Entrevista com Richard Simonetti sobre Pretos Velhos


1 – O que dizer da manifestação de pretos velhos no Centro Espírita, com seu linguajar peculiar? Não devem ser estimulados a mudar a postura, instruindo-se?

R: Parece-me que a evolução não tem nada a ver com a expressão física ou linguística. Espíritos que se manifestam como pretos velhos podem ser muito evoluídos, tanto quanto branquelos podem ser atrasados.

 2 –     O problema é quando Espíritos apresentam-se como orientadores. Fica complicado aceitar que um mentor não tenha aprendido a falar.

R:  Kardec orienta que devemos considerar o conteúdo, não a forma. Respeitando a opção do Espírito, tudo o que nos compete avaliar é se sua mensagem guarda compatibilidade com os princípios espíritas.

 3 –     Não devemos, portanto, opor resistência à manifestação de pretos velhos, índios, caboclos?…

R: Não vejo motivo para cultivar preconceitos, mesmo porque, não raro, Espíritos dessa condição, menos esclarecidos e ainda vinculados às tradições da raça, manifestam-se para serem ajudados, não para receberem lições de português.

 4 -     E se estivermos diante de um condicionamento mediúnico, médiuns falando como pretos velhos por imitação?

R: É um problema que compete ao dirigente resolver, avaliando se está diante de manifestação autêntica ou de mero condicionamento a partir da influência de outros médiuns. Não costuma acontecer com médiuns que se preparam adequadamente em cursos específicos sobre mediunidade.

 5 –     Diante de uma manifestação autêntica, se o preto velho é um Espírito evoluído, não será razoável que se manifeste com linguagem escorreita, sem maneirismos?

R:  Penso que não devemos impor condições ao manifestante. Os Espíritos desencarnados, quando evoluídos, podem adotar a forma e o linguajar que lhes aprouver. É uma opção e um direito.

 6 –     Por que o fazem?

R: Pretos velhos revivem, nas manifestações, o tempo em que estiveram em regime de escravidão, que lhes foi muito útil, ajudando-os a superar o orgulho que marca o comportamento humano. É uma homenagem que prestam à raça negra e um exercício de humildade.

 7 –     Quanto à morfologia perispiritual, tudo bem. Quanto à palavra, não seria interessante usar uma linguagem atual, não africanizada?

R: Pode acontecer, mas aí vai depender do próprio grupo e de uma adequação dos médiuns. O Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, foi orientado desde sua fundação, em 1919, por uma corrente africana. Seus representantes, em dado momento, observando a evolução do grupo, na década de 40, disseram: Pretalhada vai vestir casaca. Anunciavam por esta metáfora que a partir daquele momento eliminariam as expressões africanizadas, o que de fato ocorreu.

 8 –     Devemos, então, admitir que esses Espíritos façam uma adequação do linguajar, de conformidade com as tendências ou necessidades do grupo?

R:  Exatamente. Um confrade, médium vidente, visitou certa feita um grande terreiro de Umbanda, em Vitória, Espírito Santo. Viu algo que o perturbou: o Espírito Frederico Figner, que foi dedicado diretor da Federação Espírita Brasileira, manifestar-se como um preto velho. Julgou estar tendo uma alucinação e logo esqueceu. Algum tempo depois, em visita a Uberaba, ouviu alguém perguntar a Chico Xavier por onde andaria Frederico Figner. E o médium: Anda dando assistência a um terreiro de umbanda em Vitória, no Espírito Santo.


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14 comentários:

marcelo disse...

Manifestações de guias e mentores de Umbanda como caboclos, pretos velhos, exús, etc. tem "exatamente" o formato apropriado para atingir determinadas parcelas da humanidade, em certos níveis vibracionais. Seja pela aproximação da linguagem usual do "povo", sejam pelos belos arquétipos que comunicam de forma simples (não simplória como alguns pretendem difundir) diretamente ao coração das pessoas, ou mesmo por trazer para o ambiente religioso o sentimento de pertencimento, de proximidade. Simples assim, pegue a mais bela palestra do nosso querido Divaldo e transmita a um grupo de pessoas que teve pouco acesso a educação, em seguida, transmita algum tipo similar de ensinamento feito por um Preto Velho. Ao final de ambas as palestras, solicite aos participantes que lhes diga o que apreenderam e quem ensinou melhor, quem se fez melhor entender. Agora substitua a platéia por pessoas com melhor nível intelectual, e veja o que acontece. Veja bem, não estou propondo que umbanda é religião de pobres e iletrados e nem que o espiritismo é para elite, apenas quero trazer a tona a realidade da "comunicação eficiente". Até porque, não é raro vermos guias de umbanda se apresentando com nomes famosos em centros espíritas e espiritos superiores trabalhando anônimos nos terreiros de umbanda. É a sabedoria divina a serviço da humanidade.

Anônimo disse...

E como humanos ainda ignorantes acabamos sempre por questionar tudo..

Anônimo disse...

Perfeito!!!

Unknown disse...

Missi fio está certo.

Keila aires disse...

Um tanto preconceituoso e pretensioso,impor que as entidades mudem a sua forma de falar por ser está ou aquela mais adequada. Os pretos velhos com o um linguajar simples, emanam paz, e levam mensagens que auxiliam a qualquer ser necessitado. E outra, a roupagem escolhida é o que menos importa, desde que a mensagem seja de amor.

Unknown disse...

Muito boa sua explicação!

Anônimo disse...

Perfeito!

Seu Zé disse...

Certa ocasião, conversando com o espírito de um preto velho, sem que eu perguntasse, mas como pensava no assunto, me disse ele que assumia a roupagem espiritual, vamos dizer assim, de preto velho, porque foi na NEGRITUDE, isto é, na encarnação como escravo da raça negra que ele havia conquistado a maior das virtudes: A Humildade. Até eu me emociono com isso.

Anônimo disse...

Pretos Velhos, Caboclos e Índios não são espíritos atrasados que se manifestam para ser ajudados, como mostra a pergunta três, são espíritos como os "doutores" brancos que manifestam nas reuniões. Eles usam essa roupagem e linguajar para nos mostrar que a humildade existe e em muitos casos para orientar irmãos menos esclarecidos que talvez não entenderiam a mensagem em uma linguagem mais culta. O tema é extenso e cabe a cada um refletir mais profundamente. Não cabe nos julgarmos o grau de evolução de um espírito pelo simples fato de como ele escolheu se manifestar para nós ajudar, seria como julgar um livro pela capa e não pelo conteúdo

MARIZE de C. G. Rj disse...

Eu frequento um tempo umbanda aonde pessoas graduando vai atrás de ajudar familiares que está doente e são muito bons os Vovós dando as coisas que Tem que fazer.E dá certo aqui tudo bem beijos querido amigo

Unknown disse...

Quão ingênuos as pessoas que pensam que os Pretos Velhos e Caboclos são espiritos que precisam de treino pra evoluir!! Ledo engano, estao no mais alto degrau da sabedoria espiritual brm como desprovidos de sentimentos preconceituosos! Ah neus caros, se após seu desencarne tiver ó merecimento de encontrar alguém na desses espíritos verás o quão ingênuos fostes!!!!

Regina disse...

Perfeito, também penso assim, e sempre fiquei pensando porque alguns espíritas tem tanto preconceito com os preto velhos, espíritos tão amados, amigos.

Anônimo disse...

Que nos bastssse a mensagem de amor, de consolo, mas ainda insistimos no exterior das aparências!

Cicero F.D. PE disse...

Gostei da fundamentação, bem elaborada. Fui vítima de uma dessas investidas não por preconceito mas por ignorância. Comecei a mediunidade nos primeiros anos de vida e ao desenvolver a mediunidade na na fase adulta demorou vir a faculdade da psicofônia: Sentia tanta pressão no meu corpo psicofísico que pensava ser a presença de um obsessor e por espontânea vontade deixei de desenvolver a parte prática porém continua nos meus afazeres educativo da doutrina. Comecei a emagrecer e uma vontade enorme de ler o evangelho até os primeiros raios de sol do próximo dia. Via sair do meu corpo uma espécie de fumaça (evaporação) e só dormia umas 4 horas por dia. Pensava que estava obsediado no entanto essa vontade de ler e ler o evangelho era contrário a uma pessoa que estava passando por um processo de obsessão.Fiz uma consulta e para meu espanto uma entidade se apresentou a outro médium, disse seu nome, as angustia que eu passava e aconselhou-me a voltar para prática mediunica; e falou mais... Tivemos afinidades no passado e se o menino quer trabalhar comigo se decida senão procuro outro médium. Voltei e com poucas semanas retomei meu estado normal e se apresentou através de mim um preto velho, amigo, humilde e grande trabalhador da instituição. Até hoje tenho esta entidade comigo e nunca mais duvidei do carinho e amor que esse irmão que se intitula como preto velho.