Considerações sobre o bem e o mal

Por Leda de Almeida Rezende Ebner
A distinção entre bem e mal está, exatamente, nas suas conseqüências boas ou más, próximas ou futuras.
Há tempos, assistindo um filme, pela televisão, junto com um neto de sete anos, comentei sobre uma cena na qual o "mocinho" fazia as mesmas atrocidades que os "bandidos", ouvindo então, a seguinte observação: "— Vó, mas ele é do bem! "Bem e Mal usando das mesmas armas, dos mesmos meios, embora com objetivos diferentes.
Desde então, tenho observado, tanto no individual como no coletivo, essa mesma visão, como se tudo fosse uma guerra, onde tudo se permite, uma vez que o objetivo é ganhar, é vencer, é conquistar. Cada lado justificando suas ações, suas intenções.
Nos diversos relacionamentos sociais, profissionais e até familiares, essa visão de que o bem está comigo, com meu grupo, com meu país, e que o mal está com os outros, é não saber diferenciar o que é mal do que é o bem.
Esses são distinguidos pelos interesses que defendem e não pelo que é certo ou errado.
Evidentemente, que no estágio de evolução moral da humanidade, ainda muito inferior, muito egoísta, analisar com objetividade, procurando ver o lado do outro , não é um comportamento fácil.
Consideremos, ainda, que na Terra, o bem e o mal estão muito associados dentro e fora do homem, não havendo nada, nem ninguém, totalmente bom ou totalmente mau. Todavia, se queremos viver em uma sociedade mais justa e mais prazerosa, precisamos, cada um de nós, enxergar o bem e o mal onde eles se encontrem, em nós, nos outros, em nosso país, nas outras nações…
"A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem, quando tudo faz pelo bem de todos, porque então, cumpre a lei de Deus", "(…) é a única necessária à felicidade do homem; ela lhe indica o que ele deve fazer ou não fazer e ele só se torna infeliz porque dele se afasta."1
Essa conceituação baseia-se nos ensinos de Jesus. A moral cristã, quando for bem entendida, não importando o rótulo filosófico ou religioso que a inspire, é a que indica o caminho da solidariedade, da fraternidade, da razão, no respeito aos outros e a si mesmo, para chegar-se à paz e à felicidade.
Do bem só podem resultar conseqüências boas. Fazer-se, pois, só o que possa originar o bem, ainda que no momento exija sacrifícios e renúncias, deve ser a meta de quem deseja seguir o Mestre Jesus.
Muitas vezes, o bem é interpretado, no momento, como um mal, por exemplo: um não a um filho, que pede algo que lhe possa ser prejudicial. É um bem interpretado como um mal, no momento. O contrário também é verdadeiro. Um prazer que parece ótimo, pode trazer conseqüências bastante desastrosas, quando não dolorosas.
Assim, os desejos, as aspirações e as ações devem ser avaliadas, segundo suas conseqüências, próximas ou remotas, lembrando que o bem traz sempre benefícios e o mal, sempre dor e sofrimento.
Saber prever as conseqüências dos desejos e das ações é prova de maturidade espiritual. Quando se está mais atento à vontade de só fazer o bem, fica mais fácil perceber quando o que se está sentindo, pensando ou fazendo é bem ou mal, na sensação agradável ou desagradável que sente; aquela é produzida pelo bem, enquanto a outra é efeito do mal, servindo, pois, de alerta ao seu provocador.
É a voz da consciência – Deus em nós - manifestando-se até através de sensações físicas, alertando-nos sobre o nosso proceder.
--------- 1- Kardec Allan: O Livro dos Espíritos, questões: 629 e 614. Fonte: Jornal Verdade e Luz - Agosto de 2004

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