Mediunidade

Por Valter Viana

O livro “Lírios de Esperança” nos dá conhecimento de que “O momento converge todas as conquistas humanas para a espiritualização da criatura e pelo desenvolvimento de seus valores nobres e divinos” (pág. 36) e que “A vitalidade do movimento em torno dos postulados espíritas dependerá de uma nova ordem cultural em todos os seus setores de ação, especialmente na sementeira da mediunidade” (pág. 38).
A ocorrência dos fenômenos mediúnicos, cujos registros datam das eras mais remotas, o que revela ser um dom concedido por Deus, começou a ser estudado mais criteriosamente em meados do século XIX. Passado este pequeno lapso temporal, acreditamos que temos profundo conhecimento acerca de matéria tão complexa, ledo engano, pois pouco sabemos, ainda, sobre mediunidade e, também, sobre a vida espiritual e tal assertiva é confirmada na obra já citada “... o farto material sobre a vida imortal destinado aos homens, por André Luiz, representa minúsculo grão de areia na praia infinita das verdades espirituais” (pág. 60).
No que tange ao estudo sério e metódico do Espiritismo temos observado grandes avanços, uma vez que é notório o trabalho desenvolvido pelas instituições para que todos ampliem o conhecimento. Contudo, não obstante a este progresso, infelizmente notamos que, para uma parcela significativa dos Espíritas, o Espiritismo continua sendo um grande desconhecido, não obstante as inúmeras informações já disponibilizadas pela Espiritualidade através dos livros da Codificação e das incontáveis mensagens e livros que eclodiram posteriormente. No entanto, o que mais impressiona é constatar que alguns dos que lidam diretamente com o fenômeno mediúnico os livros, principalmente os da Codificação, continuam incógnitos, contrariando a mensagem do mestre Lionês contida no “O livro dos Espíritos” (Introdução, item VIII) onde o mesmo nos assevera que: “... o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado.”
O segundo volume da Codificação, “O Livro dos Médiuns”, deve ser estudado, especialmente pelos os que atuam no campo da mediunidade, de forma acurada e profunda, o que exige doses maiores de dedicação e constância. Não é, definitivamente, um livro de leitura digestiva, desses para se ler nas horas vagas. É uma obra de estudo e pesquisa, e como tal como deve ser lida, estudada e meditada. A sua introdução guarda preciosas lições, a começar pela definição do caráter da obra, onde Kardec imprime-lhe a feição de "estudo sério e completo”. “O sério” se contrapõe à leviandade com que a mediunidade era tratada em seu tempo (e muitas vezes também no nosso); “o completo” refere-se à busca de se estudar por todos os ângulos este tema tão complexo, sem que isso signifique a verdade total ou a última palavra, uma vez que ainda teremos muitas “revelações” a serem trazidas a lume, o que ocorrerão conforme o nosso amadurecimento moral e intelectual.
Os que desejarem conhecer, ainda que palidamente, a vida espiritual devem analisar o farto material trazido pelo espírito André Luiz, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier.
Recordamos, por fim, que Emmanuel, na questão 371 de “O Consolador” nos afirma que “São muito poucos, ainda, os núcleos espiritistas que se podem entregar à prática mediúnica com plena consciência do serviço que têm em mãos; motivo por que é aconselhável a intensificação das reuniões de leitura, meditação e comentário geral para as ilações morais imprescindíveis no aparelhamento doutrinário...” com base nesta afirmativa recomenda-se não introduzir o neófito nas reuniões mediúnicas, sem que antes o mesmo tenha, no mínimo, um plausível conhecimento acerca da Doutrina Espírita e especial do tema mediunidade e que já entenda plenamente de que mediunidade não é apenas “fenômeno e/ou intercâmbio”, mas uma oportunidade de se praticar a Caridade e o Amor para com o próximo e tenha também consciência de que estas ações, aliadas ao estudo constante e consciencioso e do empenho em prol da reforma moral gradativa de si mesmo são indispensáveis ao bom desenvolvimento da faculdade mediúnica, bem como, garantia poderosa ao seu exercício feliz.

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