Por: Emmanuel
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Meus amigos, muita paz.
Nunca é demais salientar a missão
evangélica do Brasil, na sementeira do espiritualismo moderno.
Em outros setores da evolução
planetária, eleva-se a inteligência aos cumes da prosperidade material,
determinando realizações científicas e perquirições filosóficas de vasto
alcance, comprometendo, porém, a obra do sentimento santificante.
Em esferas outras, assinalamos a
investigação de segredos cósmicos, na qual se transforma o homem no gênio
destruidor da própria grandeza, alinhando canhões na retaguarda de compêndios
valiosos e de comovedoras teorias salvacionistas, em todos os ângulos da
política e da economia dirigidas.
No Brasil, contudo, ergue-se
espiritualmente o ciclópico e sublime santuário do Cristianismo Redivivo.
Aqui a Doutrina Consoladora dos
Espíritos perde as exterioridades fenomênicas para que o homem desperte à luz
da Vida Eterna.
Aqui, o Evangelho em movimento
extingue a curiosidade ociosa e destrutiva que se erige em monstro devorador do
tempo, descortinando o campo de serviço pela fraternidade humana, sob o
patrocínio do Divino Mestre.
É por isto que ao espiritista
brasileiro muito se pede, esperando-lhe a decisiva atuação no trabalho
restaurador do mundo, porquanto na pátria abençoada do Cruzeiro a amplitude da
terra se alia à sublimidade da revelação.
É necessário que em seus dadivosos
celeiros de pão e amor se modifiquem as atitudes do crente renovado em Nosso
Senhor Jesus, a fim de que o pensamento das Esferas Superiores se expanda livre
e puro, nos círculos da inteligência encarnada, concretizando a celeste
mensagem de que os novos discípulos são naturalmente portadores.
Não basta, portanto, apreender o
contingente de consolações do edifício doutrinário ou receber a hóstia do
conforto pessoal no templo sagrado que o Espiritismo Evangélico representa para
quantos lhe batam às portas acolhedoras.
É imprescindível consagrar nossas
melhores energias à extensão da fé vivificante que nos refunde e aperfeiçoa, à
frente do futuro.
Semelhante edificação, todavia, não
se expressará senão por intermédio de nosso próprio devotamento à causa da
libertação humana, transformando-nos pelo esforço e pelo estudo, pelo trabalho
e pela iluminação íntima, em hífens de amor cristão, habilitados à posição de
instrumentos do Plano Superior.
O Espiritismo brasileiro congrega
extensa caravana de servidores da renovação cultural e sentimental do mundo e
complexas responsabilidades lhe revestem a ação com o Cristo.
Estendamos, assim, o serviço
evangélico na intimidade da filosofia espiritualista, insculpindo em mós, antes
de tudo, os princípios da doutrina viva e redentora de que nos constituímos pregoeiros.
Não cristalizemos, sobretudo, a
tarefa que nos cabe à frente das exigências da Terra, refugiando-nos na
expectativa inoperante, porque a ruína das religiões sectaristas provém da
ociosidade mental em que se mergulham os aprendizes, aguardando favores
milagrosos e gratuitos do Céu, com prejuízo flagrante da religião do dever bem
cumprido na solidariedade humana, da qual depende a execução de qualquer
sistema salvacionista das criaturas.
Acordemos, desse modo, as nossas
forças profundas, colaborando no nível real de nossas possibilidades dentro da
tarefa que nos cabe realizar, individualmente, no imenso concerto de
regeneração da vida coletiva.
Enquanto houver um gemido na paisagem
em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós
mesmos.
Companheiros existem suspirando por
um paraíso fácil, em que sejam asilados sem obrigações, à maneira de
trabalhadores preguiçosos e exigentes que centralizam a mente nas noções do
direito sem qualquer preocupação quanto aos imperativos do dever.
Esses, em geral, são aqueles que
cuidam de conservar alva rotulagem, na planície das convenções terrenas, muita
vez à custa do sofrimento e da dilaceração de almas inúmeras que lhes servem de
degraus, na escalada às vantagens de ordem material e perecível, para
despertarem, depois, infortunados e desiludidos, nos braços da realidade
amargurosa que a morte descerra, invariável.
Nós outros, no entanto, não ignoramos
que a Nova Revelação nos infunde energias renovadas ao coração e à consciência,
com os impositivos de trabalho e responsabilidade no ministério árduo do
aperfeiçoamento e sabemos, agora, que o homem é o decretador de suas próprias
dores e dispensador das bênçãos que o cercam, de vez que a Lei de Justiça e
Equilíbrio expressa em cada um de nós o resultado de nossa sementeira através
do tempo.
É indispensável a nossa conversão
substancial e efetiva ao Espírito do Senhor, materializando-lhe os ensinos e
acatando-lhe os desígnios, onde estivermos, para que, na condição de servidores
de um país extremamente favorecido, possamos conduzir o estandarte da
reabilitação espiritual do mundo que se perde, rico de glórias perecíveis e
mendigo de luz e de amor.
Esperando que a paz do Mestre
permaneça impressa em nossas vidas, que devem traduzir mensagens cristalinas e
edificantes de seu Evangelho Salvador, terminamos, invocando-vos a cooperação
em favor do mundo melhor.
— Entrelacemos corações em torno da
Boa Nova que nos deve presidir às experiências na atividade comum! Enquanto os
discípulos distraídos se digladiam, desprezando, insensatos, a bênção das
horas, ouçamos a voz do Senhor que nos compele à disciplina no serviço do bem,
revelando-se, glorioso e dominante, em seus sacrifícios da cruz, aprendendo,
finalmente, em companhia d’Ele que só o Amor é bastante forte para defender a
vida, que só o Perdão vence o ódio, que somente a Fé renasce de todas as cinzas
das ilusões mortas e que somente o Sacrifício Individual, em Seu Nome, é o
caminho da ressurreição a que fomos chamados.
Unamo-nos, desse modo, não apenas em
necessidades e dores para rogar o sustento e o socorro da Misericórdia Divina,
mas estejamos integrados na fraternidade legítima, a fim de que não estejamos
recebendo em vão as graças do Céu, convertendo nossas vidas em abençoadas colunas
do templo Espiritual de Jesus na Terra, portadores devotados de sua paz, de sua
luz, de sua confiança e de seu amor.
Realizem outros as longas incursões
do raciocínio, através da investigação intelectual, respeitável e digna, no
enriquecimento do cérebro do mundo. E aproveitando-lhes o esforço laborioso, no
que possuem de venerável e santo, não nos esqueçamos do Evangelho vivo, em ação.
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