A bíblia não condena o Espiritismo, aprova a mediunidade e a existência de Espíritos



“Aquele que consultar os mortos será apedrejado. Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles.” (Levítico 20:27)

 As traduções bíblicas usam palavras diversas. Em outra versão, ao invés de “necromancia”, está escrito “quem consulte os mortos”. Bem, independente da palavra, o conceito está aí… e esse trecho da Bíblia "proíbe" consultar (ou conversar) com mortos. 

Se Deus realmente proibisse conversar com mortos, Jesus teria agido errado? Ele conversou com Espíritos por diversas vezes:

Mateus 17:3 – E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. (Jesus)

Marcos 9:4 – Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus.

Lucas 9:30–31
30 – Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias,
31 – os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.

Lucas 22:42–43
42 – dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.
43 – Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava.
  
Algumas religiões costumam usar alguns versículos do Velho Testamento para denegrir o Espiritismo. Citam, por exemplo, Deuteronômio para chamar os  espíritas de feiticeiros.

Deuteronômio 18:10–11
Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro,  nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos;

 O Espiritismo não tem nada a ver com adivinhação, feitiçaria ou encantamento. Quem prega essas coisas, atribuindo-as ao Espiritismo, age por ingenuidade, ignorância ou por absoluta má-fé. Toda a prática  espírita é gratuita,  dentro do princípio do Evangelho: “Dai de graça o  que de graça recebeste”.

–  A prática espírita é  realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão  de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

–  O Espiritismo  não tem corpo sacerdotal e não adota  e nem usa em suas reuniões e em suas práticas:  paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, búzios ou quaisquer outros objetos, rituais altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões do indulgência,  nem formas de culto exterior.

–  O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-los, a submeter os seus ensinos ao crivo da razão, antes do aceitá-los.

–  A mediunidade, que permite a  comunicação dos Espíritos com os homens é uma  faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer independentemente da religião ou da  diretriz doutrinária de vida que adote.
  
Afirmar que Deus proíbe a comunicação com mortos, como fazem estas religiões, é desconhecer as Escrituras.

Moisés defende os médiuns Eldade e Medade:

Números 11:26–29
26  Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava ELDADE, e o outro, MEDADE. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial.
27  Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial.
28  Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho.
29  Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim?Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!

 No livro “O que é o Espiritismo”, Terceiro Diálogo – O Padre (pág. 139), Allan Kardec diz o seguinte, sobre o assunto: 

A proibição feita por Moisés tinha a sua razão de ser, porque o legislador hebreu queria que o seu povo rompesse com todos os hábitos trazidos do Egito e de entre os quais o de que tratamos era objeto de abusos.

Não se evocava então os mortos pelo respeito e afeição tributados a eles, nem com sentimento de piedade, mas, sim, como meio de adivinhar, como objeto de tráfico vergonhoso, explorado pelo charlatanismo e pela superstição; nessas condições, Moisés teve razão de proibi-lo.

Se ele pronunciou contra esse abuso uma penalidade severa, é que eram precisos meios rigorosos para conter esse povo indisciplinado; também quanto à pena de morte, era pródiga a sua legislação.

Havia na lei mosaica duas partes:

1ª, a lei de Deus, resumida nas tábuas do Sinai; lei que foi conservada porque é divina, e o Cristo não fez mais que desenvolvê-la;

2ª, a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes do tempo, e que o Cristo aboliu.

Hebreus 8:13
Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.
Exemplos  de leis disciplinares de Moisés que Cristo aboliu:

Levítico 24:17, 19, 20
17 – Quem matar alguém será morto.
19 –  Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito:
20 –  fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.

Mateus 5:38–40
38 –  Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente.

39 –  Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;
40 –  e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.

Levítico 20:10 – Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera.

João 8:3–11
3 –  Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
4 –  disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
5 –  E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
6 –  Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.

7 –  Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.
8 –  E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.

9 –  Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.

10 –  Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?

11 –  Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.

Sobre estes versículos “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Cap. X – Bem-aventurados os Misericordiosos – item 13 tem o seguinte ensinamento:

13. “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado”, disse Jesus.
Essa sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência.

Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.

O reproche lançado à conduta de outrem pode obedecer a dois móveis: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos se criticam.

Não tem escusa nunca este último propósito, porquanto, no caso, então, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser louvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque um bem deverá daí resultar, e porque, a não ser assim, jamais, na sociedade, se reprimiria o mal.

Não cumpre, aliás, ao homem auxiliar o progresso do seu semelhante? Importa, pois, não se tome em sentido absoluto este princípio: “Não julgueis se não quiserdes ser julgado”, porquanto a letra mata e o espírito vivifica.

Não é possível que Jesus haja proibido se profligue (destua) o mal, uma vez que ele próprio nos deu o exemplo, tendo-o feito, até, em termos enérgicos.

O que quis significar é que a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que censura. Tornar-se alguém culpado daquilo que condena noutrem é abdicar dessa autoridade, é privar-se do direito de repressão.

A consciência íntima, ao demais, nega respeito e submissão voluntária àquele que, investido de um poder qualquer, viola as leis e os princípios de cuja aplicação lhe cabe o encargo.

Aos olhos de Deus, uma única autoridade legítima existe: a que se apóia no exemplo que dá do bem. E o que, igualmente, ressalta das palavras de Jesus.

O Espiritismo é religião da fé raciocinada, sem dogmas, rituais, cerimônias, símbolos, chefes religiosos ou templos suntuosos.

É o culto do sentimento puro, do amor ao semelhante, do pensamento no bem, procurando nos ligar a Deus.

O Espiritismo só surgiu no século XIX, em 18 de abril de 1857, através do Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Por isto mesmo, não há a palavra Espiritismo na Bíblia. Mas, a comunicação com os mortos, sim, está na Bíblia, como já foi demonstrado.

Os críticos também costumam dizer que, todos os Espíritos são ruins e que por isso, a comunicação é proibida, mas... a Bíblia mesmo diz que Deus é Espírito!

João 4:23– 24
23 –  Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
24 –  Deus é Espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
  
Jesus também é Espírito...

Lucas 23:46 –  Então, Jesus clamou em alta voz:
Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito! E, dito isto, expirou.
  
Nós somos espíritos encarnados, assim como Estêvão (o apóstolo):

Atos 7:59 – E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu Espírito!

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente explicação. Tb sou espírita.