Ao longo da história do homem já ocorreram
incontáveis situações de desencarne coletivos. Ações da natureza como
terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas levaram incontáveis pessoas ao
desencarne. E na história recente temos presenciado situações de desencarne por
outras razões, como naufrágios, acidentes aéreos, acidentes automobilísticos,
incêndios, desabamentos, ocupação inadequada de áreas de risco como áreas
costeiras sujeitas a tsunamis, encostas de morros, e outras.
O desencarne é um assunto importante
em nossas vidas, pois significa o final desta oportunidade reencarnatória, e a
interrupção das relações familiares e de amizade, dentro dos padrões que
conhecemos e estamos acostumados aqui na Terra. Logo é natural que o desencarne
de muitas pessoas simultaneamente nos chame ainda mais a atenção. É
consequência da característica do ser pensante,
refletir sobre sua vida e sobre sua interrupção. E por isso temos nos perguntado:
por que ocorrem estas situações onde muitas pessoas desencarnam ao mesmo tempo?
Em mensagens recentes através do
Médium Maury Rodrigues da Cruz, os espíritos Leocádio José Correia e Marina
Fidélis nos alertam para o fato de que os desencarnes coletivos não representam
resgate de erros em vidas passadas, ou qualquer tipo de castigo ou punição.
Também não são resultado da influência de espíritos desencarnados. A reflexão
que os espíritos orientadores nos trazem está em torno do uso mais construtivo
do nosso livre arbítrio, o que nos leva a pensar mais criticamente sobre os
fatos que causam os desencarnes coletivos, ao invés de nos apegarmos a
explicações que retiram de nós a responsabilidade sobre os fatos que ocorrem em
nossa sociedade.
Com a evolução do conhecimento
científico o Homem passou conhecer mais a fundo os detalhes do ambiente onde
vive, o planeta Terra. Passou a conhecer e a entender os vulcões, os
terremotos, os tsunamis, as ações dos ventos, das chuvas, do fogo, do frio e do
calor. Assim,hoje já sabemos que o planeta nos traz situações de risco à vida
do corpo, e passamos a evitá-las quando possível. Evitamos ocupar encostas de
morros, evitamos ocupar áreas sujeitas a terremotos, não ocupamos áreas de
risco próximas a vulcões com possibilidade de erupção. Ao mesmo tempo a
evolução da tecnologia nos trouxe sistemas de alerta para tempestades, tsunamis
e erupções vulcânicas, reduzindo o risco de exposição das pessoas a tais
eventos naturais. Desta forma, com base no conhecimento, na mudança de
comportamento e na prevenção, certamente temos evitado mais situações de
desencarnes coletivos em função de eventos naturais.
Por outro lado, a evolução do
conhecimento humano gerou mudanças importantes na sociedade global.
Intensificamos as relações entre países e continentes. Desenvolvemos aeronaves
com capacidade de transportar centenas de passageiros, grandes navios com
capacidade para mais de 6 mil pessoas, automóveis, ônibus, edifícios. Mas, nem
sempre o conhecimento aplicado consegue prever todas as situações, e o
desenvolvimento da cultura, da mesma forma, nem sempre acompanha o avanço da
tecnologia. Assim temos situações diversas que podem levar a acidentes: por um
lado podem ocorrer falhas nos aviões, navios, automóveis, trens; por outro lado
muitas vezes fazemos uso inadequado desses meios de transporte, nos colocando
em situações não previstas e causando acidentes. Antes de termos inventado
aviões, automóveis e edifícios não ocorriam desencarnes envolvendo estes
recursos. Nós os inventamos, nós os usamos, nós os mantemos, nós cuidamos ou
não do seu aprimoramento e das condições para seu uso. Estradas com manutenção
precária; aeroportos situados dentro das cidades e com restrições para
ampliações; pressão por resultados financeiros crescentes que acabam reduzindo
a atenção e os investimentos em segurança; todas essas situações são escolhas
humanas, escolhas feitas por nós espíritos encarnados, e que muitas vezes levam
a situações que provocam o desencarne de várias pessoas.
E como temos a população em
constante crescimento, temos cada vez mais locais onde ocorre a aglomeração de
pessoas, como por exemplo em aeroportos, rodoviárias, supermercados, shopping
centers, grandes eventos, casas noturnas, escolas, hospitais. Quais são os
riscos que estes ambientes podem oferecer à vida daqueles que lá estão? Temos
pensado a respeito? Temos atuado em sua prevenção? Como espíritos encarnados
todos fazemos parte do grupo responsável pelo padrão de vida estabelecido na
Terra no momento.
Na visão espírita não há destino.
Há justiça, o que significa efeitos coerentes com as causas que lhes deram
origem. Se atuarmos no sentido da prevenção, do ajuste de comportamento, da
manutenção da vida, teremos menos situações de desencarne, independentemente de
quantas pessoas estejam envolvidas. Entretanto, se adotarmos as explicações
religiosas que eximem a sociedade de sua responsabilidade sobre tais fatos,
justificando os desencarnes em supostos processos ditos cármicos, estaremos
aceitando postergar aprendizados importantes e repetir sofrimentos evitáveis.
Tendo essas reflexões como base,
como podemos avaliar os desencarnes ocorridos recentemente na Boate Kiss, em
Santa Maria, RS?
Os espíritos desencarnados tem
alguma influência nos desencarnes coletivos? As equipes espirituais podem ser chamadas a
intervir construtivamente no sentido da prevenção de algum evento humano de
grande significado para a civilização, desde que isso não limite o
livre-arbítrio das pessoas. No caso de desencarnes coletivos a influência das
equipes espirituais é semelhante ao das equipes encarnadas, ou seja, é de apoio
e ocorre após o evento.
Os jovens que desencarnaram na
boate Kiss em Santa Maria eram espíritos responsáveis pelas mortes de pessoas
nas câmaras de gás na Alemanha? Não passaria de coincidência se entre aqueles
jovens houvesse ao menos um dos participantes daquelas atrocidades. Apesar das
semelhanças entre o método usado nos campos de concentração e o acidente de
Santa Maria, os espíritos orientadores afirmam que não se trata de resgate,
pois a intenção da Lei Maior é o aprendizado e não a punição. O conceito humano
de justiça, por meio do método conhecido como “olho por olho”, é uma criação
humana atribuída ao rei Babilônio Hamurabi, aproximadamente 1800 anos antes de
Cristo. Percebendo a injusta desproporção em crime e castigo vigente em seu
reino, ele promulgou leis que previam que as penas não deveriam ser maiores que
os crimes. Jesus trouxe a evolução do conceito de retaliação ao propor o
perdão aos inimigos como forma de não perpetuar a dor. Mahatma Gandhi em 1948
argumentou sobre o acerto do perdão explicando que se formos buscar a justiça
por meio do olho por olho, acabaremos todos cegos.
Mas, e onde ficaria a justiça se
os algozes das atrocidades humanas não receberem sua justa punição? O desejo de vingança é uma
imperfeição do caráter humano. Assim como aprendemos a imaginar Deus como um
homem forte, acabamos imaginando características humanas também para sua
justiça. Jesus foi bastante claro ao questionar o mérito de perdoar quem
amamos e ao insistir que devemos perdoar setenta vezes sete vezes aqueles que
nos fizeram mal. Devido a essas mesmas imperfeições, há inúmeras maneiras pelas
quais nós, os espíritos encarnados, aprenderemos sobre a importância da
proteção da vida durante nossos estágios encarnatórios. Dentro do princípio de
amor e perdão, não faz sentido pressupor equipes espirituais encarregadas de
aplicar “penas de morte” a encarnados que erraram no passado.
Como avaliar as mensagens de
espíritos que confirmam os resgates coletivos? Consta que uma vez Emmanuel
disse o seguinte ao médium Chico Xavier "Se algum dia, eu disser algo
diferente do que disse Jesus e Kardec, fique com Eles e abandone-me."
Evidentemente, não há como abandonar o inestimável tesouro de princípios,
ideias, exemplos e interpretações de Chico Xavier, como pessoa e como médium;
bem como os conteúdos trazidos pelos espíritos que o orientaram. Ocorre que
deixar de refletir sobre o conhecimento a fim de atualizá-lo é tornar a
evolução mais lenta. Devemos lembrar que o Espiritismo é o estudo, o
entendimento e a prática dos princípios fundamentais da Doutrina. Portanto deve
estar em constante movimento evolutivo através da sua própria revisão.
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4 comentários:
Com essa visao voltamos ao pensamento de estarmos entao a mercê da sorte.
Nosso livre arbítrio é que manda.
Eu entendi com o texto que a responsabilidade desses acidente são de nós, encarnados. Que ter o costume de por em Deus ou demais espiritos a responsabilidade de nossos atos, torna a nossa evolução e consciência mais demorada. Não estamos a mercê da sorte, mas muitas xs os efeitos negativos que colhemos estão ligados a causas ruins que praticamos.
Qto mais leio mas confusa tenho a ficar....sempre ouvi ,não cai uma Folha se quer sem a permisao de Deus.
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