“Quem não conheceu a si mesmo não conhece nada, mas quem se
conheceu veio a conhecer simultaneamente a profundidade de todas as coisas”,
esta frase é atribuída a Jesus Cristo. Mas não adianta ir procurá-la na Bíblia.
Ela não está em nenhum lugar dos Evangelhos de Lucas, Marcos, Mateus ou João,
os únicos relatos da vida de Jesus que a Igreja considera autênticos. A citação
faz parte de um outro evangelho - o de Tomé. Também não perca seu tempo
procurando por esse livro no Novo Testamento. Não há por lá nenhum evangelho
com o nome do mais cético dos apóstolos, aquele que queria "ver para
crer".
Os Apócrifos
do Novo Testamento, também conhecidos
como "evangelhos apócrifos", são uma coletânea de textos, alguns dos
quais anônimos, escritos nos primeiros séculos do cristianismo, votados no Primeiro Concílio
de Niceia, não reconhecidos
pelo cristianismo ortodoxo e que,
por isso, não foram incluídos no Cânone do Novo Testamento. Não existe um consenso entre todos os ramos da fé cristã
sobre o que deveria ser considerado canônico e o
que deveria ser apócrifo.
Não sabemos exatamente qual o critério usado pela Igreja para
designar os livros que eram apócrifos ou canônicos (do grego Kanón -
catálogo de Livros Sagrados admitidos pela Igreja Católica). Mas provavelmente, era apenas uma conveniência
daquela época.
A primeira separação oficial entre os textos aconteceu em 325
no Primeiro Concílio
de Niceia, convocado pelo
imperador romano Constantino, que havia aderido ao cristianismo. Foram feitas
votações para eleger quais os evangelhos fariam parte da bíblia oficial. A separação atual foi
imposta pelo Concílio de Trento, convocado pelo Papa Paulo III, representante máximo da Igreja Católica, realizado de 1545
a 1563. Mas bem antes disso, os pais da igreja, já no século II, combateram esses textos nos seus escritos. Eusébio, por exemplo, os denomina como "totalmente
absurdos e ímpios". Desde o
início do Cristianismo parece ter havido fraudes. O apóstolo Paulo, por exemplo, começou a assinar suas cartas por causa de
textos falsos que circulavam na igreja no já no século I (II Tes 3:17 e 2:2).
"O cânon foi estabelecido para unificar a fé cristã,
delimitar o que era dito a respeito de Deus e seu Filho e para reforçar seus
dogmas. Aqueles textos que, segundo a Igreja, não têm autoria de um apóstolo
(caso dos evangelhos) ou têm conteúdo divergente do texto bíblico, não podem
ser considerados sagrados", diz Jonas Lopes, doutor em Teologia e Ciências
da Religião e pesquisador de textos apócrifos cristãos.
Independente de que forma ou porque motivo, os evangelhos
apócrifos sobreviveram ao tempo e despertam a curiosidade das pessoas. O motivo
da popularidade provavelmente é porque eles revelam mais sobre Jesus e
preenchem lacunas deixadas pelos evangelhos canônicos.
Muitos pesquisadores consideram que os apócrifos revelam um Jesus mais humano.
Questões de poder e espiritualidade são tratadas de uma forma mais ecumênica.
Muitos deles apontam a importância do autoconhecimento para o caminho da
sabedoria e deixam de lado o grande estigma cristão, a culpa. O Evangelho de
São Tomé, por exemplo, atrai a atenção daqueles que procuram pela
espiritualidade, mas desconfiam das religiões.
Grande parte dos apócrifos valorizava o papel feminino.
Muitos textos demonstram que Maria Madalena tinha autorização de Jesus em
pregar a sua palavra.
Às vezes, os apócrifos proporcionam detalhes que
descrevem a sensibilidade dos cristãos dos primeiros séculos ou que confirmam
os dados contidos nos evangelhos canônicos. Ainda que não contenham fontes
escriturísticas de primeira mão, os evangelhos apócrifos podem ser úteis para
confirmar alguns dados relatados pelos quatro evangelistas. Em outros casos, o
valor dos apócrifos consiste em refletir a mentalidade do ambiente em que se
originaram.
Existem
pouco mais de 50 evangelhos apócrifos. Alguns são muito antigos;
outros são descobertas recentes. Atualmente um dos apócrifos que tem mais
chamado mais a atenção, é o Evangelho de Judas, pois narra de uma forma
diferente a relação de Judas com Jesus. A única cópia conhecida foi publicada
pela revista National Geographic em abril de 2006.
O "Evangelho de Judas" narra que, Judas seria o
discípulo mais fiel e próximo de Cristo. Segundo o relato, o mestre ordena ao
rapaz que o denuncie e guarde o segredo dos colegas: "Jesus, respondendo,
disse-lhe: Você se tornará o décimo terceiro, e será amaldiçoado pelas outras
gerações - e você virá a governar sobre elas.".
Fontes:
http://conhecespirita.blogspot.com.br/2011/06/evangelhos-apocrifos.html
http://pt.aleteia.org/2013/04/04/o-que-sao-os-evangelhos-apocrifos/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ap%C3%B3crifos_do_Novo_Testamento
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-sao-os-evangelhos-apocrifos
http://urs.bira.nom.br/espiritismo/gfe/gfe00099.htm
http://visespirita.blogspot.com.br/2010/03/livros-apocrifos.html
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