Por: Richard
Simonetti
Morrer é a curva da estrada.
Morrer é só não ser visto.
Fernando
Pessoa (1888-1935), o grande poeta filósofo, definiu nessas poucas palavras,
com admirável precisão, o que é a morte.
É apenas a curva do caminho,
que subtrai à nossa visão alguém que segue à frente. Também chegaremos lá.
Retomaremos o contato. Infalivelmente!
Será em tempo breve ou
alongado. Dependerá de nós, de nossos ajustes com o destino ou de nossos
desatinos,
O
que pode ser encarado como pálida esperança, na singela e bela imagem do poeta,
torna-se uma realidade palpável quando apreciamos o assunto à luz da Doutrina
Espírita.
Favorecem-nos as informações
dos que, saindo de nossas vistas, falam conosco pela telefonia mediúnica.
É
por um telefone maravilhoso, Chico Xavier, que inspirado
poeta desencarnado, Casimiro Cunha (1880-1914), nos convida a observar
importante aspecto:
Dobram sinos a finados,
Com mágoa e desolação…
Porque não sabem que a morte
É a nossa libertação.
Certamente
o vate fluminense sabia bem do que falava. Teve trânsito breve e atribulado na
jornada terrestre. Segundo registros biográficos, em Parnaso de Além-Túmulo, a
magnífica coletânea de poesias psicografadas pelo mesmo médium, de onde
transcrevemos o verso acima, está registrado:
Há, na sua existência terrena, uma triste particularidade a assinalar,
qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por acidente, para de todo cegar
da outra aos 16. Órfão de pai aos 7
anos, apenas frequentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no
infortúnio, que ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé.
Mágoa
e desolação, quando destituídos de compreensão, afligem aqueles que veem o
familiar querido ganhar a curva do caminho. Porém, para alguém como ele, que
enfrentou corajosamente as provações, há, além do olhar humano, luminosas e
deslumbrantes paisagens que se abrem à visão espiritual, superadas as
limitações da carne.
Um último detalhe, leitor
amigo. Casimiro Cunha era espírita, dádiva de Deus em nossas vidas, fonte
abençoada de onde, certamente, retirou muito de seu alento, de sua coragem para
enfrentar a adversidade. Por isso, lá, na curva do caminho, exalta, feliz, em
poesia constante da citada obra:
Espiritismo é uma luz
Gloriosa, divina e forte,
Que clareia toda a vida
E ilumina além da morte.
É uma fonte generosa
De compreensão compassiva,
Derramando em toda parte
O conforto D’água Viva.
É o templo da Caridade
Em que a Virtude oficia,
É onde a bênção da Bondade
É flor de eterna alegria.
É árvore verde e farta
Nos caminhos da esperança,
Toda aberta em flor e fruto
De verdade e de bonança.
É a claridade bendita
Do bem que aniquila o mal,
O chamamento sublime
Da Vida Espiritual.
Se buscas o Espiritismo,
Norteia-te em sua luz;
Espiritismo é uma escola,
E o Mestre Amado é Jesus.
.
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