida aos não-espíritas, cujo tema seja (por exemplo): “Conheça o
Espiritismo e acabe com seu preconceito”. Aí vem a pergunta: é comum ocorrerem
palestras espíritas dirigidas aos não-espíritas de sua cidade? A resposta,
quase que geral, é “não”. Se assim é, estamos bem fazendo nossa parte em
relação ao “Ide e Pregai”?
Não podemos
postergar essa nossa missão de levar o Espiritismo além das quatro paredes do
Centro Espírita.
O desafio aí está!
Joanna de Ângelis, de forma explícita, também
reforça a necessidade de levarmos, a outros cantos, a essência da Doutrina
Espírita. Nas páginas 175 e 176 do livro psicografado por Divaldo Franco, Jesus
e o Evangelho à luz da psicologia profunda (Leal), Joanna de Ângelis diz:
“cabem neste momento graves compromissos que não podem nem devem ser
postergados”. Essa tão querida educadora espiritual passa-nos os quatro
procedimentos que cabem aos espíritas e que, repetindo, “não podem nem devem
ser postergados”:
I. proclamar a Era Nova;
II. demonstrar a existência do mundo causal (causa e efeito);
III. demonstrar a anterioridade do Espírito ao corpo; e
IV. demonstrar os incomparáveis recursos saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da ação do bem ininterrupto.
II. demonstrar a existência do mundo causal (causa e efeito);
III. demonstrar a anterioridade do Espírito ao corpo; e
IV. demonstrar os incomparáveis recursos saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da ação do bem ininterrupto.
Joanna de Ângelis esclarece que os
procedimentos acima devem ser demonstrados “pela lógica e pelo bom senso, assim
como através da mediunidade dignificada”. Alerta-nos ainda que esses
procedimentos devem ser executados pelos “espíritas conscientes das suas
responsabilidades – aqueles mesmo que se equivocaram e agora recomeçam em
condições melhores”. E ainda complementa: devemos agir “sem qualquer
desconsideração pelos diferentes credos religiosos e filosofias existentes.”
Como espíritas, não nos esqueçamos: de nossa
missão, segundo Erasto, e dos nossos graves compromissos, segundo Joanna de
Ângelis.
Mãos à obra! Sejamos espíritas audaciosos: sem
proselitismo e sem desrespeitar as demais instituições religiosas, levemos,
além de nossas quatro paredes, as palavras consoladoras de nossa amada
Doutrina.
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