A eficácia da prece depende da vontade de nos melhorarmos

Por: Leda Maria Flaborea e Adonis Soraggi
Será certo pedir tanto? Perguntamos tantas vezes... Mas, se necessitamos da misericórdia divina para continuarmos a ter coragem nas lutas diárias, por que não podemos pedir? O problema está no quê pedir e no como fazê-lo. Imaginar que a prece com muitas palavras, colocadas em determinada ordem, muito elaborada e sem ser clara e concisa, que se prenda mais à forma que à essência e que necessite de um lugar especial para que atinja seu objetivo, seja mais agradável a Deus, é prender-se a um deus que privilegia, que escolhe e não percebe o eco que essa prece faz no coração de quem pede.
E é justamente por tudo saber que Ele não deixa sem resposta os nossos apelos. Nossa dificuldade reside em não entendermos de que maneira esses nossos pedidos são atendidos, pois que esperamos sempre que nossos desejos sejam satisfeitos e as necessidades que acreditamos possuir, atendidas. Deus nos responde sempre com aquilo de que nós, realmente, necessitamos e não com o que supomos precisar.
Assim, quando oramos ao Pai ou aos bons Espíritos, é importante lembrar que a eficácia da prece depende de nossa real vontade de nos melhorarmos; que a oração é um ato de adoração e submissão a Deus e às Suas Leis, compreendendo Sua bondade; que ao pedirmos algo, que seja um pedido do necessário e não do supérfluo; que ao pedirmos por todos, encarnados e desencarnados, ou a favor de alguém em especial, que, esse ato seja um princípio de caridade, pois pedimos para o outro aquilo que desejaríamos para nós.
Das preces que fazemos, o Pai Nosso representa a oração-símbolo, porque contém todas as que conhecemos de cor e aquelas que nossa imaginação puder criar. É um roteiro completo de aperfeiçoamento por ter um caráter universal, uma vez que pode ser feita por todos aqueles que acreditam em Deus. É a prece que nos coloca, sem dúvida alguma, em harmonia com o Pai, quando encontra eco em nossos corações.
Por ser concisa e simples, é fácil entender que ela traz os nossos deveres para com Deus e com o próximo e, por essa razão, transforma-se em uma profissão de fé, em um ato de adoração e submissão ao Criador.
Quando dizemos “Pai Nosso que estais no céu”, - estabelecemos, em nós, a crença no poder e na bondade divinos, e o reconhecimento da solicitude paternal – exceto para os orgulhosos; entramos em conexão com Deus, reconhecendo-o como causa primária de todas as coisas, louvando-O e agradecendo-Lhe com humildade.
Ao pedirmos que “venha a nós o vosso reino, assim na Terra como no céu”, estamos rogando que a felicidade prometida por Jesus chegue até nós, sem que nos esqueçamos, todavia, que só a alcançaremos, segundo nossa responsabilidade e méritos, conquistados nas lutas de cada dia.
Se cada um de nós fizer bom uso de seu livre-arbítrio, estabelecendo intimamente o compromisso de cumprir as Leis de Deus, estaremos participando da harmonia universal; colaborando para que o Bem reine soberano sobre o planeta. A vontade do Pai vem sempre carregada de sabedoria, misericórdia e bondade e, se a compreendermos e aceitarmos, sem qualquer dúvida ou medos, ela se tornará, para nós, instrumento poderoso de progresso material e espiritual.
Tantas vezes rogamos ao Criador que o pão nosso de cada dia esteja em nossas mesas e em nossas almas... Entretanto, para que sejamos atendidos, necessitamos cumprir a Lei do Trabalho, seja na busca do pão material, seja na do pão espiritual.
Mão, pés, inteligência, vontade... Tudo isso são recursos que Ele colocou à nossa disposição para o cumprimento dessa lei. Se não os usamos adequadamente, também não podemos nos queixar das carências que hoje experimentamos. Mas, que nossa ambição, o descontentamento pelo que temos, a idéia de que Deus é injusto, porque dá ao outro que não merece – segundo nosso ponto de vista – tudo aquilo que deveria ser nosso, porque acreditamos merecer – também de acordo com nossa maneira de ver a vida – não nos faça sucumbir e atrasar nosso progresso.
E sucumbimos sim, muitas vezes, mas a bondade do Pai é tão grande que nos dá sempre novas oportunidades. Perdoa as nossas dívidas, porque cada falta é uma dívida, para que entendamos a necessidade que temos, também, de perdoar aqueles que estão em débito para conosco.
Quantas vezes rogamos a caridade de Deus para com nossos erros e não conseguimos ser caridosos e nem misericordiosos com as faltas alheias... Entretanto, são essas dificuldades que nos fortalecem e promovem nosso progresso. E com que finalidade Deus permitiria a existência desses obstáculos em nosso dia a dia? O objetivo é o entendimento de que se O aceitamos como justo, essas aflições também devem ser justas. Por isso, é importante aprendermos a perdoar, mesmo que tenhamos muitas dificuldades no início, porque o perdão é a essência da caridade. É ele que nos liberta das faltas que cometemos. É ele que nos fortalece, evitando que sejamos alvos das más influências. É através do perdão, da indulgência para com os erros dos outros que somos assistidos para não cairmos em tentação e protegidos do mal.
Nossas imperfeições e fraquezas são caminhos abertos às más influências. Elas atrasam nosso progresso e nos levam a novas quedas. Assim, quando nos propomos, efetivamente, a superar essas imperfeições, com a ajuda de Deus e a nossa vigilância, também passamos a aceitar que as dificuldades fazem parte do nosso crescimento espiritual; que Deus nos provê daquilo que é melhor para nós e que somos tão imperfeitos quanto aquelas pessoas que nos acompanham na trajetória evolutiva, sejam elas parentes, amigos, companheiros de trabalho ou desconhecidos.
Pensando e agindo dessa forma, cumprimos o objetivo para o qual fomos criados: o de sermos felizes, estabelecendo, em nossos corações, definitivamente, o Reino de Deus.
E como termina a oração, que assim seja.

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