Trabalhadores voluntários

Por Valter P. Viana

“Para resolvermos nossos problemas sociais, é necessário o envolvimento individual de cada um. Empresas podem doar recursos, o Estado pode recolher impostos, mas é o indivíduo em última instância que faz a diferença” (1) 
Stephen Kanitz

Salientamos inicialmente, que estamos muitíssimos longe de sermos bons e se já melhoramos um pouco (?) é graças à misericórdia do Pai e a esperança que Jesus deposita em nós com ser humano. Nestas linhas não pretendemos, em momento algum, tecermos julgamentos, até porque o Mestre nos mandou que atirássemos a primeira pedra... (2) o nosso objetivo é tão somente enaltecer os anônimos trabalhadores do bem.

Em Tiago (3), lemos: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano. E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”

Ao analisarmos a citação: “mostrarei a minha fé pelas minhas obras”, é de nosso entendimento que a fé tem que ser operante, ou seja, quem tem fé deve mostrá-la com as obras que realiza, qualquer que seja.

Que adianta termos fé se o irmão ao nosso lado passa por dificuldades e nós “cheios” de fé, em condições de fazermos um mínimo, permanecemos na inércia, a espera que o outro faça ou que um “milagre” ocorra?

O Espiritismo se retraiu na França e nos Estados Unidos onde foi nascente, porém em nossa pátria a expansão foi tamanha que o Brasil tornou-se o maior país Espírita e isto muito se deve, entre diversos fatores, ao trabalho desenvolvido na área social pelas inúmeras Instituições Espíritas.

Estas tarefas sempre repercutiram muito positivamente na sociedade, permitindo desta forma a penetração dos postulados Espíritas nos mais diversos setores da coletividade, fazendo com que um maior número de pessoas se interessassem pela Doutrina e adentrassem à Casa Espírita em busca de consolo para suas dores e/ou esclarecimentos para suas dúvidas, obtendo a Terceira Revelação mais adeptos, colaboradores e divulgadores.

É muito importante lembrar que os serviços desenvolvidos pelas Instituições Espíritas são levados a efeito por pessoas que dedicam parte de seu período de descanso - muitas vezes pequeno - na execução do trabalho voluntário e, por vezes, este labor se transforma em um ideal de vida, uma vez que nos oferece, entre outros fatores, a ocasião de sermos solidários com nosso irmão de caminhada. Outra oportunidade propiciada é a de colocarmos em prática alguns dos valores já adquiridos por nós ao longo das existências ou incorporados mais recentemente através do estudo da Doutrina Espírita ou da convivência com irmãos mais espiritualizados, pois ao nos dispormos, vinculados ou não a uma instituição, a amenizar as dores do próximo estamos fazendo com que o nosso semelhante seja mais feliz e a vida daqueles que estão muitas vezes na penúria seja mais altiva e digna.

O exemplo acima foi apenas uma referência, haja vista que a Caridade pode se manifestar de inúmeras formas. O importante é estamos colaborando, dentro de nossas possibilidades, na transformação do nosso orbe em um mundo melhor, onde o amor ao próximo não será apenas uma bela citação, mas uma legenda efetivamente vivenciada pela maioria, pois não poderemos ser plenamente felizes com a infelicidade existindo de forma tão incisiva ao nosso redor.

No livro “Infinitas moradas” (4) Odilon Fernandes em sua fala diz: “... O Bem continua prosperando, e milhares de espíritos, fiéis ao Senhor, trabalham diuturnamente nos alicerces da paz...”.

É imprescindível, portanto, sempre enaltecermos os anônimos trabalhadores voluntários da seara do Mestre, pois segundo Kardec o princípio que resume os ensinamentos de Jesus é um só: Caridade, o que fez surgir a máxima: "Fora da Caridade não há salvação” (5).

Desejo, por fim, relembrar de que Jesus também nos alertou de que o Seu reino não era deste mundo (6) e que não seria na terra que receberíamos as recompensas das boas obras (7).

VOLUNTÁRIOS, bom trabalho, hoje e sempre

Bibliografia: 
1 - Suplemento Guia da Cidadania, pág. 74 Editora Abril, 2001 www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2153.html 2 - Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Livro III, Cap. XII, pergunta 918 - pág. 496 Editora FEB - 1ª Edição comemorativa do sesquicentenário, 11/2006 3 - Novo Testamento, Tiago, Cap. 2, versículos 14 a 18 4 - Baccelli, Carlos A. / Inácio Ferreira (espírito) - Infinitas Moradas - Cap. 22 - pág. 165 Editora LEEPP - 6ª Edição, junho/2005 5 - Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo de Estudo - Cap. XV - Item 5 - pág. 356 Editora Casa do Pão Editora - 2ª edição, 2006 6 - Novo Testamento, São João, Cap. 18, versículos 33, 36 e 37 7 - Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo de Estudo - Cap. II - pág. 79 a 84 Editora Casa do Pão Editora - 2ª edição, 2006

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