Por: Luis
Roberto Scholl
A excelência do sentimento do perdão saiu das
hostes da religião e adentrou nos conceitos terapêuticos da psicologia e da
medicina. Ninguém mais tem dúvidas de que a sanidade mental e o equilíbrio
emocional têm raízes profundas no indivíduo que consegue exercer e receber o
perdão.
Desta forma, somos chamados diariamente a praticar
o perdão no lar, no trabalho, no convívio social, nas pequenas coisas do
cotidiano para que, quando necessário, possamos utilizá-lo nas grandes mágoas.
É como o treinamento de um atleta de alta performance: muito
exercício para atingir as grandes vitórias.
O prefixo PER significa ao todo, total; DOAR, dar.
Doar, totalmente, esforço para amar um pouco mais. Se alguém pisar no seu pé,
sem querer, é relativamente fácil perdoar, mas se pisar no pé que está com a
unha inflamada, cuja dor é muito superior, precisará de um esforço maior ainda...
Às vezes o perdão é quase instantâneo, também pode
demorar algumas horas, dias, meses, anos, séculos, algumas reencarnações. Mas
se entender que o perdão é inevitável à conquista da paz, da felicidade, peça
fundamental na evolução do ser, e que sem o perdão sempre haverá pendências que
mais cedo ou mais tarde deverão ser sanadas, o indivíduo, racionalmente,
empreenderá todos os esforços para atingir este intento.
No capítulo 10 de O Evangelho segundo o Espiritismo
(Bem-aventurados os misericordiosos), o apóstolo Paulo afirma: Perdoar os
inimigos é pedir perdão para si mesmo. Perdoar aos amigos é dar-lhes prova de
amizade. Perdoar as ofensas é mostrar que se tornou melhor do que antes.
Perdoai, portanto, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe...
Quando estamos perdoando o outro, estamos também
exercendo o autoperdão; um é consequência do outro, porque somos com o outro
como somos conosco mesmo.
Allan Kardec indica, no livro O Céu e o
Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, a psicoterapia do perdão e
autoperdão:arrependimento (dar-se conta que errou), expiação (desconforto
e sofrimento moral pelo equívoco) e reparação (o ato final, a
corrigenda do erro). O verdadeiro perdão sempre envolve atividades reparadoras.
Mágoas, culpas e ressentimento servem como alerta,
um despertador avisando que alguma coisa na nossa conduta está equivocada.
Quando não trabalhados com a tolerância e o perdão, trazem como consequências
transtornos psiquiátricos ou doenças físicas.
Emmanuel, na obra Pronto Socorro, nos diz
que o remorso é um lampejo de Deus sobre o complexo de culpa que se
expressa por enfermidade da consciência.
Como você se vê no futuro? Como afirmou Pierre Dac,
líder francês da resistência nazista da Segunda Grande Guerra Mundial, o
futuro é o passado em preparação.
Que passado queremos ter daqui a 20, 30 anos ou na
dimensão espiritual ou nas próximas reencarnações?
Vale a pena investir no perdão consigo mesmo e com
o outro para que o remorso e o arrependimento não sejam nossos companheiros no
futuro.
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