Por: Carina
Streda
É possível observar a existência
de pessoas que vivem na ociosidade, não se ocupando de nada útil, senão consigo
mesmas. “São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão
duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já neste mundo,
o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.” 1
Mas essa ociosidade pesa-lhes e cedo ou tarde
sentirão necessidade de se tornarem úteis, pelo desejo de progredir. Por mais
que seja muito mais fácil entregar-se ao comodismo, a ociosidade e a
improdutividade geram um desconforto íntimo porque alertam a consciência para a
necessidade de produzir.
Como vivemos em sociedade, relacionando-nos com
outras pessoas, somos partes integrantes de um todo que só pode evoluir se cada
um fizer a sua parte. Para isso, é imprescindível observarmos nossos
deveres. “O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma,
primeiro, e, em seguida, para com os outros.” 2
Seres sociais que somos, temos inúmeros deveres
perante os outros, a natureza e a nós mesmos. Porém, em nosso mundo ainda de
escala evolutiva inferior, aqueles que conseguem cumprir seus deveres já se
diferem da maioria. Podemos escolher: ou ficamos no simples cumprimento dos
nossos deveres, ou nos esforçamos por fazer mais.
Passamos a fazer a diferença quando assumimos
posturas coerentes com nossa forma de pensar. No momento de transição entre a
infância a vida adulta, temos a necessidade de sermos aceitos em um determinado
grupo e para isso acabamos agindo, muitas vezes, de forma que não nos é
peculiar. Essas experiências são necessárias para que possamos nos conhecer e
moldar a nossa personalidade. Quando adultos já deveríamos estar com essa
posição formada, porém o que se observa é que existem adultos inseguros, como o
adolescente que necessita da aprovação alheia. Também há aqueles que bebem
porque todos bebem, que se drogam porque seus amigos usam drogas, que se
corrompem, que se prostituem porque há os que procedem desse modo, assim, vivem
a vida encontrando nas falhas alheias desculpas para suas próprias falhas.
Jesus nos ensinou a amar o próximo como a nós
mesmos, a fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem. Se
aprendermos a nos amar, começaremos a refletir melhor sobre nossas ações, o que
nos dará mais segurança para assumir aquilo que realmente somos e condições de
amar o nosso próximo como ele é. Acabamos, por consequência, cumprindo esses
pequenos deveres, e fazendo ainda mais do que isso, porque nos colocamos no
lugar do outro, não provocando a ele o que não gostaríamos que fizesse a nós.
Como todas as nossas atitudes e pensamentos
influenciam os outros de alguma forma, a mudança para melhor deve começar em
nós mesmos. Não podemos, por exemplo, encaminhar nossos filhos para uma
orientação religiosa, se não trazemos a fé dentro de nós. Não podemos
ensinar-lhes expressões de cortesia e bons modos se não temos o hábito de
utilizá-las no nosso dia-a-dia.
Não basta que tenhamos o conhecimento das leis que
regem a vida se não houver a parte mais importante que é a nossa transformação
para melhor. O conhecimento só é válido quando, como na parábola do semeador3,
for como as sementes que caíram em terra fértil e assim produziram bons frutos.
Só assim teremos condições de auxiliar também as outras sementes a ter oportunidade
de crescer e frutificar.
1- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 84 ed. Rio
[de Janeiro]: FEB, 2003. Questão 574.
2- ______. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
99 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1988. Cap. XVII, item 7.
3- ______. Idem. Cap. XVII, item 5
.
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