HIV-AIDS – Uma visão médico espírita


Por: Andrei Moreira
Médico Homeopata

   O HIV é um retrovírus transmitido por via sexual, transfusões sanguíneas, compartilhamento de seringas ou de mãe contaminada para o feto, no parto ou amamentação. Ele se multiplica no organismo destruindo as células de defesa, os glóbulos brancos, mais especificamente os linfócitos T CD4. Quando esse exército natural do corpo humano está bastante diminuído, estabelece-se a imunodeficiência, ou AIDS, que abre as portas para infecções oportunistas que debilitam e causam sofrimento ao indivíduo nessa condição. Atualmente, existem cerca de 40 milhões de portadores do vírus HIV em todo mundo, concentrando-se a maioria na África subsaariana. Existem potentes coquetéis anti-retrovirais que impedem a multiplicação viral, auxiliando a evitar a AIDS, diminuindo doenças oportunistas e aumentando a longevidade e qualidade de vida do portador do vírus.

   Na visão espírita, o ser humano é entendido sob o prisma da imortalidade da alma, como um ser eterno, filho de Deus, que marcha rumo ao progresso e à felicidade exercendo a liberdade relativa dada por Deus aos seus filhos. Nesse processo, passa pelas múltiplas vidas sucessivas, ou reencarnação, guiado pelas leis de justiça e misericórdia, ambas derivações da lei do amor, que regulam o equilíbrio da criação. Toda vez que o exercício da liberdade humana fere a lei do amor, o ser entra em desequilíbrio consigo mesmo e com o universo, e quando insiste em seu comportamento, confirmando tendências e hábitos, e muitas vezes construindo vícios na alma, aciona mecanismos automáticos e naturais de reequilíbrio e re-harmonização perante a lei divina, que está inscrita na sua consciência. Guiado pelo amor, o ser evolui construindo o seu percurso da maneira que lhe apraz, determinado ações que geram reações, dentro da lei de progresso inexorável. Dessa forma, atrai para si as circunstâncias a que faz jus e que necessita, com vistas ao crescimento, bem como constrói circunstâncias que não seriam exatamente necessárias para seu progresso, mas que expressam seu momento evolutivo e suas dificuldades morais.

   O corpo humano, guardando sabedoria inata a serviço do espírito imortal que o habita e conduz, obedece à consciência profunda manifestando saúde ou doença conforme esteja o ser equilibrado ou desequilibrado perante a lei do amor, seja consigo mesmo ou com o próximo. Nessa visão, as doenças se manifestam como resultado do posicionamento do ser no mundo, de acordo com seu pensar, falar e agir, posicionamento este reafirmado ao longo do tempo, das vidas sucessivas, e muitas vezes cristalizado em atitudes de desamor e desconsideração aos sentimentos superiores do amor, respeito, consideração, etc. A doença se apresenta como um convite, um chamado da alma, manifestando seu momento evolutivo, seus conflitos, seu estado mental e emocional, bem como suas necessidades espirituais.

   Ao reencarnar, o espírito escolhe o gênero de suas provas e, por meio da análise do seu presente estado, derivado de seu passado espiritual, sabe de suas tendências e predisposições, escolhendo as provas que lhe sirvam como fonte de progresso e expiação das faltas cometidas, visando pacificar a consciência e manifestar saúde total, do corpo e da alma.

   André Luiz nos orienta que as doenças infecto-contagiosas se estabelecem sobre zonas de predisposição mórbida que existam no psiquismo e no corpo espiritual, como consequência natural da ressonância magnética e da necessidade de reequilíbrio do ser imortal.  A infecção pelo HIV é uma circunstância atraída pelo indivíduo para sua vida por variados motivos, que devem sempre ser individualizados, mas que, em linha gerais, podemos dizer que oportuniza o desenvolvimento do auto-amor, do auto-cuidado, da individuação, o estabelecimento de limites e, sobretudo, a reeducação sexual e afetiva profundas, quando este aproveita a condição para seu despertamento espiritual.

   André Luiz nos esclarece que “muito raramente não estão as doenças diretamente relacionadas ao psiquismo. Todos os órgãos são subordinados à ascendência moral.”. O padrão mental e emocional do portador do vírus, bem como as mudanças que faça para tornar-se mais amoroso consigo mesmo e com o próximo, mais cuidadoso com as relações afetivas e com os compromissos assumidos com outros corações, atuarão diretamente na intimidade das células e do sistema imunológico, ativando as defesas naturais do corpo e inibindo a replicação viral. Dessa forma, o HIV pode se tornar uma doença crônica controlável, assim como o diabetes ou a hipertensão arterial, não acarretando sofrimentos dispensáveis visto que o amor cumpriu seu papel educativo na vida do indivíduo.

   A mensagem do Cristo, expressa na sabedoria do evangelho, convida a todos a refletir na sua posição como filhos de Deus, no seu papel co-criador e no desenvolvimento dos dons divinos que haja em si. Ela representa a fórmula de saúde por excelência, conduzindo o homem de volta a Deus.

   O espírito Joseph Gleber, médico alemão do séc. XX, nos informa que “Saúde é a real conexão criatura-criador, e a doença o contrário momentâneo de tal fato”. Útil, portanto, questionar, diante da infecção pelo HIV os porquês e os para-quês da experiência, extraindo da dor o amadurecimento imprescindível para extingui-la com proveito. Para tal se faz necessário uma postura permanente de auto-atenção e autoconhecimento, bem como esforço pelo domínio de si mesmo, dentro da perspectiva otimista e esperançosa que o evangelho propõe. Nessa visão não cabem culpas, pensamentos ou ações depressivas e autopunitivas, e sim coragem e ânimo renovado para vencer-se a cada dia, desenvolvendo o auto-amor que auxilie a despertar o amor ao próximo, como medidas de cura efetiva da alma.

   O espírito Franklim nos oferece um testemunho de sua experiência de amadurecimento com o HIV, dizendo “No meu caso em particular, a aids funcionou como o anjo da dor que me libertou das garras da viciação e do desequilíbrio moral. Talvez alguns estranhem por eu falar dessa forma, mas após a jornada triste e sombria que eu realizei, quando encarnado, nas loucuras do desregramento, a doença realmente funcionou como um freio, proporcionando-me a oportunidade de rever meus passos na vida moral, e, graças à ajuda dos amigos espirituais, pude libertar a minha consciência do pesadelo do mal e do desequilíbrio”.

   A doutrina espírita, ofertando esclarecimentos e orientações sobre a natureza do ser e sua íntima relação com a matéria, as consequências físicas e morais de seus atos,  oferece amplo caminho de aceitação de si mesmo e responsabilização espiritual perante as circunstâncias do caminho. A fluidoterapia, por meio dos passes e água magnetizada, bem como a renovação dos padrões da alma, são recursos medicamentosos efetivos e profundos oferecidos gratuitamente, bastando a aceitação do sujeito de suas responsabilidades e potencialidades espirituais e a decisão por  melhorar-se continuamente na marcha do progresso.

   A casa espírita, enquanto local sagrado de acolhimento e educação dos convidados de Jesus, deve ser o espaço de fraternidade e instrução, que abra os passos para os portadores do vírus HIV e das demais patologias, que desejem se entender sob a visão imortalista espírita, sem críticas, preconceitos ou julgamentos. O trabalho espírita, centrado no amor ao próximo orientado por Jesus, é o trabalho de compaixão e misericórdia, ofertando àqueles que assim desejem campo abençoado de estudo e trabalho, renovação e entendimento, para a conquista da saúde integral.

  Finalmente, a casa espírita deve cumprir seu papel de estimuladora e propiciadora das práticas no bem, nosso maior e melhor advogado em todas as horas. Diz-nos Emmanuel que “quando a justiça nos procure para acerto de contas, se nos encontra trabalhando em favor do próximo, manda a misericórdia divina que ela retorne sobre seus passos sem data prevista de retorno”. E complementa André Luiz2:“o bem constante gera o bem constante e, mantida a nossa movimentação infatigável no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativamente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxilio, nascidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e amor puro, sem necessidade expressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para eliminar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos incorporem, ainda, ao fundo mental. Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo porque os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na auto-defensiva contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus”.

Referências
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec q. 258 e 264 em especiais
Evolução em dois mundos – parte II, cap. XX – André Luiz /Francisco cândido Xavier
Missionários da Luz – André Luiz /Francisco cândido Xavier
O Homem Sadio – Espíritos diversos/Roberto Lúcio e Alcione Albuquerque
Canção da Esperança – diário de um jovem que viveu com AIDS – Ângelo Inácio/ Robson Pinheiro
A Alma da Matéria – Marlene Nobre

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Um comentário:

Anônimo disse...

Esclarecedor