Centro Espírita

Por: Guillon Ribeiro

Centro Espírita é importante núcleo educativo no vasto instituto da família humana, onde recolhemos sublimes inspirações que nos induzem ao auto aperfeiçoamento e nos ensejam o dever do auxílio mútuo no plantio do amor.

Imaginemo-lo na complexidade de usina e laboratório, hospital e escola, núcleo de pesquisa e célula de experiências valiosas, onde o coração e o cérebro se entreguem a inadiáveis tarefas de abnegação e fraternidade, de equilíbrio e união, de estudo e luz.

Abençoado lar de nossas almas, recorda-nos a efetiva integração na grande família universal.

Sentindo-lhe a missionária participação na atualidade de nossos destinos, abracemos responsabilidades e encargos na Casa Espírita, evitando, quanto possível, que a instituição cresça ao sabor da casualidade, relegando a inspiração de benfeitores espirituais, zelos e providências inerentes aos encarnados.

Findas as primeiras emoções no contato com as verdades espirituais, deixemos que a razão nos governe os sentimentos, a fim de que o Centro Espírita se alteie, disciplinado e nobre, conservando seu potencial de atividades futuras, à feição da semente, exuberante de esperanças, entremostrando nos tenros rebentos os germes que organizam os diversos departamentos do vegetal superior, transformadores da seiva nutriz em frutos sazonados.

Evitemos as improvisações na sementeira da fé. Dois mil anos de experiência no Cristianismo são preciosas lições que não se pode desprezar.

A Casa Espírita guardará, por certo, a simplicidade do templo de corações, mas não poderá fugir às destinações de educandário de almas.

Adequar-lhe a ambiência física, com vistas às suas finalidades precípuas, é conseqüência inadiável de nossa vivência à luz do bom senso, que jamais se compadece com a inoperância de tudo relegar a determinação única dos Espíritos.

Observamos, em breves comparações, os valores da cultura terrestre determinando eficiente orientação para o progresso geral, criando, nos bastidores de suas conquistas, ambientes propícios ao desenvolvimento de suas atividades. Aqui, reconhecemos que os redutos de instrução pedem salas adequadas, do pré-escolar ao estudo de nível superior; ali, verificamos que os laboratórios médicos exigem implementos próprios, em meios assépticos; adiante, anotamos os engenhos da cibernética reclamando da tecnologia crescentes compartimentos especiais para que funcionem a contento, amparando o progresso.

Se as conquistas transitórias da mente reclamam tempo e espaço adequado às manipulações do estudo digno, estipulando em média quinze anos no labor ininterrupto com os livros para que o diploma rotule conhecimento especializado, que não dizer das aquisições perenes do Espírito no trato com a moral sublime onde a religião reserva à fé seu galardão de luz?!

Contemplemos o recanto de terra trabalhada pelo agricultor. Após o primeiro instante do êxtase, sob a força do ideal, o lidador do solo entrega-se, afanoso, a arrotear o campo, dividindo a área cultivada em compartimentos destinados a este ou àquele cultivo.

O Centro Espírita não deve crescer igualmente ao influxo de nosso puro sentimentalismo, que nem sempre reflete amadurecimento, segurança ou equilíbrio.

A família cuidadosa edificará o domicilio acolhedor, prevendo, para melhor, departamentos nos quais acolherá a prole querida, nos quais atenderá às obrigações sociais e montará o indispensável laboratório da alimentação e saúde.

Similarmente, a Casa Espírita há de surgir, crescer e desenvolver-se, considerando suas definições próprias nos cenários humanos.

É indispensável a sala de orações onde nos entregamos de igual modo aos estudos públicos do Evangelho e da Vida ou à conversação discreta com irmãos enfermiços do plano espiritual. Contudo, bem maior a responsabilidade, ainda não percebida por todos os espíritas, de mobilizar todos os recursos possíveis à instrução, orientação, alertamento e educação dos encarnados, seja na infância, na mocidade, na madureza ou na velhice, a fim de que se desincumbam com êxito de suas tarefas.

O Centro Espírita será, antes de tudo, o estabelecimento educativo para encarnados, de vez que o plano espiritual não se abstém de organizar a ambiência adequada ao amparo dos desencarnados.

Atentos, pois, à organização jurídico-social de nossas instituições, sem nos descurarmos dos encargos econômicos impostos pelo cotidiano, observemos, com singular ênfase, sua adequação física com vistas ao funcionamento ideal dos núcleos doutrinários vigilantes no conhecimento que o Centro Espírita, ainda que singelo e pequenino, exigirá de cada um de nós dignidade de convicção e fé, bem como disciplina e elevação no sublime sacerdócio que nos cabe no santuário de nossa renovação espiritual.

Mensagem psicografada em reunião pública da Casa Espírita Cristã, em 02.02.1969, por Júlio Cezar Grandi Ribeiro. Extraída da revista O Reformador, de agosto de 1976.

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