Mediunidade - O Sexto Sentido

Por: Indalício Mendes
Nenhum problema espírita sobreleva, em importância, o da mediunidade. Basta dizer que tudo, no mundo espírita, gira em torno dela. Eis por que qualquer trabalho destinado a desenvolver, orientar e fortalecer o médium deve constituir motivo de cuidadosa atenção dos espíritas. Em nossos dias, vemos que o Espiritismo ganhou muito em extensão, mas está perdendo em qualidade, porquanto a seara tem sido invadida por falsos profetas, mais preocupados com questões mundanas do que com assuntos de relevância espiritual. A facilidade com que qualquer indivíduo se arvora em mentor espírita tem dado armas aos inimigos do Espiritismo e criado embaraços aos trabalhadores verdadeiramente integrados nos deveres doutrinários. A mediunidade tem sido descurada pelo próprio médium, pois ele nem sempre se interessa pelos encargos espirituais, envaidecendo-se a ponto de se considerar acima dos outros mortais.
Entre o mediunismo e o animismo há mistificadores conscientes, dissimuladores teatrais, cujo objetivo é impressionar os incautos. Não são realmente espíritas os que assim procedem, mas aventureiros que se insinuam no Espiritismo, para ele muitas vezes trazendo práticas exóticas de outras religiões, convencidos de que a novidade é fator magnífico para sugestionar os simples. O Espiritismo nada tem com esses “vendilhões do templo”, mas os inimigos da Terceira Revelação de tudo se aproveitam para atacá-lo. A melhor maneira de os espíritas ciosos do prestígio da Doutrina realizarem sua defesa, está em desenvolverem o trabalho de esclarecimento doutrinário à luz do Evangelho, dessa maneira, auxiliarão a preparação moral e espiritual dos novos adeptos, proporcionando-lhes os esclarecimentos de que necessitam para compreender sua missão terrena e desempenhá-la na conformidade dos preceitos legitimamente cristãos.
Pela palavra escrita e pela palavra falada, todos os espíritas capazes de levar avante esse esforço elucidativo poderão chamar à reflexão aqueles que ainda não se aperceberam das vantagens da disciplina doutrinária, dos que se mostram avessos aos ensinamentos éticos do Espiritismo ou dos que, ainda tocados do ceticismo de religiões ditas cristãs, mas divorciadas espiritualmente do Cristo, permanecem à margem das lições sublimes do Evangelho. Esses necessitam muito da assistência paciente e do devotamento dos doutrinadores, principalmente os que são médiuns, porquanto, na maioria dos casos, eles são espíritos fracos, falidos de outras encarnações, que malbaratam a oportunidade de, pela mediunidade, virem a ressarcir um pouco de seus débitos morais na existência em curso. Sua obstinação em evitar o bom caminho é indício de desorientação ou má orientação espiritual, prova amarga ou pesado resgate, que somente mais tarde reconhecerão, quando, talvez, já não houver tempo para tentar a reconquista do tempo perdido. O médium que se guia pelo Evangelho pode encontrar dificuldades, mas terá sempre, nos momentos decisivos, o Cirineu que há de sustentá-lo, para que não caia, e a luz que lhe iluminará o caminho, afastando-o dos perigos da obsessão. Pior ainda o futuro dos médiuns desatentos às obrigações, dos trânsfugas do Evangelho, porque já erram conscientemente, uma vez que sabem onde podem encontrar o meio de ratificar suas atitudes.
Mediunidade e Evangelho têm que andar juntos. É imprescindível que assim seja, pois o mundo está subvertido pelo materialismo, convulsionado pelo egoísmo, envenenado por teorias anticristãs. A humanidade continua sofrendo e seus sofrimentos irão ao desespero, se não se voltar parta o Cristo. O pesadelo da guerra que passou não é maior do que o pavor pela guerra que se aproxima. O ódio está marcando o itinerário de dor deste século de impiedade, de modo que o homem se dirige para os choques tremendos e as decisões supremas que, parece, assinalarão a chegada do Terceiro Milênio. O abandono das noções de respeito e de dignidade é sintoma da falta de educação evangélica. O homem que crê é sóbrio, fraterno e altruísta. Não teme, porque confia. O homem que não crê nem aceita as restrições da moral humana, vacila e desespera, cuida da hora presente e, para bem aproveitá-la, não olha os sacrifícios impostos aos seus semelhantes.
Nunca a responsabilidade de ser espírita foi maior do que nos tempos que correm. Jamais foram tão importantes os deveres dos médiuns. Por conseguinte, ampará-los, instruí-los e guiá-los é realizar obra eminentemente cristã. É importantíssimo o trabalho que eles têm a realizar, desde os mais humildes aos que já podem favorecer a concretização de obras de maior vulto, pois qualquer trabalho mediúnico fundado no Evangelho é valioso e fecundo. Toda simulação é perniciosa, não apenas ao simulador, que pode ser vítima de Espíritos trevosos, mas também a quem dele se serve.
A mediunidade remunerada – nunca é demais lembrar – é uma traição a Jesus, porque deturpa a finalidade do serviço espiritual. O médium que assim procede corrompe a mediunidade e pode arrastar ao infortúnio os que nele confiam, concorrendo para a desmoralização de si mesmo. Mas cedo ou mais tarde terá de resgatar os erros de sua conduta por entre provações dolorosas.
Infere-se do exposto quão vasto, profundo, multiforme e importante é o problema do médium e da mediunidade. Para resguardar-se de influências malsãs, o médium tem de se instruir na Doutrina e de se fortalecer no Evangelho, cultivando a humildade, buscando honrar sempre e sempre santificar a mediunidade, porque ela é a viga mestra do Espiritismo. Sem mediunidade não há Espiritismo, como também seria pueril admitir-se Espiritismo sem mediunidade e sem médiuns. O que define o Espiritismo cristão é o serviço mediúnico sob orientação evangélica, dentro dos postulados doutrinários codificados por Allan Kardec. Concorrer para a elevação moral dos médiuns e do trabalho mediúnico, à luz do Evangelho, será defender o Espiritismo, afugentando pela só exposição da Verdade os morcegos da simulação, do profissionalismo e da mistificação, instrumentos das trevas. Alertar os que se fazem ponto de manifestações puramente anímicas, será, muitas vezes, reconduzir ao aprisco ovelhas desgarradas inconscientemente, será transformar num trabalhador aplicado e útil o médium desprevenido e sem diretriz, às vezes vítima inerme de infelizes egressos do Umbral.
A divisa continua sendo a mesma de todos os tempos:
- Orar e vigiar!

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Um comentário:

Eliane Almeida disse...

obrigado letra espirita pelas belas postagens e muito instrutivas a nós espiritas. é bom não esquecer do orai e vigiai e sempre tenho comigo, fazer, esclarecer e trabalhar junto ao espiritismo essa seara do bem. seguindo sempre o evangelho de jesus e nunca a dos homens. luz de jesus a todos e que assim seja.