O desânimo é inimigo sutil do ser humano.
Instala-se a pouco e pouco, terminando por vencer as resistências morais, que
se sentem desestimuladas por falta de suporte emocional para a luta.
São várias as causas do desânimo. Pode ser
resultante de uma enfermidade orgânica, que gera perda de energia, por
consequência, de entusiasmo pela vida.
Pode resultar de estresse decorrente de agitação ou
de tensões continuadas. Também por frustrações profundas, que deixam n’alma um
grande vazio.
Contudo, seja qual for a causa, o importante é não
se deixar envolver pelo desânimo, desalentador e destruidor de vidas.
Se a causa é a enfermidade, o estresse ou a
frustração, há que se buscar a terapia conveniente.
Por vezes, um pequeno estímulo, um alento é
suficiente para se sair de um estado de desânimo para o de entusiasmo.
Um ilustre juiz contou, certa vez, um episódio que
transformou toda a sua vida. Aos dezesseis anos de idade, viu-se obrigado a
deixar a escola e a se empregar como varredor numa fábrica.
Quando veio a crise econômica da década de 1930,
numa tarde cinzenta, na véspera de Natal, ele foi despedido, junto com centenas
de outros empregados.
Quando saiu para a rua, ao final do turno de
trabalho, foi seguindo no meio de uma fila silenciosa e sombria de operários.
Embora adolescente, ele se sentia envelhecido num
mundo sem esperanças.
À sua frente, caminhava um homem magro e mal
vestido. Aquele homem também fora despedido. Mas ia assobiando pelo caminho.
O rapaz se aproximou dele e perguntou:
O que você vai fazer agora?
E o desconhecido respondeu com naturalidade:
Acho que vou para a Àfrica. Lá,
rapaz, as estrelas sobre o deserto são do tamanho de ameixas. Ou talvez eu vá
para o Rio de Janeiro. As luzes ali sobem sem parar da praia até o céu.
O mundo é bem grande, rapaz, e o
que há nele dá de sobra para fazer qualquer homem feliz, desde que não tenha
medo de ir aonde a cabeça e o coração o levarem.
Para o adolescente, aquelas palavras tiveram um
grande efeito. Foi como se tivesse sido aberta uma janela na parede de uma
prisão e ele pudesse ver através de milhões de quilômetros.
Foi para casa com a cabeça cheia de planos. Se
aquele homem, bem mais maduro do que ele, tinha forças para tecer planos para o
futuro, ele, adolescente, deveria ter muito mais.
E, pensando assim, na semana seguinte não somente
conseguiu encontrar um meio de se manter, como se matriculou numa escola
noturna, perseguindo o seu sonho que viria se tornar realidade: formar-se em
Direito e seguir a carreira da magistratura. Ser juiz.
* * *
Nunca será demais insistir que a oração é arma
poderosa para o combate ao desânimo. Ela favorece a canalização de energias
superiores, que vertem da Divindade em direção ao indivíduo que se encontra em
atitude receptiva.
Com a prece, a criatura vai sentindo momentos de
bem-estar e euforia. São momentos rápidos, mas que pela constância, vão se
fixando na criatura, até se tornarem habituais, preenchendo o vazio interior.
O hábito da oração sincera restitui a alegria de
viver, oferecendo ao ser metas saudáveis e renovadoras, que o enriquecem de paz
interior.
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