Por: Claudia Schmidt
Muitos espíritas imaginam que será tranquilo o seu retorno ao Mundo Espiritual, tendo em vista que conhecem a realidade do “outro lado”, pois o Espiritismo esclarece, em inúmeras obras, como se processa o desencarne e como é o Mundo dos Espíritos. Esse conhecimento, porém, não altera a realidade de cada Espírito ao desencarnar, que independe de sua sabedoria ou de seu credo, sendo, porém, determinado por seus pensamentos e atitudes na seara do bem, como elucida Manoel Philomeno de Miranda, em sua obra Tormentos da Obsessão, através da mediunidade de Divaldo Franco 1:
“Não são poucas as pessoas que (...) acreditam que o fato de alguém
esposar as lições que defluem das páginas luminosas da Codificação, e das Obras
que lhe são subsidiárias, de imediato o torna um ser renovado e imbatível. Isso
deveria ocorrer, sem dúvida, no entanto, em razão das heranças ancestrais
negativas e das múltiplas vinculações com o vício, cujos resíduos permanecem
por longo período impregnando o perispírito, nem sempre o candidato à
edificação de si mesmo consegue o objetivo a que se propõe. Para que isso
aconteça, torna-se imprescindível todo o empenho e sacrifício pessoal,
renunciando às fortes tendências perturbadoras, a fim de realizar a
transformação moral imprescindível à felicidade.
(...) Sucede, no entanto, que o conhecimento apenas não basta para
oferecer resistência a pessoa alguma ante as inclinações para o mal e a
desordem interior. Após consegui-lo, faz-se imprescindível vivenciá-lo, passo a
passo, momento a momento, mantendo a vigilância e coerência na conduta, a fim
de não se comprometer negativamente, desviando-se do caminho da retidão”.
Esclarece, ainda, o autor espiritual 2:
“O processo de evolução – continuou espontaneamente a enunciar – é
lento, porque aqueles que nele estamos envolvidos optamos pelo imediato, que
são as ilusões que afastam aparentemente as responsabilidades e as lutas,
intoxicando-nos os centros do discernimento e entorpecendo-nos a razão. Luz,
porém, em toda parte, o amor de Nosso Pai convidando à renovação e ao trabalho,
à conquista de si mesmo como passo inicial para a aquisição da alegria, da paz
e da felicidade de viver”.
A Doutrina Espírita, se bem
compreendida e vivenciada em seus princípios de amor e caridade, é roteiro
certo para a evolução espiritual. Assim, o espírita, que estuda e compreende o
Mundo Espiritual, e que está ciente de que prestará contas inclusive “do bem
que deixou de realizar”, tem o compromisso do autoconhecimento e da
autossuperação de suas mazelas morais, pois sabe que responderá perante sua
própria consciência acerca do que fez em sua última reencarnação, mais cedo ou
mais tarde. Vale lembrar que cada um é responsável por sua reforma íntima e é
sempre boa ideia evitar surpresas desagradáveis no momento e após o desencarne.
Referências:
1 e 2 FRANCO, Divaldo. Tormentos da Obsessão. Pelo Espírito
Manoel Philomeno de Miranda. Livraria Espírita Alvorada Editora. 3ª ed.
Salvador, BA. 2001, pp. 131- 132 e 128.
Um comentário:
Perfeito texto e muito esclarecedor, é muito importante levar o conhecimento sério e baseado nos estudos da Doutrina Espírita.
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