Por: Indalício
Mendes
Nenhum problema espírita sobreleva, em importância,
o da mediunidade. Basta dizer que tudo, no mundo espírita, gira em torno dela.
Eis por que qualquer trabalho destinado a desenvolver, orientar e fortalecer o
médium deve constituir motivo de cuidadosa atenção dos espíritas. Em nossos
dias, vemos que o Espiritismo ganhou muito em extensão, mas está perdendo em
qualidade, porquanto a seara tem sido invadida por falsos profetas, mais
preocupados com questões mundanas do que com assuntos de relevância espiritual.
A facilidade com que qualquer indivíduo se arvora em mentor espírita tem dado
armas aos inimigos do Espiritismo e criado embaraços aos trabalhadores
verdadeiramente integrados nos deveres doutrinários. A mediunidade tem sido
descurada pelo próprio médium, pois ele nem sempre se interessa pelos encargos
espirituais, envaidecendo-se a ponto de se considerar acima dos outros mortais.
Entre o mediunismo e o animismo há mistificadores
conscientes, dissimuladores teatrais, cujo objetivo é impressionar os incautos.
Não são realmente espíritas os que assim procedem, mas aventureiros que se
insinuam no Espiritismo, para ele muitas vezes trazendo práticas exóticas de
outras religiões, convencidos de que a novidade é fator magnífico para
sugestionar os simples. O Espiritismo nada tem com esses “vendilhões do
templo”, mas os inimigos da Terceira Revelação de tudo se aproveitam para
atacá-lo. A melhor maneira de os espíritas ciosos do prestígio da Doutrina
realizarem sua defesa, está em desenvolverem o trabalho de esclarecimento
doutrinário à luz do Evangelho, dessa maneira, auxiliarão a preparação moral e
espiritual dos novos adeptos, proporcionando-lhes os esclarecimentos de que
necessitam para compreender sua missão terrena e desempenhá-la na conformidade
dos preceitos legitimamente cristãos.
Pela palavra escrita e pela palavra falada, todos
os espíritas capazes de levar avante esse esforço elucidativo poderão chamar à
reflexão aqueles que ainda não se aperceberam das vantagens da disciplina
doutrinária, dos que se mostram avessos aos ensinamentos éticos do Espiritismo
ou dos que, ainda tocados do ceticismo de religiões ditas cristãs, mas divorciadas
espiritualmente do Cristo, permanecem à margem das lições sublimes do
Evangelho. Esses necessitam muito da assistência paciente e do devotamento dos
doutrinadores, principalmente os que são médiuns, porquanto, na maioria dos
casos, eles são espíritos fracos, falidos de outras encarnações, que malbaratam
a oportunidade de, pela mediunidade, virem a ressarcir um pouco de seus débitos
morais na existência em curso. Sua obstinação em evitar o bom caminho é indício
de desorientação ou má orientação espiritual, prova amarga ou pesado resgate,
que somente mais tarde reconhecerão, quando, talvez, já não houver tempo para
tentar a reconquista do tempo perdido. O médium que se guia pelo Evangelho pode
encontrar dificuldades, mas terá sempre, nos momentos decisivos, o Cirineu que
há de sustentá-lo, para que não caia, e a luz que lhe iluminará o caminho,
afastando-o dos perigos da obsessão. Pior ainda o futuro dos médiuns desatentos
às obrigações, dos trânsfugas do Evangelho, porque já erram conscientemente,
uma vez que sabem onde podem encontrar o meio de ratificar suas atitudes.
Mediunidade e Evangelho têm que andar juntos. É
imprescindível que assim seja, pois o mundo está subvertido pelo materialismo,
convulsionado pelo egoísmo, envenenado por teorias anticristãs. A humanidade
continua sofrendo e seus sofrimentos irão ao desespero, se não se voltar parta
o Cristo. O pesadelo da guerra que passou não é maior do que o pavor pela
guerra que se aproxima. O ódio está marcando o itinerário de dor deste século
de impiedade, de modo que o homem se dirige para os choques tremendos e as
decisões supremas que, parece, assinalarão a chegada do Terceiro Milênio. O
abandono das noções de respeito e de dignidade é sintoma da falta de educação
evangélica. O homem que crê é sóbrio, fraterno e altruísta. Não teme, porque
confia. O homem que não crê nem aceita as restrições da moral humana, vacila e
desespera, cuida da hora presente e, para bem aproveitá-la, não olha os
sacrifícios impostos aos seus semelhantes.
Nunca a responsabilidade de ser espírita foi maior
do que nos tempos que correm. Jamais foram tão importantes os deveres dos
médiuns. Por conseguinte, ampará-los, instruí-los e guiá-los é realizar obra
eminentemente cristã. É importantíssimo o trabalho que eles têm a realizar, desde
os mais humildes aos que já podem favorecer a concretização de obras de maior
vulto, pois qualquer trabalho mediúnico fundado no Evangelho é valioso e
fecundo. Toda simulação é perniciosa, não apenas ao simulador, que pode ser
vítima de Espíritos trevosos, mas também a quem dele se serve.
A mediunidade remunerada – nunca é demais lembrar –
é uma traição a Jesus, porque deturpa a finalidade do serviço espiritual. O
médium que assim procede corrompe a mediunidade e pode arrastar ao infortúnio
os que nele confiam, concorrendo para a desmoralização de si mesmo. Mas cedo ou
mais tarde terá de resgatar os erros de sua conduta por entre provações
dolorosas.
Infere-se do exposto quão vasto, profundo,
multiforme e importante é o problema do médium e da mediunidade. Para
resguardar-se de influências malsãs, o médium tem de se instruir na Doutrina e
de se fortalecer no Evangelho, cultivando a humildade, buscando honrar sempre e
sempre santificar a mediunidade, porque ela é a viga mestra do Espiritismo. Sem
mediunidade não há Espiritismo, como também seria pueril admitir-se Espiritismo
sem mediunidade e sem médiuns. O que define o Espiritismo cristão é o serviço
mediúnico sob orientação evangélica, dentro dos postulados doutrinários
codificados por Allan Kardec. Concorrer para a elevação moral dos médiuns e do
trabalho mediúnico, à luz do Evangelho, será defender o Espiritismo,
afugentando pela só exposição da Verdade os morcegos da simulação, do
profissionalismo e da mistificação, instrumentos das trevas. Alertar os que se
fazem ponto de manifestações puramente anímicas, será, muitas vezes, reconduzir
ao aprisco ovelhas desgarradas inconscientemente, será transformar num
trabalhador aplicado e útil o médium desprevenido e sem diretriz, às vezes
vítima inerme de infelizes egressos do Umbral.
A divisa continua sendo a mesma de todos os tempos:
- Orar e vigiar!
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Um comentário:
obrigado letra espirita pelas belas postagens e muito instrutivas a nós espiritas. é bom não esquecer do orai e vigiai e sempre tenho comigo, fazer, esclarecer e trabalhar junto ao espiritismo essa seara do bem. seguindo sempre o evangelho de jesus e nunca a dos homens. luz de jesus a todos e que assim seja.
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