O HOMEM: ESPIRITUAL E MATERIAL

É reconfortante ter a capacidade de acreditar que existe mais mundo, para além do mundo físico, na circunstância, o universo dos planetas, astros e outros corpos celestes e, concretamente, o planeta Terra que o homem habita, desde tempos que não consegue localizar e quantificar objetivamente.
A possibilidade, sempre em aberto para os que acreditam num mundo metafísico pelo menos diferente daquele que parcialmente se conhece, em perspectivar uma forma de existência, sobrenatural, inefável, espiritualmente eterna, deve estimular o homem para, enquanto residente na Terra, assumir-se como um ser excecional dotado de características únicas e superiormente privilegiado, porque algo lhe foi acrescentado, que o distingue, o eleva e dignifica, acima de quaisquer outros seres, pelo menos, tanto quanto é possível conhecer-se, no atual estágio de desenvolvimento da humanidade. O homem, na sua dimensão espiritual, continua a ser um mistério.
O homem (aqui e de ora em diante referido à humanidade, isto é, homem e mulher), um ser inigualável, único, irrepetível, infalsificável, superior, não deve contentar-se apenas com as explicações científicas, técnicas e esotéricas sobre a sua constituição e importância material, no planeta em que vive.
Existe mais homem para além do homem físico, biologicamente estudado e conhecido. Há uma outra realidade que as ciências, a técnica e a maquinaria ainda não conseguiram explicar pela linguagem científica, rigorosa e objetiva. Este é o grande drama do cientista, do técnico, do especialista, do político, do religioso, enfim, de toda a humanidade.
A incerteza, o drama, a ansiedade e o mistério que envolvem o ser humano poderão ser utilizados numa perspectiva positiva, sem receios de quaisquer fracassos, sejam estes quais forem: sociais, cognitivos, éticos, religiosos ou outros. Bem pelo contrário, há uma possibilidade do homem eliminar este sofrimento provocado pela ignorância acerca do sentido e destino para a sua vida, globalmente considerada, onde se completam as dimensões física e espiritual.
E se, quanto à primeira, destino e fim – morte e desaparecimento – são relativamente conhecidos, no que se refere à espiritualidade, aqui, para os positivistas, materialistas, agnósticos e outros descrentes, as dificuldades em refletir e aceitar alguns sinais divino-naturais são praticamente insuperáveis.
A desorientação, que tanto incomoda a humanidade em geral e os cientistas e técnicos em particular, pode ser ultrapassada se se vencerem certos complexos quanto ao valor de outros conhecimentos, sentimentos e emoções que, estes sim, o homem, ao longo da sua vida, vai vivenciando, relacionando-os depois com fatos concretos, experimentados durante o percurso físico no planeta que lhe foi dado para viver.
O próprio homem – objetivo, mensurável, racionalista, quantitativamente rigoroso, concreto e material – confirma que, em algum momento da sua vida, sentiu ou julgou sentir sensações estranhas, cientificamente inexplicáveis, cuja origem não sabe compreender, e as consequências também não foram determinadas com o rigor da ciência e da técnica. Ficou-lhe, apenas, a verificação da sua incapacidade, da sua impotência para esclarecer e resolver tais situações.
O homem, superiormente iluminado, impulsionado por um outro sentimento que lhe é exclusivo e constitui um privilégio, vence, finalmente, o drama, a angústia, o sofrimento e a incerteza quando, invocando a ajuda divina, uma sensação de tranquilidade e de esperança o invade e liberta daquele desconforto. É este homem superior, gerado e criado à imagem e semelhança do seu Deus e nos preceitos da sua religião, que se determina em função do ente divino que o justifica.
Aceite-se, então, como proposta de reflexão, a existência deste homem humano que é pessoa integral, composta pelas dimensões material e espiritual, que fisicamente está limitado, desde logo, pela própria natureza que o envolve, que não a vence em definitivo, que a aproveita conforme pode e que, destruindo-a por um lado, também por ela vai sendo destruído.
Reconhece-se, portanto, a existência deste lado fraco, efêmero e mortal do homem. Congregue-se e valorize-se a dimensão espiritual do homem, na sua vida quotidiana, utilizando-se a fé que pela via espiritual o liga a Deus, de Quem recebe todo o conforto, entusiasmo e vontade para O imitar e prosseguir na caminhada pelo infinito, pelo perpétuo, até encontrar Aquele que o compreende e colabora com toda a natureza: «Longe, portanto, de nos apartarmos do que a fé nos ensina, propomos uma doutrina mais bela, mais grandiosa, mais lógica e racional, que nos dá, por outra parte, uma ideia mais exata dos atributos de Deus, sobretudo da sua bondade infinita e da sua omnipotência soberana» (BUJDANDA, 1956:191).
A humanidade alcançará a Paz e a Felicidade pela fé, pelas boas práticas religiosas, no diálogo inter-religiões, no respeito pelo Deus universal, através das divindades invocadas por cada povo, por cada cultura, por cada pessoa humana.




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