Entrevista com Dr. Ricardo Di Bernardi
Médico pediatra, homeopata, palestrante espírita internacional, autor de diversos livros.
1- Como o espiritismo vê a questão da pedofilia?
R: Como um grave desequilíbrio mental e espiritual, necessitando
severo tratamento multidisciplinar, isto é envolvendo diversos profissionais
além de tratamento espiritual complementar.
2- Qual a razão de existirem
pedófilos?
R: A mesma razão de existirem quaisquer outros desequilíbrios psíquicos.
São atitudes doentias que se estruturaram ao longo de uma ou mais existências,
ou seja, reencarnações. Ninguém foi criado pedófilo.
3- O que se passa nas suas
mentes?
R: Cada um deles tem uma história. Não há como colocar todos em um mesmo
rótulo. Mas poder-se-ia dizer que tem um impulso sexual doente e destituído de
ética.
4- Quais os traumas que eles têm?
R: Diversos, e variam conforme cada caso. Podem ter sofrido: violência
infantil, abandono, desprezo, presenciado quando em tenra idade, sexo entre os
pais, enfim outras distorções de educação ou de vivência.
5- Como se explica tal
comportamento?
R: A resposta é tão difícil como explicar qualquer outra grave alteração
de comportamento. São espíritos que pelo seu atraso, imaturidade, ignorância e,
sobretudo pelo livre arbítrio desviaram-se da linha normal de conduta.
6- E as vitimas, por que isso?
R: Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre
reencarnação, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância
da pedofila. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por
escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como
ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária. Nossa abordagem será pelo
ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são dois espíritos,
no mínimo, envolvidos na tragédia em questão. Cumpre-nos esclarecer que o livre
arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao
atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima
atitudes, mas oportuniza as criaturas decidir e se responsabilizar pelas consequências
de seus atos posteriores.
Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor
repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de
esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos
perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de
uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim
de ser violentado ou sofrer pedofilia.
A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário
dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.
É a Lei maior que a tudo preside uma lei de amor que coordena as leis da
natureza. Então, como conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença
divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas
circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse
presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita
bondade e onisciência.
Outra questão importante: Quem é a “vítima”? Analisemos. Cada um de nós
ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo,
são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no
passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos,
representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso “passaporte” inúmeros
“carimbos” das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória
dessas experiências se traduzem em manancial energético que irradia
constantemente do nosso interior para a superfície desta vida.
Assim, é também a “vítima”. A criança, que hoje se apresenta de forma
diferente, traz em seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a
irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma.
Algumas dessas, hoje crianças, participaram intelectualmente de
verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual
de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram
investidas, de crimes nesta área. Enfim, são múltiplas as situações geradoras
da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos
vibratórios da criança, nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado
momento, uma surpresa desagradável. O espírito, criança agora, poderá atrair e
sintonizar com a frequência do agressor, ou seja, o pedófilo e ser agredida.
Identificados dois dos protagonistas (agressor e criança), temos também
que considerar o frequente processo obsessivo que vinha se desenvolvendo. Uma
outra entidade pode estar fixa perifericamente ou até profundamente à trama
perispiritual de um ou dos doisenvolvidos no processo.
Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programada a violència
ou o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No
entanto, o crime existindo, necessário compreender em uma visão mais ampla o
que está acontecendo. A espiritualidade sempre fará o máximo para evitar o
“mal” ou não sendo possível, apoiar aos que sofrem.
O espírito submetido à violência da pedofilia sofre intensamente no
processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Não houve a
programação, mas a tendência que trazia era forte e havia o risco em passar por
algo do gênero , que, a espiritualidade não conseguiu evitar. Perante a Lei
divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão
arbitrária em face da violência cometida por outro. Violência que gera
violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com uma postura de amor,
de orientação e de perdão.
A violência da pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos
os envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação familiar.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que, visam amparar os
envolvidos nesta dor. Amigos do extrafísico cheios de ternura em seu coração,
com projetos de dedicação e amparo, sempre se fazem presentes.
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.
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