Foi no dia 18 de abril de 1857, na
cidade de Paris, capital da França, que veio a lume “O Livro dos Espíritos”, a obra basilar do Espiritismo, ditada pelo mundo
invisível e compilada, separada, classificada e codificada pelo ínclito professor
Hippolyte Léon Denizard Rivail, que, propositadamente, adotou o pseudônimo de Allan
Kardec, nome que tivera em recuada existência pretérita, a fim de que a obra
pudesse ser comprada, se fosse o caso, pelo seu conteúdo e não por quem a
assinava, já que era ele muitíssimo conhecido e reconhecido, como professor e
como autor de diversos livros, vários dos quais adotados pela Universidade de
Paris, notadamente os que versavam sobre educação.
Teve considerável
peso também, na adoção do pseudônimo, o fato de que o livro foi ditado pelos
Espíritos Superiores, daí o título "O Livro dos Espíritos", não sendo
obra dele, professor Rivail, portanto, não obstante tenha nela lançado inúmeros
comentários e observações pessoais.
Nota-se, assim,
desde logo, por esses detalhes, a conduta reta e ilibada do professor Rivail, o
codificador do Espiritismo, que foi discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi,
famoso educador e fundador do Internato de Yverdon, na Suíça, e,
posteriormente, seu substituto predileto, tendo sido considerado pelo célebre
astrônomo francês Camille Flammarion "o bom senso encarnado",
que, acrescente-se, sempre procurou agir com seriedade e sem rejeições apriorísticas,
características do verdadeiro cientista.
Constituía traço
característico de sua personalidade, por igual, a preservação da ética, sempre,
em suas múltiplas e variadas expressões.
De 1855 a 1869,
quando desencarnou em 31 de março, o eminente e ilustrado professor Rivail
consagrou sua existência ao Espiritismo.
Em seu túmulo, no
Cemitério Père Lachaise, em Paris, uma inscrição sintetiza a concepção
evolucionista da Doutrina Espírita: nascer, morrer, renascer ainda e
progredir sem cessar, tal é a lei!
Por outro lado,
decorridos 158 anos, não se pode deixar de reconhecer que os ensinos contidos
em "O Livro dos Espíritos", em sua essência, permanecem absolutamente
aplicáveis aos dias atuais, o que, por si, recomenda a leitura, a releitura e,
sobretudo, a reflexão, em torno de tão preciosa obra, que contém os princípios
da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e
suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o
porvir da Humanidade.
Verdadeira síntese
do conhecimento humano, é um tesouro colocado em nossas mãos, que merece, por
isso mesmo, repetimos adredemente, ser lido e refletido de capa a capa,
palavra por palavra.
Com efeito, para
dizer o mínimo, convém salientar que o Espiritismo nada impõe a seus
profitentes, e muito menos a terceiros.
Ao contrário,
procura orientar sempre, pela palavra escrita ou falada, que somos dotados de
livre-arbítrio, da faculdade de decidir livremente sobre quaisquer assuntos,
esclarecendo ao mesmo tempo que, exatamente por isso, somos responsáveis pelas
decisões que tomemos, sejam quais forem e nos mais variados campos, e
naturalmente responsáveis pelas suas consequências.
Por outra parte,
enfatiza lições seculares, procurando demonstrar com exemplos e com fatos que "a
semeadura é livre, mas a colheita obrigatória" e que "a
cada um será concedido de acordo com as suas obras".
Consola, ao salientar
que ninguém será condenado irremediavelmente pelos erros, males e equívocos
cometidos, porquanto até mesmo em outra reencarnação, que detalha e aprofunda,
poderá repará-los, parcial ou totalmente, até quitá-los integralmente, contando
com todas as oportunidades de que necessite para tal, uma vez que Deus, sendo o
Pai Celestial de todos nós, a nenhum de seus filhos abandona ou desampara.
Consola,
igualmente, ao demonstrar cabalmente que as Leis Naturais são perfeitas e por
isso mesmo imutáveis, advindo daí a certeza de que a Justiça Divina, que nelas
se baseia, é absolutamente imparcial, não havendo seres privilegiados na
Criação ou privilégio de qualquer espécie a quem quer que seja, prevalecendo a
convicção de que Deus não pune, não castiga e não premia a ninguém, sendo,
assim, soberanamente bom e justo, Ele que é a inteligência suprema do Universo,
causa primária de todas as coisas!
Por fim, nestas
rapidíssimas observações, o Espiritismo ensina que o amor é a lei maior da
vida, consubstanciada por Cristo na sentença que constitui o seu ensino máximo "amar
ao próximo como a si mesmo", vale dizer, aconselhando que façamos
ao próximo aquilo que gostaríamos que ele nos fizesse, porque quem assim
procede estará, por esse mesmo motivo, "amando a Deus sobre todas as
coisas".
Aliás, esta
sentença de Jesus de Nazaré, o Cristo, modelo e guia da Humanidade, nosso
mestre e amigo de todas as horas, também ensina e deixa muito claro que para
que amemos ao próximo é absolutamente indispensável que nos amemos, de modo que
é necessário, no mínimo, que tenhamos elevada autoestima.
Agindo com amor e
praticando o Bem, ensina-nos a veneranda Doutrina Espírita, ingressaremos
na estrada que nos conduzirá à perfeição relativa e à felicidade suprema, destino
final dos seres humanos, sendo certo que, assim, sem dúvida, seremos muito mais
felizes, desde agora, aqui mesmo na Terra!
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Um comentário:
Perfeito e muito esclarecedor, o texto é fiel ao que venho aprendendo até agora, por este motivo vou compartilha-lo.
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