Por: Michele Ribeiro de Melo
A faculdade mediúnica sempre foi
exaltada na Bíblia, onde podemos perceber, em Deuteronômio 18:11, que Moisés, o
grande legislador do povo hebreu, proibiu a consulta aos chamados “mortos”.
A proibição de Moisés nos leva a
importantes reflexões, isto porque, se houve proibição naquela época, devemos
nos ater aos motivos que ensejaram o grande profeta do Velho ou Antigo
Testamento a proibir este intercâmbio, e, dessas reflexões, extraímos
primeiramente que a comunicabilidade com os Espíritos dos chamados “mortos”
sempre foi possível, e também que a comunicação com os Espíritos era frequente,
habitual.
A proibição do sábio legislador
daquela época se fazia necessária, face ao estágio evolutivo em que se
encontrava a humanidade, pois não havia maturidade espiritual.
As consultas aos Espíritos se davam
por meio dos denominados pítons e/ou pitonisas, também chamados profetas, que
hoje conhecemos por médiuns e sensitivos. E essas consultas eram efetuadas para
resolução de questões de cunho materialista, inferiores. Alguns faziam da
mediunidade um comércio e a sintonia com os Espíritos inferiores – os que se
encontravam em estágios menos avançados na evolução espiritual – se tornava
inevitável.
Dessa forma, compreendemos o sentido
da proibição de Moisés, pelos perigos da má utilização deste dom divino que
Deus confere para a evolução da humanidade.
Ainda no Velho Testamento encontramos
a passagem – Números 11 – em que Moisés libera o intercâmbio mediúnico para
fins nobres. Essa passagem nos mostra Josué a advertir Moisés: havia pousado o
Espírito sobre Eldade e Medade, e eles profetizavam. Josué pede a Moisés que os
proíba, porém, o legislador do povo hebreu concede a prática da mediunidade
como instrumento do bem e do amor, dizendo: “Quem dera que todo o povo do SENHOR
fosse profeta, e que o SENHOR pusesse o seu Espírito sobre ele!”.
Verificamos, em Joel 2:28-29:
“Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos
mancebos terão visões”.
Com a chegada da Luz Maior em nosso
planeta – que é Jesus – observamos em seus ensinos que o Evangelho está repleto
de fenômenos medianímicos.
Verificamos isto no fenômeno de
clariaudiência e clarividência de Maria, Isabel, José, Zacarias, nos fenômenos
de efeitos físicos exaltados na transformação da água em vinho, nas curas aos
cegos e paralíticos ou na levitação, quando o Cristo caminhava sobre as águas.
O magnífico fenômeno da
transfiguração no Monte Tabor, de Jesus ao lado de Moisés e Elias, nos mostra
que a mediunidade é luz que pode nos guiar aos braços do Pai.
Ocorre, porém, que no dia da
transfiguração Jesus pede aos discípulos que mantenham a discrição, nos
ensinando que a mediunidade exige prudência e cuidados.
Verifica-se, assim, através destas
materializações, a comunicação dos Espíritos com o nosso mundo material, e
mesmo que entendêssemos que a mediunidade teria sido definitivamente proibida
por Moisés, o que não acreditamos face ao que se encontram nos textos sagrados,
certamente Jesus derrogaria esta lei com a Boa Nova. No dia do Pentecostes
ocorreu a abertura do processo mediúnico aos discípulos com o fenômeno da
psicofonia e Pedro relembrou a profecia de Joel.
Dessa forma observamos que a Bíblia
está repleta de demonstrações do fenômeno mediúnico e que a mediunidade com
Jesus é ponte para a iluminação e comunhão com o Pai. Nesse sentido, como nos
ensinou o inigualável professor Eurípedes Barsanulfo, “os talentos medianímicos
estiveram, incessantemente, nas mãos de Jesus, o nosso divino Mestre, que deve
ser considerado, por todos nós, como sendo o excelso médium de Deus”.
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