Perispírito, doenças e destino

Por Cleide Martins Canhadas
O câncer funciona como uma doença decorrente, principalmente, do desequilíbrio emocional. O desequilíbrio emocional ocorre, muitas vezes, em conseqüência das frustrações, perdas, desenganos, desesperança... Para compreensão do tratamento holístico, é indispensável uma visão integral do ser composto de corpo físico e espiritual em permanente interação. Isto é, tudo que ocorre com um responde no outro. Quando a vida da matéria termina, o corpo espiritual se desliga, isto é prossegue seu caminho, pois é a vida permanente, indissolúvel, imortal. Este corpo espiritual, como ensina Kardec é um corpo ainda composto, pois além do próprio espírito – a essência individual - tem o revestimento perispiritual. O perispírito é o responsável pela guarda de nossas aquisições terrestres, experiências tanto físicas, do aparelho orgânico, quanto no plano da moral e da inteligência. Tudo aquilo que adquirimos, portanto: habilidades, virtudes, conhecimentos não se perdem. Ficam gravados na memória da alma, no compartimento mental, absorvido nas entranhas do corpo espiritual. O perispírito acompanhará eternamente nosso espírito. Por isso, toda encarnação é uma oportunidade sagrada de luta pela sanidade, e, saúde, portanto, é o bom funcionamento do corpo físico e espiritual. O equilíbrio do organismo começa pelos tecidos celulares, órgãos, membros, e vai até a extirpação das mágoas, rancores, angústias, frustrações que afetam nosso desempenho mental, emocional, intelectual e espiritual. Porém, muitas das experiências anteriores são amargas e vêm marcadas em nosso perispírito, e aí, muitas vezes, não sabemos como nos libertar daquelas lembranças que trazem dor e sofrimento. Será fruto do destino, um carma cruel e implacável? Não, com certeza. Não podemos confundir herança espiritual com destino, carma, ou mesmo com a concepção antiga de castigo. Dissemos que o perispírito armazena todas experiências anteriores e acompanha as diversas viagens da alma. Porém, pensemos que, nem tudo aquilo que trazemos numa mala de viagem precisamos usar. Ao viajar para um lugar distante, levamos reservas de roupas para o frio, para o calor, mais de um par de sapatos, remédios para o caso de precisar e até um guia dos lugares que conheceremos. Mas, não faremos necessariamente uso de tudo que está na bagagem. Melhor ainda, seria bom voltarmos da viagem com aquisições novas, tanto roupas, calçados, presentes como informações... e livres das coisas velhas. Assim é com a bagagem espiritual, contida em nosso perispírito. O desejável é que usemos e multipliquemos os talentos, as virtudes, a sabedoria e nos livremos das coisas velhas como erros, ignorância, dissabores, amarguras, frustrações, etc... André Luiz, em “Missionários da Luz”, capítulos 12 e 13, relata como é preparado o perispírito para a reencarnação. Um relato que nos faz sentir o cuidado divino com os detalhes genéticos, na escolha do óvulo, do espermatozóide, e de todas as características genéticas que formarão o novo corpo físico para abrigar um espírito em evolução. Assim, cada célula, cada órgão, bem como todas as facilidades e dificuldades são programadas em benefício da busca da perfeição. Não será muita ingratidão de nossa parte, considerar como ruim certas características físicas que recebemos? Será correto julgarmos como injustiça essa ou aquela situação mais difícil que temos que enfrentar? Costumamos relacionar as doenças com coisas ruins, fruto de desvios de comportamento, erros e maldade. Entretanto, não há regra absoluta para julgarmos dessa maneira. Muitas vezes, as doenças são sinais de alertas para impedir novos erros, impedir desvios de rota. Até mesmo o tempo de vida que teremos na terra é programado, entretanto, lembram os construtores espirituais, depende de nós, voltarmos antes ou depois. O bom ou mau uso que fizermos destas condições, é que determinarão a hora da nossa volta. Em resumo, podemos dizer, que entendemos o destino, ou carma, como a sinopse de uma história, escrita por nós, em parceria com o plano espiritual, a partir do planejamento elaborado para nossa evolução. Nossa existência atual é a encenação teatral dessa história, onde o final depende da interpretação, da escolha do diretor, do cenário, da platéia, dos colegas de palco. Nossas escolhas, aí sim, temos responsabilidade. Quando falamos em planejamento, programação espiritual, facilmente confundimos com controle, domínio de nossa vida e de nossas ações por autoridades superiores. Mas, absolutamente, não é isso que aprendemos com os amigos espirituais, como ensina O Livro dos Espíritos, bem como toda obra de Chico Xavier, ditada por André Luiz e Emmanuel. Nessas leituras, temos aprendido sim, que somos senhores do destino. Nossa história é de nossa autoria. O perispírito, de matéria plástica como é, fica impregnado de nossas impressões, boas ou ruins, pois não faz julgamento, simplesmente absorve. O espírito, no uso do livre arbítrio, da vontade, fará o discernimento, auxiliado pelos mensageiros celestiais que já superaram essa etapa da escola da vida. Para aqueles que quiserem esmiuçar o conceito de perispírito, sugerimos a leitura do livro Perispírito, de Zalmino Zimmermann que faz um amplo estudo dentro da literatura espírita. Nesse livro, o autor reúne uma enorme gama de informações , sobre a natureza, propriedades, funções, e relaciona o perispírito com temas como mediunidade, evolução, encarnação, obsessão e sexualidade.
Bibliografia: Os Missionários da Luz – André Luiz Perispírito – Zalmino Zimmermann - CEAK - Centro Espírita André Luiz

Nenhum comentário: