A questão 804 de O Livro dos
Espíritos diz, claramente: “Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que
cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite
do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais.” A isto damos o nome
de alteridade, considerando-a como sendo aquilo que torna o outro diferente,
que o distingue dos demais, que marca a sua personalidade, aquilo que é
“outro”. É com essa diferença que temos, pois dificuldade em conviver. Manter a
fraternidade e não a indiferença – negação da diferença – que nada mais é que
um bloqueio (inconsciente ou não) àquilo que é diferente, aquilo que não é o
“eu”, encontra em nós uma barreia de difícil transposição. O outro nos incomoda
porque é espelho. Assim, não havendo vontade ou mesmo possibilidade entre
aptidões ou entendimento, adotamos a exclusão como solução para as dificuldades
de relacionamento. Lamentavelmente isso acontece também no meio espírita.
Ermance Dufaux, no livro Mereça ser Feliz, Superando as ilusões do orgulho,
Editora Inede, pg 99, nos alerta: “O trato humano com a diferença, da qual o
outro é portador, tem sido motivo de variados graus de conflitos e
adversidades. Inclusive entre os seareiros da causa espírita observa-se o
desafio que constitui estabelecer uma relação harmoniosa e fraterna, quando se
trata de alguém que não pensa igual ou foge aos convencionais padrões de ação e
pensamento, perante as tarefas promovidas nos círculos doutrinários.” O convite
ético do Espiritismo, além de ser um consolo, é também um abalo nas nossas
convicções, pois se ainda não respeitamos totalmente a diferença do outro, já
iniciamos, dentro de nós, ainda que de forma lenta, a morte da indiferença. O
outro, com suas singularidades, transforma-se em nossos caminhar evolutivo, em
elemento de crescimento e não e não de obstáculo. Aprendemos com o outro a nos
descobrir, se realmente tivermos vontade para isso. É, meus amigos... o
Semeador continua semeando...
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