Por: Meimei
Psicografia:
Francisco Cândido Xavier
Passaste por
mim com simpatia, mas quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio
porque vagueio na rua.
Talvez por isto estugaste o passo e, embora te
quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.
É possível tenhas suposto que desisti do trabalho,
no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina a oficina... Muitos disseram
que ultrapassei a idade para ganhar dignamente meu pão, como se a madureza do
corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha
melhor roupa para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados,
acreditando-me vagabundo sem profissão.
Não sei se notaste quando o guarda me arrancou a
contemplação da vitrine, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar
malfeitor... Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a ideia de furto;
apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com
fome, quando retorno à casa.
Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos,
imaginando-me embriagado, porque eu tremesse, encostado ao poste; afastaram-se
todas, com manifesto desprezo, contudo, não tive coragem de explicar-lhes que
não tomo qualquer alimento, há três dias...
A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar
apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de
tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim
de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isto basta que te
aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio,
que ainda sou teu irmão.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário