Família

Por: S. Xavier
A família, que do ponto de vista material é um grupo de indivíduos ligados pela consanguinidade, surge ainda no reino animal. Aí, fêmea e prole, algumas vezes também o macho, permanecem juntos para proteção e treinamento dos descendentes até que estes possam cuidar de si, quando a união se desfaz.
Entre os homens, a família, além daquelas funções, possui uma dimensão moral. O período de convivência familiar proporciona igualmente aos jovens hábitos e valores que irão influenciar suas escolhas e forma de relacionamento. Por outro lado esse vínculo não se rompe mesmo quando os filhos, tornados adultos, formam novas famílias, num encadeamento de amor que felicita e vitaliza os corações para as lutas da existência.
Tendo em vista a condição espiritual pouco amadurecida da maioria da população terrena, é compreensível que a convivência familiar nem sempre transcorra harmoniosa, atravessando, por vezes, momentos difíceis, de conflito e aspereza.
Atualmente, a família se acha enfraquecida, rompe-se com facilidade e por vezes nem chega a constituir-se verdadeiramente, como é o caso dos relacionamentos caracterizados pela leviandade, nos quais a ocorrência de filhos é sempre um indesejável "imprevisto". Pessoas desorientadas utilizam os modernos recursos da comunicação para minimizar a importância da família, mencionando as restrições e eventuais sacrifícios que ela acarreta como preço, modesto, pelos imensos benefícios que proporciona, exagerando aqueles e silenciando, lamentavelmente, quanto a estes últimos.
Em "O Livro dos Espíritos", quando o Codificador indagou sobre o resultado do relaxamento dos laços da família, os orientadores espirituais foram categóricos na resposta: "Uma recrudescência do egoísmo", o que realmente se constata em nossa sociedade, o que levou alguns observadores, num evidente exagero, a qualificá-la de "pós-moral" ou do "cada um por si".
Colocando as bases da família em nosso passado espiritual, com as noções de reencarnação e causa e efeito, a Doutrina Espírita mostra que os grupos familiares não se formam ao acaso mas resultam de compromissos assumidos na espiritualidade, antes de nosso retorno à vida corporal. Mostra também que, em virtude da Lei de Progresso, a família igualmente se aprimora, convertendo-se, futuramente, em espaço privilegiado de convivência fraterna, no qual corações afins se encontrarão para refazimento e apoio mútuo na busca de realizações sempre maiores no campo do bem, na construção da família universal.

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